Nos últimos anos, a batata doce começou a cair no gosto do paladar brasileiro. O aumento da procura ocorreu principalmente por conta dos benefícios do vegetal para os adeptos da academia, daqueles que buscam uma alimentação mais saudável ou para quem tem problemas de saúde, como diabetes.
Observando a demanda, o estudante de agronomia Jair da Silva Rocha Filho, de 29 anos, decidiu investir no plantio e seguir um sonho de criança. “Comecei a mexer com agronegócio por incentivo do meu pai. Ele sempre teve sítio, teve plantação de coco e maracujá e, com 12 anos de idade, eu comecei a ajudar a meu pai a vender e comecei a pegar gosto pelo trabalho”, lembrou.
Hoje, Jair é proprietário da J.R.F. Agrícola, com uma plantação de cerca de 300 mil pés de açaí e batata doce, no Sítio São Francisco, localizado no município do Cantá, cerca de 53 quilômetros de Boa Vista. A batata doce produzida por Jair é do tipo média, com safra de 120 a 150 dias e uma produção anual de cerca de 150 toneladas. O negócio emprega cerca de dez pessoas. O produto abastece o mercado local e também é exportado para Manaus, no Amazonas.
“Eu decidi apostar na batata doce porque eu vi a deficiência em Boa Vista, por que a maioria dos produtos, cerca de 80%, vem de fora”, disse Jair. “A maioria vem da Bahia, São Paulo e, com o tempo de transporte até aqui, a batata já chegava feia. Agora, o consumidor tem a oportunidade de comprar um produto mais novo, que foi recém-colhido e mantém todos os seus nutrientes”, afirmou.
DIFICULDADES – Jair comentou que as maiores dificuldades que enfrentou no início do negócio foram o solo e encontrar uma muda da planta. “No começo eu tive certa dificuldade através da rama. Eu tinha a área, mas não tinha o tubérculo para plantar. Quando vi uma chance de comprar em outro estado, no caso, em São Paulo que tem a maior produção de região do Brasil, comprei deles. Mas foi muito difícil porque o investimento é muito alto, mas estamos conseguindo um resultado satisfatório agora”, explicou.
O solo do sítio precisou ser preparado para a plantação, o que gerou dificuldades também. “A área do Cantá é uma terra argilosa, muito boa, a batata se dá muito bem, mas teve que ter todo um trabalho de adubação e preparo da terra. Hoje a gente conta com uma consultoria que também nos ajuda nesse processo”, disse.
PRÓXIMOS PLANOS – Jair informou que a tendência da empresa agora é aumentar a produção e tornar Roraima o maior produtor de batata doce da região Norte. “Aqui em Boa Vista eu ainda não tenho a preparação de encaixotar, por conta do custo do maquinário, frete, essas coisas. Fica mais fácil terceirizar esse serviço. Agora, a gente já está na fase de negociação para empacotar daqui e enviar. Os próximos planos são de investir na área de maquinário e ampliar a exportação”, frisou.
O outro foco do empresário é o mercado internacional. “Nós estamos em fase de negociação, com algumas parcerias já fechadas com empresas de fora para fornecer 50 toneladas por mês de batata doce, para abastecer o mercado europeu”, disse.
Por fim, Jair reforçou que, apesar das dificuldades iniciais, a dedicação vale à pena. “O que me motiva mais é estar lá dentro plantando. Eu aprendi, copiando a teoria que eu aprendo na faculdade, na prática. Isso me ajudou muito. Gosto de estar lá plantando e ver o resultado. O retorno é demorado, mas quando a gente está colhendo, tem a satisfação de ver o produto que você mesmo plantou”, ressaltou.
BATATA DOCE – O tubérculo ganhou as graças do público por conta dos seus inúmeros benefícios. Rica em carboidrato, a batata é considerada como fonte de energia e consegue potencializar os treinos dos atletas, além de conter fibras e potássio, que são essenciais para ajudar a controlar o apetite, queimar gorduras e manter uma digestão saudável.
A planta também é rica em vitaminas, que é um poderoso antioxidante, regula os níveis de açúcar, beneficia a saúde da pele e do coração, além de ser fonte em magnésio, conhecido como um mineral antiestresse, que promove relaxamento, bom humor e calma. (P.C)