Cotidiano

Prejuízos e transtornos em obra inacabada

Moradores dos Conjuntos Nova Esperança e Cruviana reclamam que água invade casas e lama impede que consumidor chegue ao comércio

Uma obra inacabada de drenagem e esgoto na Avenida Ataíde Teive, entre os conjuntos habitacionais Nova Esperança e Cruviana, zona Oeste da capital, se arrasta há três anos. A Prefeitura de Boa Vista adotou uma medida paliativa na semana passada, mas moradores afirmam que as chuvas vieram e os alagamentos não foram solucionados.

As falhas na execução da obra são atribuídas à Prefeitura e à Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), uma por não fazer a drenagem como deveria e a outra por competência pelo esgoto nos bairros da cidade. O término da obra é cobrado pelos que utilizam a Ataíde Teive como principal via de acesso.

De acordo com a empresária Scarllethy Mickaelly, os prejuízos vão desde materiais a financeiros. “Eu tenho a panificadora, aqui no bairro, e quando chove a água fica empossada. Ninguém se aproxima para comprar pão, principalmente porque ao redor fica alagado. As pessoas não vão caminhar pela lama, por isso tenho prejuízos financeiros. Quem vai pagar os fornecedores com quem tenho um contrato semanal se não consigo vender? Por conta das chuvas e das inundações, minha casa foi invadida pela água, causando curto-circuito e queimou o forro, além de aparelhos e móveis que encharcaram com a água. Foi desesperador”, comentou.

A Folha foi ao local de execução da obra e constatou que os dutos de drenagem não solucionaram o problema. “Não adiantou nada porque choveu esses dias e a água não escoou. Significa que a obra foi muito mal feita. A gente não quer que mascare as coisas, o que queremos é uma solução imediata para resolver nossos problemas”, disse a empresária Mickaelly.

Outro morador comentou que viu a obra sendo feita e que tinha certeza que seria provisória. “Ninguém faz uma drenagem tão rápido assim. Eles cavaram uma vala de um lado a outro da Ataíde Teive e colocaram as manilhas, cobriram com barro e uma camada de asfalto. Eu já sabia que não daria certo. Fizeram tudo em dois dias”, frisou Márcio Sousa.

“Nós pedimos que as autoridades tomem providências. Isso não pode ficar assim. A rede elétrica da panificadora é subterrânea, imagina se porventura acontecesse uma pane elétrica. A água é condutora de energia e todo mundo seria electrocutado”, frisou a empresária Scarllethy Mickaelly.

PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista informou que foi feito um serviço paliativo no local e que está em licitação o processo que contemplará obras de drenagem e asfaltamento do conjunto Nova Esperança para sanar em definitivo os problemas de alagamento.

GOVERNO – Em resposta aos moradores sobre o que seria de responsabilidade da Caer, o governo explicou que a empresa e Secretaria de Infraestrutura (Seinf) estão realizando obras de ampliação da rede de esgotamento sanitário de Boa Vista. 

O investimento da obra é de R$ 74.926.537,06, visando revitalizar toda a rede de esgoto na Capital, com a construção de estações de tratamento e novas elevatórias, além de aumentar o número de linhas de recalque e interceptoras, principalmente nos bairros da zona Oeste.

O governo afirmou que 43% da população de Boa Vista têm rede de esgoto sanitário, o que representa 30.629 domicílios. Após a conclusão de todas as etapas da obra, 64,74% da população boavistense terá rede de esgoto. (J.B)