Usado pela primeira vez em uma eleição, o sistema de leitura biométrica apresentou falhas em várias seções eleitorais da Capital, fazendo aumentar o tempo de espera do eleitor para votar. Com o novo sistema, além da conferência convencional, os eleitores tiveram de passar pela nova forma de identificação, que, em alguns casos, levou mais de 15 minutos para ser concluída, muitas vezes sem sucesso.
O número máximo foi de oito tentativas para leitura das digitais, duas vezes em cada um dos dedos polegares e indicadores. Quando mesmo assim não houve sucesso, o presidente da seção eleitoral liberou a urna manualmente, mediante a apresentação de um documento oficial com foto para que o eleitor pudesse votar. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR), o eleitor que passar por tal situação não terá que se cadastrar novamente, embora alguns tenham recebido esta orientação de mesários.
Boa Vista tem 190.329 pessoas aptas a votar pelo sistema biométrico, o que equivalente a 63,54% do eleitorado do Estado. O mesmo problema também foi registrado por todo o País.
O TRE-RR informou que o problema não está relacionado à falha no leitor biométrico, e sim nas digitais de eleitores que, por diversos fatores, podem apresentar um desgaste que dificulta a leitura no momento da votação. Este problema, por sua vez, não tem relação com falhas apresentadas em urnas.
O aposentado José de Castro, 71, comentou que suas digitais não foram identificadas, por isso houve demora para que ele conseguisse concluir a votação. “Antes eu votava aqui tranquilamente e levava uns cinco minutos. Dessa vez, levei 20”, disse.
Com cada eleitor levando mais tempo para votar, as filas começaram a formar-se logo cedo, gerando insatisfação na maioria dos eleitores. Nas primeiras horas de votação, alguns eleitores aguardaram por mais de três horas na fila de sessões que até então eram tranquilas. “Nunca presenciei filas nessa seção em que voto. Dessa vez, estava enorme e eu esperei quase três horas para votar”, relatou.
Na Escola América Sarmento Ribeiro, no bairro Sílvio Botelho, zona Oeste, maior colégio eleitoral da Capital, muitos eleitores relataram longas filas e há quem afirme que desistiu de votar. A mesma situação foi relatada em locais de votação em diversos bairros, principalmente da zona Oeste.
SEM COLA – Outro problema que gerou atrasos foi a dificuldade que alguns eleitores tiveram na hora de votar. Muitos por não saberem os números de seus candidatos e outros por dificuldades em manusear a urna eletrônica.
O eleitor pode levar a “colinha” com os números dos candidatos que escolheu para facilitar na hora do voto, coisa que muitos não fizeram. Alguns mesários relataram situações em que os eleitores, principalmente idosos, demoraram até 20 minutos para conseguir votar. Alguns deles foram orientados a retornar posteriormente, uma vez que os mesários não podem dar orientações quanto aos números que devem ser digitados.
O eleitor até pode pedir ajuda aos mesários, mas somente quanto à maneira de votar. Os mesários são proibidos de orientar o eleitor quanto às teclas numéricas que devem ser digitadas, não podendo, em hipótese alguma, ficar ao lado do eleitor, para que seja preservado o sigilo do voto. Nestes casos, eles orientam que as pessoas com dificuldade sejam acompanhadas por alguém de confiança.
O eleitor com deficiência também pôde ter a ajuda de outra pessoa na hora de votar. Mesmo sem fazer o pedido para a Justiça Eleitoral, o cidadão com mobilidade reduzida e dificuldade para entrar sozinho na cabine de votação pode ser acompanhado por alguém de confiança. (Y.L)
Cotidiano