Cotidiano

Processo de federalização da Cerr está previsto para ser concluído em julho

Federalização da companhia energética roraimense já deveria ter sido concluída, mas processo acabou sendo paralisado

Depois de quase três anos, enfim a fusão da Companhia Energética de Roraima (Cerr) com a Eletrobras Distribuição Roraima para a federalização da empresa deve acontecer até o mês de julho deste ano. O diretor-presidente da Cerr, Antônio Carramilo Neto, desde 2013 foi designado para compor uma gestão compartilhada das duas empresas até se formalizar a federalização e, desta forma, a Cerr ter a maioria das suas ações compradas pela Eletrobras.

“A princípio, essa federalização deveria ater ocorrido em julho de 2015. Mas, devido a alguns fatos e a mudança de governo, foi revisto o acordo de acionistas e o protocolo de intenções. Numa audiência da governadora [Suely Campos, do PP] no Ministério das Minas e Energia, ficou definido que iria trabalhar para federalizar a Cerr até o mês de julho”, disse. A governadora disse que o Estado não tem mais condições de manter a companhia.

“Durante o ano de 2015, tentamos salvá-la. Agora os estudos para que ela seja federalizada já estão bem avançados. Nós pedimos celeridade na fusão das duas empresas. Neste mês de março, as análises serão apresentadas pela Aneel. A expectativa é que a federalização ocorra até julho deste ano”, disse Carramilo.

Quanto ao prazo para a federalização, estipulado pelo Ministério das Minas e Energia, ele disse que é muito curto diante de algumas situações que ainda estão pendentes. Entre elas, ressaltou a necessidade de a Eletrobras voltar a fazer a gestão compartilhada. “Tem que haver uma retomada de negociações e é preciso que a Eletrobras venha para dentro da Cerr para ver cada processo e analisar o que fica com a Eletrobras e o que fica com o Governo do Estado. Então partimos para a federalização, que é a incorporação da Cerr à Eletrobras, passando a ser uma empresa só de distribuição de energia no Estado. Isso já havia acontecido, mas foi abortado devido à indefinição da conclusão da federalização, que seria em junho de 2015. E agora, com esse novo prazo, estamos aguardando a vinda da Eletrobras”, frisou.

Ele afirmou que o próximo passo será a contratação de uma empresa para levantar o patrimônio da Cerr. “Isso requer um tempo, pois essa empresa terá que percorrer todo interior e, no final, sabermos o valor das ações. A Eletrobras deve comprar, no mínimo, 51 das ações e o restante fica com o governo e com acionistas”, disse.

Antônio Carramilo Neto informou que hoje o Governo do Estado gasta, por mês, aproximadamente R$ 7 milhões para manter a parte operacional da companhia e para cobrir a folha de pagamento dos servidores. São R$ 4 milhões para pagamento de servidores e mais R$ 3 milhões com despesas com o óleo diesel que abastece as usinas termelétricas no interior do Estado.

“Precisamos, em média, de R$ 13 milhões por mês para manter o custeio de material, pessoal e outros serviços. E isso vem acumulando dívida. Isso era para ter se encerrado no final de 2014, que seria o limite da Cerr para a federalização, devido ao empréstimo contraído pela gestão passada, de mais de R$ 604 milhões, junto à Caixa Econômica, para sanear dívidas que foram se acumulando ao longo do tempo com fornecedores, operacionais e com a fornecedora de energia, a Eletrobras. Essas dívidas atrasadas foram quitadas”, frisou.

Desse empréstimo, ainda restam pouco mais de R$ 82 milhões a serem liberados. “Vai fazer dois anos que esse dinheiro era para ser liberado. Não foi devido a uma série de problemas, entre eles certidões negativas deixadas pelo governo passado”, disse.

Ele reconhece que a federalização será um desafio para a Eletrobras oferecer melhorias de fornecimento de energia para os 14 municípios do interior, numa área de 412 mil quilômetros quadrados. “Com a federalização, a Eletrobras terá que compor situações diversas e muito trabalho no quadro de servidores, que hoje é formado por pessoas sem concurso público. Terá que fazer concurso ou contratar empresa terceirizada para fazer leitura e manutenção”, disse. (R.R)