Cotidiano

Procura cai, mas preços se mantêm altos

Creci recomenda que proprietários de imóveis não aumentem o preço dos aluguéis para que setor volte aquecer na Capital

O cenário de crise econômica tem sido desfavorável para o mercado imobiliário na Capital. De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), a procura pelo aluguel de imóveis particulares tem sido baixa nos últimos meses, o que tem gerado prejuízos para o setor.

Para tentar contornar o problema, a delegada do Creci, Rosemary Malinovsky, recomendou aos proprietários de imóveis que não reajustem o preço do aluguel. “Porque vai demorar a locar e a plaquinha vai passar meses lá, e o interessante é a locação. O imóvel fechado onera para o proprietário. Todo mês vai chegar conta de água, luz, IPTU, e o imóvel fechado acaba se deteriorando mais”, disse.

Conforme ela, além de obter a renda extra com o aluguel, o proprietário não encontrará dificuldades para alugar o imóvel. “É diferente de ter uma pessoa que esteja cuidando da casa. Então, a nossa recomendação é que ele permaneça no mesmo valor que estava no antigo aluguel, e com isso ele vai fazer uma locação segura e mais rápida”, afirmou.

A delegada explicou que a queda na demanda do setor é natural. “O aluguel na verdade tem o aquecimento maior no final de ano, entre novembro, dezembro e janeiro, depois cai um pouco. Mas isso é natural, porque quem chega à cidade aluga as casas nessa época”, comentou.

COMERCIAL – Sobre a queda no aluguel de imóveis comerciais, a delegada disse que a grande dificuldade dos proprietários tem sido a questão de documentação. “Tem alguns que têm licença para fim comercial, mas não tem a documentação exigida, como alvará, habite-se e laudo dos bombeiros. Os proprietários acham que não é de responsabilidade deles, mas é”, comentou.

Para ela, a dificuldade dos proprietários em conseguir alugar os imóveis se deve exclusivamente ao reajuste de preço. “Os valores dos aluguéis comerciais subiram muito no preço. Se um aluguel está R$ 10 mil, fora água, luz, funcionários e despesas, a pessoa vai ter que ganhar uns R$ 50 mil ou mais para poder suprir as despesas dessa loja. É interessante os proprietários reverem os preços, porque a crise realmente chegou”, analisou.

Conforme Rosemary, além de congelar os preços, os proprietários devem usar do bom senso e inteligência na hora da locação. “Isso é maleável nas negociações. Às vezes, a pessoa quer fazer melhoria no imóvel, mas o proprietário não quer descontar, porém ele não percebe que aquela melhoria fica para o imóvel. Então tem que ter coerência e dinamismo de negociação mesmo”, aconselhou.

A delegada afirmou que a chegada de novos empreendimentos à Capital deve reaquecer o mercado. “Há empresas, inclusive de São Paulo, que estão buscando empreendimentos aqui e as pessoas estão enxergando Roraima com outros olhos, vendo um estado pequeno e promissor. A qualidade de vida é fundamental e especial, porque, diferente de grandes centros, aqui você consegue chegar em casa, descansar, curtir a família e voltar a trabalhar”, destacou.

Outro fator determinante para o aquecimento do setor em período de alta temporada é a chegada de militares ao Estado. “Os militares sempre aquecem. Eles são uma boa fatia do mercado imobiliário porque as transferências movimentam nesse período de novembro a fevereiro”, frisou.

Economista analisa que os juros influenciam na busca por aluguel

O economista Dorcílio de Souza disse que o encarecimento no custo do financiamento de imóveis novos e usados aumentou a procura pelo aluguel. “O Governo Federal encareceu, em 2014, o custo do financiamento para aquisição do imóvel usado e novo, e as pessoas que estão alugando casa é porque não têm imóvel. Com isso, houve aumento da demanda porque essas pessoas não conseguiram se encaixar no perfil para poder adquirir novos imóveis”, avaliou.

Conforme ele, o que leva ao aumento de preço ou à diminuição é o nível de demanda. “Se o número de consumidores que querem alugar é grande, aquele preço se eleva, não tem porque baixar. Se esses imóveis não estão sendo locados, a é culpa da crise, porque houve uma diminuição do poder de compra e renda do brasileiro”, disse.

O economista explicou que, mesmo sabendo da realidade, os proprietários não baixam os preços porque sabem que uma hora vão alugar o imóvel. “Eles sabem que vão conseguir alugar por aquele preço, mas as pessoas não estão alugando porque o orçamento delas não permite pagar aquele determinado preço que está sendo cobrado”, analisou. (L.G.C)