Cotidiano

Produtora cria primeiro viveiro certificado de mudas de frutas cítricas do Estado

A empresária paranaense Ilaine Henz investe na produção de frutas cítricas, como limão, laranja e tangerina

O Viveiro Henz, de propriedade da empresária paranaense Ilaine Henz, fica localizado na BR-174, km 456, na região Sul do Estado, em Rorainópolis, e é o primeiro empreendimento da espécie registrado em Roraima. A ideia é a venda de mudas de frutas cítricas, como o limão-taiti, a laranja-pêra e a tangerina, para prover a necessidade de produtores rurais e agricultores que desejam ampliar a sua produção.

No entanto, a história quase não seguiu esse rumo. Aos 20 anos, Ilaine já dava aulas de Espanhol e decidiu seguir a carreira de jornalista. Ao seguir o conselho de uma professora, que declarou que além do espanhol era necessário que a profissional também soubesse ser fluente em inglês, Ilaine decidiu ir com uma amiga para os Estados Unidos para estudar o idioma.

De lá, foi para a Inglaterra, onde conheceu o marido Charles, trancou o curso de jornalismo, se graduou em Recursos Humanos e morou lá por 15 anos, trabalhando sempre na área do agronegócio, uma influência da família que sempre trabalhou com agropecuária e agricultura.

Por volta de 2005, por influência do irmão Roberto, voltou ao Brasil e decidiu investir em terras em Roraima, precisamente em Rorainópolis. Com a sua criação própria de laranja e limão, decidiu procurar por um viveiro de mudas, para ampliar a sua própria produção e ficou surpresa ao perceber que o empreendimento não existia no Estado.

“Por ter um clima muito propício para a fruticultura, a gente acabou formando um pomar na região Sul do Estado e, quando foi fazer a expansão do pomar, a gente observou a necessidade de comprar mudas para plantar. Havia uma carência muito grande e, na verdade, nós estamos sendo os pioneiros em relação a isso”, revelou Ilaine.

A necessidade também foi motivada por conta da especificidade da produção de frutas cítricas, que normalmente demora muito mais para ser colhida. “O limão-taiti é uma fruta comercializada internacionalmente, se adapta muito bem em Roraima. A laranja-pêra é a mais conhecida no mercado, mas é diferente da macaxeira que você planta e colhe daqui a seis meses, por exemplo. O investimento é de no mínimo três anos. Tem que plantar sabendo que vai dar certo, porque o tempo de espera é muito longo”, disse.

Segundo a empresária, a parte de produção de mudas existe, no entanto, não havia uma garantia fitossanitária das plantas. “O atestado fitossanitário significa que a planta mãe aonde nós colhemos a semente e a borbulha é uma planta saudável, sem nenhum tipo de doença”, afirmou.

Para conseguir o atestado, a empresária informou que trabalhou em parceria com os órgãos de controle do Estado, com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Uma das maiores dificuldades enfrentadas pela produtora rural foi na aquisição de material genético, de propagação, ou seja, de onde iniciar as mudas.

Além da região Norte não possuir um investimento forte na área de viveiros, Roraima também possui outras limitações, como não receber material genético de locais que já tiveram contato com uma doença conhecida como ‘morte súbita’, que destrói plantações inteiras em questões de semanas. “As únicas localidades disponíveis eram Goiás, Bahia e Santa Catarina. Optamos por Goiás e Bahia e atualmente os parceiros do Viveiro Henz são a Agência de Inovação Rural – Emater, em Goiás, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Embrapa/BA)”, informou.

Para Ilaine, a importância de obter uma planta saudável é uma garantia para o investimento do produtor rural, com o objetivo de evitar desperdício, tempo e dinheiro. “Roraima teve um problema grave há alguns anos atrás porque foram distribuídas mudas que não se adaptaram bem em Roraima. No caso, a muda de uma laranja chamada ‘valência’. Um produto graúdo, cascudo e com um sabor não tão bom, que não é vendável. Não tem nada de errado com a laranja, mas ela não se adaptou aqui. Então, antes de fazer qualquer coisa, é preciso ter a certeza que o material que você vai usar se adapta. Muitos produtores tiveram prejuízo por conta disso. Eu mesma plantei dessa laranja ‘valência’ e seis anos depois tive que derrubar tudo. E eu não fui a única”, revelou a produtora.

Mudas podem ser compradas por meio de financiamento bancário

Atualmente, o Viveiro Henz atua com aproximadamente dez funcionários que trabalham com as mudas, entre técnicos agrícolas, responsáveis técnicos das mudas, na área da administração, recursos humanos, comercial e assistência.

Segundo Ilaine, os serviços são todos feitos de forma minuciosa. “Na fase do ‘berçário’, quando se está plantando as sementes, elas são feitas uma por uma. Até ela ter mais ou menos 15 centímetros, quando elas são transportadas para as sacolas, em um outro local”, revelou.

A empresária disse ainda que os seus funcionários são responsáveis pelo treinamento dos trabalhadores mais recentes, compartilhando conhecimento sobre as mudas. “Por exemplo, não é todo material que germina, então tem que retirar. Tem mudas machos e fêmeas, e a muda macho que produz pouco é descartada, então tem que retirar. Os viveiristas conseguem identificar quais mudas têm que ficar pelas folhas e vão passando essa informação sempre adiante”, acrescentou.

O produtor que tiver interesse em adquirir uma planta pode visitar o Viveiro Henz. Ilaine acredita que esta é a melhor forma para se confirmar a qualidade do produto. “Assim o produtor pode ver que o trabalho que nós fazemos é diferenciado. É importante vir com antecedência porque o viveiro trabalha com mudas por encomenda, então, se há a vontade de investir em um número grande, é melhor vir antes para garantir”, explicou.

Uma facilitação para quem tem interesse em ampliar o seu agronegócio ou até iniciá-lo é o financiamento por meio de uma instituição financeira. O Viveiro possui parceria com o Banco do Brasil e o Banco da Amazônia. À vista, a compra da muda sai a R$ 15 e no financiamento, por R$ 18.

Outro auxílio fornecido pelo Viveiro é um serviço de apoio ao produtor, com um tipo de treinamento para produtores rurais realizados pelos próprios funcionários do empreendimento e que pode ser adquirido junto com a compra das mudas.

“Se o produtor quiser comprar a muda e já quiser comprar o manejo assistido, nós podemos comercializar. Às vezes, a pessoa quer comprar laranja, mas não tem conhecimento de causa, só sabe que é um bom negócio. A equipe do Viveiro vai auxiliar desde a análise da área da plantação, se tem reservatório de água, se precisa de correção de solo, adubação, espaçamento para plantar as mudas, dependendo da estrutura da sua área”, informou.

Ideia é expandir o viveiro para produção de mais frutas

A produtora Ilaine Henz adiantou que, no momento, o Viveiro está passando pela sua primeira fase. A segunda é a de ampliação de mudas para produção de outras frutas e, em seguida, a de mudas para produção de madeira e assim, consequentemente, aumentar o número de funcionários e quem sabe produzir material para outros estados do País.

“Agora, nós estamos produzindo um lote de mudas para começar a comercializar a partir de abril, por conta do início do período chuvoso. Esse é o nosso foco atual. Mas já se identificou uma necessidade para mudas de frutas. Então, nós estamos iniciando para 2017, a produção de cupuaçu, açaí, graviola, goiaba, banana. A gente vai entrar com uma diversidade. Também em 2017, estamos criando uma estrutura para a produção de plantas nativas. Vamos trabalhar com mudas de ipês e de madeiras nobres”, disse Ilaine.

A vontade de ampliar o Viveiro, segundo Ilaine, é por conta da crença de que o empreendimento tem tudo para dar cada vez mais certo. “Eu sinceramente acredito que a chave que pode mudar a vida de Roraima é o agronegócio”, afirmou a empresária. “Nós temos níveis de luminosidade incomparáveis com o resto do país. Nós temos tudo para nos tornar uma grande bacia fruteira, no Sul do Estado”.

Para isso, a produtora também declarou que é necessária uma ajuda do Governo, em especial para o produtor familiar. “No dia que cada produtor que está no seu lote trabalhando tiver um lucro de dois ou três mil reais, vai ter um impacto econômico gigante. Mas para isso, nós precisamos de incentivo, acho que o Governo tem que participar. Tem que apoiar, fomentar o produtor. Existem pessoas com muita vontade, mas não têm condições financeiras de começar. O Governo tem que ter um programa de fomento para colocar esses produtores em pé e dar o pontapé inicial”, finalizou.

Para obter mais informações sobre o Viveiro Henz, pode entrar em contato por e-mail no endereço: [email protected] ou pelo telefone (95) 99118-0474.