Cotidiano

Previsão é que vacinas não serão suficientes para atender demanda

Campanha de vacinação contra a doença foi antecipada e deverá ser iniciada na próxima semana, no dia 18 de abril

O Ministério da Saúde (MS) decidiu antecipar o início da campanha de vacinação contra a gripe em diversos estados brasileiros, incluindo Roraima. Em Boa Vista e nos municípios do interior, a campanha foi antecipada para o dia 18 de abril e tem a previsão de encerramento para o dia 20 de maio.

Para promover essa antecipação, o Governo do Estado já recebeu do Ministério da Saúde mais de 175 mil doses da vacina contra os vírus H1N1, também conhecido como gripe suína, H3N2 e Influenza B, porém, especialistas afirmam que esse número não será o suficiente para atender à demanda estadual.

De acordo com Ana Lúcia Lopes Albuquerque, sócia-proprietária da Clínica da Criança Menino Jesus, localizada na avenida Mário Homem de Melo, no bairro Mecejana, e responsável pelo procedimento no Estado, a demanda não será suficiente para atender à população.

Segundo ela, em sua clínica, o número de aplicações de vacinas executadas até o início de abril de 2016 é equivalente à vacinação efetuada em todo o ano de 2015. “Nós já fizemos, em média, de 500 vacinas até agora, e nos anos anteriores a gente fazia 300 vacinas”, informou Ana Lúcia. “O número de vacinas que a gente trabalhava nos anos anteriores, durante a campanha que normalmente se iniciava no fim de abril até dezembro, já foi todo usado esse ano. Em questão de oito dias, saiu toda a vacina que deveria sair em um ano”, informou.

A proprietária da clínica acredita que a demanda aumentou em razão de surtos de casos da H1N1 em outros estados brasileiros, como em São Paulo. Por lá, já foram apontadas mais de 200 pessoas infectadas com o vírus e registrados 17 mortes relacionadas ao H1N1, somente em 2016. Com esses dados, Ana Lúcia acredita que a população tenha se alarmado e procurado estar livre da doença

Com a alta demanda, Ana Lúcia garante que há dificuldades até para encontrar a vacina no mercado. “Nós estamos com uma lista enorme de pessoas procurando, principalmente aquelas que vão viajar e não estamos achando mais a vacina para comprar em razão de os laboratórios trabalharem dentro da estimativa do ano anterior. Como eu também fui comprar dentro da estimativa de vacinas do ano passado, não foi suficiente”, explicou.

Segundo ela, um próximo lote está previsto para chegar amanhã, 12, mas com o número de pessoas agendadas na lista de espera, a previsão é que as cerca de 150 doses se encerrem em menos de dois dias. “Principalmente também porque as vacinações são feitas em grupo de pessoas, normalmente atendemos uma família inteira, das crianças até os idosos”, comentou.

VACINAS – Na Clínica da Criança Menino Jesus são aplicadas duas vacinas. Uma é a trivalente, que combate os dois subtipos da Influenza A, a H1N1 e a H3N2, e a Influenza B, do subtipo Brisbane. No local, também é administrada a vacina quadrivalente, que protege além dos outros três tipos de gripe já citados, outra divisão da Influenza B, denominada subtipo Phuket. A vacina quadrivalente sai por R$ 100 por pessoa e a vacina trivalente a R$ 80.

A proprietária da clínica esclareceu ainda que mesmo com o aumento do preço cobrado pela vacina atualmente, que sofreu um aumento em razão da alta demanda, a unidade preferiu não atualizar os valores para os pacientes.

Segundo ela, em Manaus, no Amazonas, as mesmas vacinas aplicadas giram em torno de R$ 150. Em São Paulo, hospitais e laboratórios foram inclusive alvo de notificação do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) pela taxa abusiva de preços das vacinas, por volta de R$ 120 até R$ 215.

PÚBLICO-ALVO – Conforme informações da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), o público alvo da campanha são crianças de seis meses a menores de cinco anos; gestantes e mulheres que passaram recentemente pelo processo de parto; trabalhadores da área de saúde; povos indígenas; idosos com 60 anos ou mais de idade; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas; reeducandos e funcionários do sistema prisional; pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, independe da idade.

No entanto, Ana Lúcia acredita que a população ainda precisa se conscientizar sobre as prioridades da vacinação. Conforme Ana, muitas pessoas com condições de custear uma vacinação na rede particular esperam pelas doses serem disponibilizadas gratuitamente na rede pública.

“A gente vê que muitas pessoas que estão aguardando para serem atendidas na rede pública nem são prioridade e terminam usando a vacina de alguém que realmente precisa”, reclamou. “Por isso nós alertamos, que no primeiro dia da campanha, no dia 18 de abril, que as pessoas procurem, porque o número de doses não será suficiente”, aconselhou. (P.C)