AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Até está quinta‐feira (12), uma comissão da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), formada pela equipe da presidência da instituição, estará visitando Roraima para conhecer as ações realizadas pela igreja católica em relação ao fluxo migratório venezuelano, que vem ocorrendo no Estado desde 2015.
Entre o intervalo da agenda, a equipe da Folha conversou com o presidente da CNBB, o arcebispo de Belo Horizonte dom Walmor Oliveira de Azevedo, sobre algumas temáticas no contexto da Amazônia, e um desses pontos conversados foi em relação à exploração mineral em terras indígenas e o entrave do Linhão do Tucuruí, que passa dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari.
Sobre esses assuntos, o arcebispo destacou que foi criada a Comissão Especial sobre Mineração e Ecologia Integral, formada por membros da igreja católica e especialistas, que abre a possibilidade de diálogo sobre o assunto com quem desenvolve as leis.
“Realizamos essa conversa de modo que nós cheguemos a legislações e posturas que respeitem a causa comum. Por isso mesmo, nos colocamos na contramão de projetos de mineração nas Terras Indígenas, porque ofende aos povos originários, sua cultura e ao meio ambiente. É uma discussão complexa e essa é a nossa posição. É preciso respeitar, pois temos questões técnicas e científicas, porém tem também questões de interesse político na contramão do bem e daqueles que são minoria”, frisou Azevedo.
Arcebispo quer maior participação de autoridades na crise migratória
A equipe da CNBB e da Cáritas Brasil em atividade com imigrantes venezuelanos (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
O convite para a visita da presidência da CNBB a Roraima partiu do bispo de Roraima, dom Mário Antônio da Silva, e de dom Fernando José Monteiro Guimarães, arcebispo ordinário Militar do Brasil, buscando um conhecimento mais aprofundado dos impactos da imigração venezuelana em Roraima.
O presidente da CNBB relatou que tem recebido informações acerca desse fenômeno por meio da mídia e da imprensa, por isso a decisão dessa viagem, buscando sentir a força desse fluxo migratório.
“Esse quadro de imigrações nos desafia profundamente e é necessário darmos uma resposta de solidariedade, junto a outras autoridades, num contexto de sociedade brasileira que possui problemas graves. Estamos aqui para compreender melhor, nos deixar impactar e sentir na pele cada cidadão e cidadã de Roraima e do Brasil, de modo que possamos trabalhar mais junto, que é o nosso grande propósito”, afirmou o presidente.
Considerando isso, o arcebispo convida outros setores da sociedade, como os poderes executivo, legislativo e judiciário, a estarem mais comprometidos na atuação dessa crise humanitária. “Por ser uma crise humanitária, ela é dever de todos nós”, finalizou o arcebispo.