Enquanto sobra banana nas feiras-livres da cidade, as 800 toneladas produzidas todo mês pelo fruticultor Elieser Machado, de 54 anos, não são suficientes para atender ao mercado boa-vistense. A diferença dos outros bananeiros é que ele buscou assessoramento especializado e investiu em técnicas de plantio para que seu produto tivesse mais qualidade, superando deste modo os concorrentes. E deu certo.
Há seis anos, o fruticultor começou a fazer experiências no cultivo em sua chácara, na sede de Iracema, município a 90 quilômetros da Capital pela BR-174, região Centro-Sul de Roraima. Machado começou a testar 25 variedades da fruta, mas os resultados foram favoráveis em apenas cinco. Então, ele plantou 15 hectares e hoje colhe até 65 toneladas de banana a cada ano por hectare, ou seja, produz anualmente 975 toneladas de banana.
“Enquanto sobra banana dos outros vendedores, o que produzo não dá para atender toda minha clientela, pois a demanda é superior ao que produzo. Isso se deve ao fato de meu produto ter uma qualidade superior aos demais, desde que investi em técnicas de plantio e busquei assessoramento profissional”, disse.
O produtor não precisou derrubar sequer uma árvore para prosperar com seu bananal. Ele apenas melhorou o solo, utilizando técnicas agrícolas, e também investiu na ciência para modificar e limpar suas mudas de banana em um laboratório, na Bahia, Nordeste do País.
“Minhas mudas vêm da Bahia, onde passam por um processo de limpeza em laboratório. Aqui eu as planto em um solo melhorado e o resultado é este: um produto de excelente qualidade que se sobressai aos demais. Por isso que as outras bananas sobram, mas não as minhas”, frisou.
O preço do produto de Elieser Machado é tabelado. Ele lembra que, mesmo no período de seca, há dois anos, quando a banana ficou escassa no Estado, o seu produto permaneceu com preço acessível. Hoje, segundo ele, há excesso na produção de banana, mas a dele continua sem atender à demanda. O quilo custa R$ 2,50. Ele produz cinco variedades: prata, preciosa, japira, pacovan e a sh3640, que é a banana prata melhorada em laboratório.
“Hoje tudo o que produzo é vendido. Entrego a produção para o Lourinho, do Pátio das Frutas, e ele a distribui para os supermercados da cidade. Não posso deixar de agradecer também ao engenheiro agrônomo Osacar Sato, pois é ele que me dá assistência técnica”, frisou. (AJ)
Dicas para melhorar a produção
Tão importante quanto a escolha do solo adequado para a plantação da bananeira é também o preparo da terra para que as raízes absorvam nutrientes e água na quantia necessária para desenvolver-se com qualidade. Em áreas trabalhadas manualmente, primeiramente é realizada a limpeza do local por meio da derrubada ou roçagem do mato, destoca, encoivaramento e queima das coivaras.
O preparo do solo resume-se na abertura de covas de forma manual. Este sistema tradicional tem como vantagem preservar o solo e manter a matéria orgânica distribuída uniformemente no mesmo. Porém, já é possível preparar a terra de forma mecanizada e sem perdas para o desenvolvimento da bananeira.
Áreas cultivadas com pastagens ou que apresentam subsolos compactados ou endurecidos devem ser subsoladas a 50 centímetros de profundidade, para melhorar a infiltração de água, facilitar o aprofundamento das raízes e controlar as plantas daninhas, como também incorporar o calcário aplicado na superfície do terreno.
É importante atentar, no entanto que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos. Além disso, as máquinas escolhidas devem ser as mais leves possíveis para acompanhar as curvas de nível do terreno.
Brasil ocupa o 5º lugar na produção mundial de banana
Atualmente, mais de 125 países se dedicam ao cultivo da banana. Isso faz com que a fruta seja a mais cultivada no mundo, com uma produção anual de 106,5 milhões de toneladas. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países produtores, colocando sete milhões de toneladas no mercado e respondendo por 6,9% da produção mundial.
No entanto, a posição não satisfaz o País. Segundo a Embrapa, a meta é chegar ao terceiro lugar nos próximos anos. Para isso, os produtores nacionais vêm investindo em melhorias, entre elas a valorização da escolha do solo.
A bananeira tem a capacidade de se adaptar em diversos tipos de solos, porém a preferência deve ser dada naqueles de característica profunda com mais de um metro sem qualquer impedimento. Solos com profundidade inferior a 25 centímetros são considerados inadequados para a cultura, pois é pequena a quantidade de raízes que cresce em profundidade, fazendo com que as plantas fiquem sujeitas a tombamento.
Além disso, o indicado é que o solo não seja arenoso, pois a bananeira necessita de muitos nutrientes e esse tipo de solo geralmente é pobre, bem como em termos de retenção de água. A plantação em solos pobres de nutrientes aumenta o custo da manutenção do solo que acaba precisando de maior quantidade de adubo. Para economizar insumos como calcário, prefere-se a escolha de terras cuja análise química revele a riqueza em nutrientes para a bananeira.
Áreas pouco drenadas e sujeitas a encharcamentos devem ser evitadas, pois as raízes da bananeira apodrecem rapidamente, causando a morte da planta após mais de três dias de excesso de umidade no solo.