O presidente da Fecomércio em Roraima, Ademir dos Santos, disse ao Agenda da Semana desse domingo (24) acreditar que o crescimento da exportação de produtos do estado para a Venezuela se trata de uma “bolha econômica”, e que isso pode não se sustentar por muito tempo, se o país vizinho resolver a grave crise política e econômica, que culminou em prejuízos financeiros e na vinda de milhares de venezuelanos para o Brasil.
Atualmente, venezuelanos vem a Roraima realizar compras, devido à crise no país vizinho. Há cinco anos, no entanto, o processo era inverso: os brasileiros iam comprar em Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana que faz fronteira com o Brasil.
“As exportações pra Venezuela têm crescido de dez pra 1 mil. São 120 carretas por dia indo pra Venezuela, com produtos alimentícios, primordialmente. Essa bolha que se criou da necessidade da Venezuela por tudo, um país riquíssimo e que passa pela situação econômica hoje, pra nós tem feito muita gente ganhar dinheiro, o comércio aumentou muito com a Venezuela”, pontuou.
“As empresas que fazem esse comércio, na hora que essa bolha esvaziar, com certeza, vai diminuir muito a mão de obra. Isso causa um transtorno numa economia, que é o desemprego”, completou.
Por outro lado, ele acredita que uma das soluções seria o Brasil exportar para outros países do mundo, pela Guiana, com o crescimento do agronegócio, principalmente em Roraima. No entanto, o país ainda precisa derrubar barreiras, como as dificuldades de transporte, que poderiam ser sanadas, por exemplo, com o asfaltamento da estrada que liga Roraima a Linden, no país guianense. “Hoje, você vende pra Guiana, quando chega em Lethem, você tem um custo de transbordar essa mercadoria pra um outro caminho de lá, porque você não tem um acordo de transporte pra mercadoria chegar até o destino. Isso onera muito”, avaliou.
Ademir dos Santos reforçou ainda a preocupação de empresários locais com a questão energética, e endossou a importância da construção do Linhão de Tucuruí, que vai interligar Roraima ao Sistema Interligado Nacional. Na opinião dele, isso ainda não ocorreu por falta de “boa vontade política”.
Presidente da Fecomércio elenca avanços para o comércio com a ALC
O presidente da Fecomércio disse que a criação da Área de Livre Comércio (ALC) em Boa Vista, em 2008, trouxe avanços econômicos para o comércio local e que apesar disso, Roraima não deixou de arrecadar impostos. Ele disse que a arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de R$ 50 milhões, subiu para os atuais R$ 400 milhões.
“Não tirou-se nenhum centavo de imposto do estado de Roraima, pelo contrário, com o implemento do comércio (ALC), tirava quando você saía daqui pra fazer compras em Manaus, Santa Elena (Venezuela) ou em Lethem (Guiana). Com o implemento do comércio, quadruplicou a arrecadação de ICMS”, pontuou.
Convidado do programa para falar dos 30 anos de atuação da Fecomércio em Roraima, Ademir dos Santos enumerou os avanços do sistema desde a criação, em 1991, como a geração de empregos e os 220 mil alunos formados pelo Senac (Serviço Nacional do Comércio). O prédio da instituição, localizado na Avenida Major Williams, inclusive, será reformado, segundo ele.