Cotidiano

Produtores dizem que preços de frutas podem aumentar

Produtores enfrentam prejuízo com as exportações que pode chegar a 1.463 toneladas de frutas e temem alteração nas barreiras fitossanitárias

O pedido do Ministério da Agricultura para que Roraima mude a localização das barreiras fitossanitárias que buscam combater a Mosca da Carambola, pode deixar Boa Vista desabastecida de frutas como caju, manga, acerola, murici, goiaba, jambo-vermelho, carambola, tangerina, laranja-da-terra e pimenta-de-cheiro, entre outras, que são consideradas hospedeiras da praga.

Desde que um foco da praga foi encontrado por produtores no município de Alto Alegre, em novembro do ano passado, e em uma comunidade indígena, em abril deste ano, que os horticultores enfrentam um prejuízo com as exportações que pode chegar a 1.463 toneladas de frutas. 

O presidente da Coophorta, Odaci Henz, em entrevista à Folha, defendeu como solução mudanças nas normas que regem o funcionamento das barreiras para fitossanitárias. Em Roraima existiam cinco barreiras, uma na comunidade três corações, no Amajarí, uma em Bonfim, outra na balsa do Passarão e duas em Alto Alegre, que foram desativadas por falta de repasse de recursos do governo federal.

“O Mapa quer que região do Alto Alegre, por exemplo, vire área sob quarentena. O problema é que a região do Alto Alegre é o maior produtor de hortifruti do estado, tomate, pimenta e nenhum produto hospedeiro da mosca vindo da região terá possibilidade de comercialização nem dentro de Roraima o que vai ocasionar uma falta do produto e uma elevação de preços ao consumidor, então temos que pesar o custo benefício.”

Henz ainda disse que os produtores esperam que sejam feitos monitoramentos nas propriedades, formas mais eficazes do que apenas contar com o serviço da barreira. “O que é necessário fazer é trabalhar em cima de mudanças na instrução normativa, até porque tivemos já vários focos em outros municípios e foram erradicados Se mudarmos as barreiras e aparecer foco em outra região tudo terá que ser revisto. É possível trabalharmos de forma segura com os produtores que precisam ter certeza que podem plantar e colher sem ter impedimento de ter o produto comercializado” esclareceu.

Produtores ainda temem que as barreiras continuem, não ofertem fiscalização de qualidade e o foco da mosca da carambola se espalhe para regiões que não possuem a praga, conforme explicado pelo presidente da Associação dos Produtores Rurais, Israel Lima Junior.

“As barreiras que ficaram abertas não estão funcionando com normalidade. No Passarão, por exemplo, existem produtores indígenas que possuem o foco da mosca da carambola e não há fiscalização na balsa, de forma eficaz, para impedir que se espalhe pela região. O resultado é que ficaremos impossibilitados de produzir e exportar e o prejuízo será imensurável para a produção local”, explicou.

ADERR afirma que focos da mosca não impedem crescimento do setor


Para o presidente da Aderr, situação das barreiras não deve ser motivo para isolar Roraima do comércio de exportações (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)


O Presidente da Agência de Defesa Agropecuária, (Aderr) Gelb Platão, disse em entrevista que os focos da mosca da carambola não serão empecilho para o desenvolvimento da fruticultura em Roraima. De acordo com ele, o governo estadual busca recursos após o contingenciamento de verbas vindas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que eram destinados à manutenção das barreiras fitossanitárias para trabalho de fiscalização que impede que a praga da mosca se espalhe para outras regiões.

“As barreiras não devem ser motivos para isolar Roraima. Alguns focos foram erradicados e estamos há meses fazendo o monitoramento de municípios que estão em quarentena. O trabalho, somado ao realizado com a barreira, é muito mais eficaz e deve ser levado ao Mapa para que ocorra a flexibilização e suspensão do veto para exportações”, explicou.

O diretor da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima, Marcelo Parisi, explicou que o funcionamento eficaz das barreiras fitossanitárias são uma exigência do Mapa para realização das exportações, mas sem os recursos necessários para a criação de duas novas barreiras após o anúncio de focos da mosca, não houve formas de seguir as recomendações.

“A barreira precisa ter quatro policiais e três fiscais durante 24 horas, que devem revezar os horários de serviço. Os frutos que possuírem focos da mosca devem ser imediatamente apreendidos e destruídos. No total, devem existir sete barreiras e será necessário realocar uma e ainda criar duas entre o município de Boa Vista e Alto Alegre para impedir que o foco chegue à capital”, disse.

Ainda de acordo com a Aderr, o Governo Estadual articula meios para que a interdição das exportações de frutas seja suspensa em no máximo 60 dias, além do levantamento de recursos na ordem de 10 milhões para a compra de equipamentos e pagamento de diárias aos servidores. 

“Existe uma proposta de convênio junto ao Mapa para que possamos descentralizar recursos para que R$ 5 milhões sejam destinados ainda esse ano na compra de redes, protetor solar, uniformes e outros itens. Os recursos também podem ser utilizados para o pagamento de técnicos e policiais que prestam serviços nas barreiras”.