Enquanto as pessoas com sintomas de zika, dengue e febre chikungunya lotam as unidades de saúde da Capital e do interior, em busca do diagnóstico, em três clínicas particulares que realizam exames para detecção do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti a procura é pequena.
Entre os fatores que apontam para a baixa procura por parte da população para realizar exames particulares, o preço foi o principal motivo, depois vem a falta de informação e a demora na entrega dos resultados que, em alguns casos e tipos de exame, pode chegar a 30 dias úteis.
Os valores de cada exame e a entrega dos resultados variaram de clínica para clínica, mas as empresas informaram que tudo depende da demanda, metodologia de realização do exame e de contatos com os laboratórios fora do Estado.
A empresária Jandira Negreiros, proprietária do Hemolab, informou que os sintomas dos três vírus são muito parecidos, o que acaba confundindo o paciente, por isso só a realização de exames pode confirmar a doença. “Talvez por isso a procura seja pequena. As pessoas acabam confundindo os sintomas. Outro fator é o preço de cada exame, sendo o da dengue o mais barato. Já o do zika e o da chikungunya saem mais caros devido à metodologia e à baixa procura, que fazem os custos aumentarem devido ao envio do material de exames para fora do Estado”, disse.
A procura por exames de dengue são mais frequentes, até pelo valor, que custa R$ 60,00 e a entrega no mesmo dia. Também se trata de um exame que tem a cobertura de alguns convênios de saúde. Já o exame do zika custa R$ 730,00, em média, e o resultado sai em sete dias. O da chikungunya custa R$ 335,00 e demora 25 dias para ser entregue. Estes dois últimos não têm cobertura de convênios de planos de saúde.
“Embora esteja sabendo de uma normatização da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que determina a cobertura dos convênios para realizar exames de dengue, zika e da chikungunya, até o momento não existe nenhum código para fazer os exames por convênios”, frisou.
Ela se refere ao fato de o vírus zika ter sido considerado situação de emergência em saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de estar se espalhando por diversos países, pode causar microcefalia em recém-nascidos. Devido a esse cenário, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) criou uma proposta que obriga os planos de saúde a oferecerem exames de detecção do zika.
O projeto foi elaborado em parceria com representantes do setor, com órgãos de defesa do consumidor e com a Associação Médica Brasileira (AMB). O texto ainda será avaliado pela Diretoria Colegiada da ANS. Se aprovado, as operadoras de planos de saúde terão um prazo para organizar uma rede de atendimento e de laboratórios para oferecer os exames. Segundo a agência, a proposta está alinhada com as diretrizes do Ministério da Saúde, da OMS, da AMB.
Já o proprietário do Laboratório Bionorte, Roberto Franco, informou que a procura por exames para detectar os três vírus está sendo bem abaixo do esperado. “No mês de março, apenas uma pessoa procurou por esse exame aqui na clínica. Talvez o valor cobrado ou mesmo a falta de informação de que as clínicas estão fazendo estes exames seja o fator da baixa procura”, frisou.
O doutor Cássio Brito, da Clínica Examme, destacou os valores cobrados pelos exames e a demora na entrega como critérios para que a população deixe de fazer os exames particulares. “A procura é pequena devido aos valores de alguns exames, o que dificulta o acesso pela população, principalmente a de baixa renda que procura as unidades de saúde. As análises estão sendo realizadas fora do Estado, fazendo aumentar os custos e os resultados demoram um pouco a serem divulgados”, disse. (R.R)