Cotidiano

Prefeituras do interior pedem socorro para amenizar prejuízos com estiagem

Enquanto Defesa Civil ainda faz levantamento para subsidiar decreto de emergência, municípios estão em situação crítica.

A forte estiagem afeta principalmente os municípios do interior do Estado, que não têm estrutura para buscar alternativas para amenizar os impactos da seca e dos incêndios. A Defesa Civil de Roraima entregou, na segunda-feira, um parecer técnico à governadora Suely Campos (PP) apontando a necessidade de decreto de emergência nos municípios de Cantá, Mucajaí, Bonfim, Normandia e Caracaraí. O resultado do parecer ainda não foi divulgado.
Enquanto isso, os municípios fazem o que podem para superar os problemas causados pela falta de chuva. Em Bonfim, Leste do Estado, na fronteira com a Guiana, o assessor de gabinete da Prefeitura, Rhomer Lima, afirmou que a estiagem atinge de forma grave o município. “O inverno passado não encheu os mananciais de água para o gado e hoje as propriedades estão sem água para os animais. Quem trabalha com irrigação também tem sofrido muito, pois secaram todos os reservatórios”, relatou.
Ele explicou que é muito comum, nesta época, que muitas pessoas façam queimadas em suas propriedades, geralmente rurais, mesmo quando não há estrutura e autorização. A queima é usada para limpar o solo para o plantio quando as primeiras chuvas do inverno caírem ou, ainda, para renovar o pasto natural para o gado. 
“A situação é crítica. Os criadores têm tirado o gado de um lado para outro. Outros tentam por conta própria, de forma paliativa, cavar cacimbas”, disse o assessor de Bonfim. A Defesa Civil do Estado se propôs a fazer isso, mas, até o momento, por questões de prioridade, a ajuda não se concretizou, conforme Rhomer Lima. “Creio que há mais uns 40 dias de estiagem e a situação tende a se agravar”.
O prefeito de Normandia, Jairo Araújo, também a Leste do Estado, na fronteira com a Guiana, explicou que o município está inserido naqueles que mais são atingidos pela estiagem. “Já despachei ofício à governadora do Estado. Ela nos atendeu, encaminhando a Defesa Civil para estar junto à equipe da prefeitura”, disse. Por meio de visitas à região, foi feito um apanhado para que o município fosse inserido em uma parceria com o governo estadual.
“Eles estiveram no município na semana passada visitando algumas comunidades indígenas. Devem voltar hoje [ontem] para continuar essa visita, fazendo os relatórios, levantamento fotográfico e as coordenadas geográficas que são exigidas nestas situações”, relatou o prefeito falando das exigências para se decretaria calamidade ou emergência.
A situação é semelhante na região Centro-Sul do Estado. Em Caracaraí, a estiagem também preocupa as autoridades. Segundo o prefeito Enildo Júnior, não há água para os animais beberem e existem muitos focos de incêndio. “Estamos decretando estado de emergência para ver se o Estado pode locar suas máquinas na construção de bebedouros. Também já vieram aqui e estão fazendo os levantamentos através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, afirmou.
Enildo afirmou que a prefeitura agora está aguardando o posicionamento do Estado. “Apesar da dificuldade, adiantamos cerca de 60 bebedouros para os rebanhos na região com as máquinas da prefeitura”, disse. A retroescavadeira, recebida ano passado pelo município, é oriunda do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recebida no ano passado do Governo Federal. “Esse verão, pelo andar da carruagem, vai até comecinho de maio. Então, precisamos nos adiantar e evitar danos maiores no setor produtivo”.
ESTADO – A Secretaria de Comunicação do Governo do Estado emitiu nota afirmando que tão logo tenham sido concluídos os relatórios que devem ser feitos por cada município, será feita a divulgação dos encaminhamentos realizados. (JPP)