Privatização de UTIs do HGR pode custar R$ 75,2 milhões por ano

Processo restrito pela Sesau mostra que cinco empresas ou organizações foram consultadas para identificação do preço médio da medida

Prédio do Hospital Geral de Roraima, no Centro de Boa Vista (Foto: Secom-RR)
Prédio do Hospital Geral de Roraima, no Centro de Boa Vista (Foto: Secom-RR)

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) realizou a cotação de preços para privatizar 53 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR) e identificou que essa medida pode custar R$ 75.286.788,48 por ano. A informação foi obtida com exclusividade pela Folha.

Conforme o mapa de cotação de preços de 14 de dezembro de 2024, anexado a processo restrito pela Sesau, cinco empresas ou organizações foram consultadas: Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), de Jaguaruna (SC), Medsim Serviços Médicos Ltda., de Cuiabá, Instituto de Terapia Intensiva de Palmas Ltda., de Palmas, e Arcanjos Life Soluções em Emergências Médicas e Brigadas de Incêndio, de Brasília.

Ao final, a Sesau identificou valor médio de R$ 118.375,45 por leito e custo mensal de R$ 5.518.697,12. O custo médio mensal proposto pelo Ideas, de R$ 3.935.706,06, o menor da consulta, foi desconsiderado sob a alegação de inconsistências. O maior, de R$ 6.837.000, é praticado pela Medsim.

Sesau já explicou por que defende medida

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) defende que a privatização de UTIs segue tendência nacional de gestão, voltada para otimizar o atendimento em hospitais públicos e aprimorar a qualidade do serviço oferecido à população, acompanhando práticas que já demonstraram resultados positivos em outros estados, como Amazonas, Acre e Tocantins.

A pasta já disse que essa medida vai possibilitar a disponibilização de 482 profissionais especializados, além de mais de 180 tipos de recursos materiais e equipamentos essenciais para o pleno funcionamento da UTI.

Sindicatos e conselhos de representação da categoria da Saúde já reagiram contra a terceirização, assim como a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), que nesta semana aprovou um Projeto de Lei para proibir a privatização do gerenciamento das unidades de saúde pública e dos serviços médico-hospitalares de média e alta complexidade de Roraima. O PL ainda depende de sanção do governador Antonio Denarium (Progressistas) para começar a valer.