Cotidiano

Produtora denuncia demora em instalação de energia

Pedido foi feito no ano passado, mas produtores e moradores ainda sofrem sem eletricidade

FABRÍCIO ARAÚJO

Maria Lima ocupa um imóvel rural no Murupu desde 2014, mas somente em 4 de junho de 2018 recebeu do Estado um termo de ocupação, tendo, assim, sua situação legalizada. Antes, não havia energia no local pelo fato de estar irregular, mas, após receber a permissão, por meio do Projeto de Assentamento “Família Baixa Renda”, a produtora formalizou o pedido para levar eletricidade até a região em 31 de julho e recebeu a resposta de que em sete dias úteis o problema seria resolvido. Já se passaram sete meses e nada mudou.

“Quando a gente faz esse pedido, eles dão sete dias de prazo para fazer a ligação, só que também dão uma lista de materiais pra gente. É preciso comprar um poste. Comprei um de sete metros e precisamos comprar os fios e a caixa-padrão. Fizemos todo o procedimento, pagamos, inclusive, um eletricista”, afirmou Maria.

Em novembro, os produtores receberam uma nova visita da empresa responsável que afirmou que ainda faltava baixar uma subestação e o transformador. Por orientação, Maria passou a anotar o número de protocolos e nomes dos atendentes que conversam com ela em todas as vezes que liga para reclamar sobre a situação. Já tem mais de cinco reclamações registradas depois que passou a guardar estes dados.

“Toda vez que eu ligo, eu falo: como vocês registraram o meu pedido de energia ,se vocês não têm como me oferecer o produto? Porque é uma coisa assim, eu fiz o pedido e eles não me entregaram, e só ficam prometendo datas e datas e nunca foram fazer. Isso é brincar com o consumidor”, relatou.

O contrato para o termo de ocupação obriga as famílias a produzir ou morar no local para não perderem o direito sobre as glebas para outras famílias. Mas com a falta de energia é quase impossível cumprir o que se determina. Cerca de 200 pessoas deveriam estar ocupando as terras, mas, devido às dificuldades, muitas acabaram desistindo das glebas.

Outra dificuldade é a falta de água encanada. Atualmente, as famílias são dependentes de poços, mas no início precisavam se locomover cerca de 500 metros para ter acesso à água, pois não há igarapé e rio próximos.

“No último assentamento que o governo passado fez, eu recebi o meu termo e está tudo legalizado. No documento há a explicação de que se durante um ano não estivermos plantando ou morando lá, eles podem repassar para outras pessoas, e por isso que lutamos tanto porque não tem como morar em um lugar sem água e sem energia”, contou a produtora que se sente lesada com a situação.

A qualquer momento, as famílias podem receber visitas de órgãos, como da Secretaria da Agricultura e do Iteraima. Além da ocupação e produção, se for constatado que as terras foram degradadas, elas também podem perder o direito sobre os locais.

O OUTRO LADO – Entramos em contato com a assessoria da Roraima Energia pedindo esclarecimentos acerca da situação denunciada por Maria Lima, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.