Cotidiano

Pró-reitores são empossados e reitor fala sobre questões emergenciais 

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

Após quatro anos tendo Jefferson Fernandes como o primeiro reitor indígena de uma universidade no Brasil, o professor José Geraldo Ticianelli assumiu a vaga de reitor na Universidade Federal de Roraima (UFRR). Em entrevista exclusiva à Folha após a posse, ocorrida nesta terça-feira (10), em Brasília, o eleito falou sobre quais serão as metas para o mandato e deu posse à nova equipe de pró-reitores.

A equipe que irá compor o novo mandato terá a seguinte formação: o professor Marcos José Salgado Vital, que assumirá a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG); a professora Daniele da Costa Cunha Borges Rosa, que estará à frente da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) e o professor Gilson de Souza Costa, liderando a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE).

À frente da Pró-reitoria de Ensino e Graduação (PROEG) estará o professor Antônio Sansevero Martins; a Pró-reitoria de Planejamento (Proplan) terá como chefe o professor Carlos Augusto Matos de Carvalho; comandando a Pró-reitoria de Administração (Proad) estará a servidora Aline Pereira Leal e, por fim, o professor Alex Bortolon de Matos ficará com a chefia da Pró-reitoria de Infraestrutura (Proinfra).

Ticianelli afirma que o critério de escolha foi galgado sob alguns indicadores, sendo eles capacidade técnica, de relacionamento interpessoal e de gerar resultado. “Cada um que foi escolhido tem formação específica na área, que são bastantes técnicas”, acrescentou.

Ainda de acordo com o novo reitor, algumas questões emergenciais serão resolvidas nesse primeiro momento, como o transporte escolar, o Restaurante Universitário (RU), que será reestruturado e a iluminação e energia dos Campi, que estariam com custo elevado.

O foco da nova gestão, como afirma Geraldo, será o restabelecimento e reforço do ensino, pesquisa e extensão, inovação e tecnologia, uma das principais bandeiras da nova equipe de trabalho, a qualidade de vida dos servidores, uma melhor interação com a sociedade e o fortalecimento de indicadores da UFRR.

“Temos que reforçar o papel social da Universidade para que ela continue sendo agente transformador de nosso estado, como vem sendo nos últimos 30 anos de história”, disse o magnífico reitor.

EVASÃO DA UNIVERSIDADE – No último sábado (7), a Folha publicou que a evasão de estudantes da UFRR havia subido para 16% entre 2018 e 2019, 3% a mais que o registrado no período anterior. Ticianelli pontuou que existem sete itens que ocasionam o abandono, o que será trabalhado pelas pró-reitorias durante os próximos quatro anos.

“O primeiro item é o relacionamento interno entre acadêmico e universidade e através da Proeg vamos implantar ações que atendam às demandas dos alunos. O segundo aspecto é a relação academia x mercado de trabalho e nisso iremos abrir um diálogo maior e saber como nossos alunos estão no mercado. Fora outras questões, como financeiro, onde alunos que não conseguem permanecer na universidade são auxiliados por programas de apoio da nossa instituição”, afirmou.

Estudante reclama de fechamento do Restaurante Universitário

A reportagem tentou contato com alguns alunos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) para falar sobre alguns problemas que eles enfrentam ou já enfrentaram na instituição, além de saber como eles esperam que esses problemas sejam solucionados.

Estudante indígena trans do curso de ciências biológicas, Matheus Cairú, de 21 anos, conversou com a Folha sobre algumas situações que enfrentou e reclamou que o Restaurante Universitário (RU) não tem funcionado desde o fim do último semestre, em dezembro de 2019. 

“Agora que as aulas começaram, não houve essa retomada das atividades. Isso prejudica não só a minha permanência na universidade como de várias pessoas que eu conheço também, e a Universidade não dá justificativa. Como o RU está nessa situação, nós, de baixa renda, precisamos arrumar outros jeitos de ficar o dia todo sem comer, mas tem pessoas que estudam em dois e até três períodos”, disse Cairú.

Por fim, ele salientou que não tem como haver gestão e melhorias sem o funcionamento do Restaurante Universitário. “Por que a Universidade está calada quanto a isso? Queremos uma resposta, porque o silêncio sobre essa questão é uma falta de respeito”, concluiu Cairú.

Sobre o fechamento do Restaurante Universitário, o novo reitor da UFRR, em entrevista anterior à Folha, declarou que iria regularizar a situação do local, que já é alvo constante de reclamações de alunos e professores da instituição e inclusive já foi fechado em 2017 por determinação da Vigilância Sanitária, após denúncias a respeito da forma como o alimento fornecido era manipulado.

“De imediato, o que faremos é regularizar a situação do RU, que está sem contrato. Inclusive, queremos trabalhar conjuntamente com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), principalmente pelo papel que desempenham no sentido da representação dos alunos”, disse à época.