Cotidiano

Produtores da Serra Grande II pedem ajuda

Além dos constantes apagões, falta água potável e para os animais, pois a cacimba escavada pelo governo não encheu

Os produtores da Vila de Serra Grande II, no Município do Cantá, a cerca de 30km da Capital, relatam que, além dos prejuízos ocasionados pelas queimadas, outro problema na região é a perda da produção agrícola. Eles afirmam que nem mesmo a cacimba escavada pelo Governo do Estado resolveu a situação, pois foi feita em um local inadequado.

Segundo um dos produtores, a situação é crítica diante de uma das maiores secas que a região já enfrentou. “As queimadas devastaram dezenas de pastos, o que não permite alimentar os animais. Além disso, estamos com problemas de abastecimento de água, que falta o tempo inteiro. O gado está morrendo de sede”.

O produtor disse que, para piorar a situação, a cacimba que foi feita pelo governo não resolveu o problema. “O reservatório foi construído em um local inadequado, pois não encheu de água. As plantações de abacaxi e melancia estão se perdendo, não temos mais como produzir”, frisou.

A falta de energia é outro fator que tem provocado sérios transtornos aos moradores de Serra Grande II. “As oscilações e interrupções são constantes. Quando falta a energia, a água só volta quatro ou cinco horas depois, pois as bombas estão ultrapassadas e não funcionam na sua totalidade”, informou.

O agricultor faz um apelo aos órgãos governamentais: “Estamos pedindo toda e qualquer ajuda possível dos órgãos federais, já que o município não se manifesta ou se propõe a nos ajudar. É uma situação de emergência e o poder público da região é inoperante, está inerte a este problema”.

CERR – O diretor de operações da Companhia Energética de Roraima (Cerr), Waldemar Johansson, disse que o Cantá necessita de uma subestação para suprir a necessidade da população. “O projeto da subestação deveria estar executado, mas está com um ano de atraso em função do embargo da Funai [Fundação Nacional do Índio] na estrada que dá acesso ao município. O Governo do Estado está resolvendo o problema e mobilizando a obra. A partir daí, o empreiteiro irá continuar a linha de transmissão”, afirmou.

Outra dificuldade, segundo Johansson, é que as redes são próximas da floresta. “Nos últimos dez anos não houve manutenção e as árvores alcançaram a rede. A Cerr está finalizando o processo licitatório e devemos, nos próximos dias, autorizar o início da limpeza, melhorando o atendimento à população”.

O diretor disse que o Cantá possui uma rede com 230km de extensão, o que prejudica a distribuição de energia. “O município possui um alimentador em 13.8kv, ou seja, o ideal é que a extensão da rede seja abaixo dos 100km. Então, a energia não tem qualidade. Quando a subestação estiver pronta, haverá uma distribuição mais uniforme e consequentemente irá melhorar o atendimento à sociedade”, afirmou Johansson.

Segundo ele, como uma medida imediata, parte da carga será transferida para uma subestação na região de Novo Paraíso, também no Município do Cantá. “É uma maneira urgente para atender a população”, frisou.

CAER – Em nota, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) informou que as constantes quedas de energia têm prejudicado o abastecimento de água da região. A partir do momento que o setor energético for melhorado, o problema será resolvido.

SEAPA – A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em nota, afirmou que os produtores da região de Serra Grande II, no Cantá, serão contemplados com a escavação de mais cacimbas nas próximas semanas.

“A região foi uma das primeiras a ser atendida nas ações de combate à estiagem em 2015. Algumas das cacimbas escavadas na localidade podem ter assoreado devido à ação do tempo e a entrada de animais, o que impediu o acúmulo de água no reservatório”, frisou.

Conforme a Seapa, o Governo de Roraima está envidando todos os esforços para evitar que o setor produtivo não sofra ainda mais com os efeitos da estiagem e das queimadas. “Até o momento, já foram escavadas 2.197 cacimbas em todo o Estado. Em média, 47 são escavadas por dia, uma a cada meia hora, para garantir água em áreas críticas”. (B.B)