Afastado o temor de perder suas terras para o Parque Lavrado, com a exclusão da criação da Unidade de Conservação Lavrado, do decreto presidencial 6754/09, os produtores da Serra do Tucano, no Município de Bonfim, Leste do Estado, investem agora em novas culturas e estão ampliando a produção de frutas, de arroz irrigado e a criação de animais na região.
O produtor Jorge Lopes, proprietário da fazenda Luzitânia, há alguns anos vinha cultivando cebola de cabeça de forma experimental, e agora vai plantar em larga escala, visando atender ao mercado boa-vistense e de Manaus (AM), que apresentam grande demanda por esse item que não pode faltar na cozinha.
“Estamos muito felizes com a exclusão da criação dessa Unidade de Conservação e vamos produzir confiantes de não termos que deixar estas terras e nosso trabalho”, disse o produtor de nacionalidade portuguesa, no sábado, dia 9, durante evento realizado em sua propriedade para comemorar a colheita de melão e melancia.
Para comercializar a cebola em Boa Vista e em Manaus, o produtor conta com a experiência de quem há anos abastece esses mercados com frutas tão doces, que levam na etiqueta o titulo de melão e melancia do mel. “A nossa produção é irrigada com água do Igarapé do Mel e como são muito doces, decidimos dar esse nome”, explica Lopes.
Atualmente são produzidas, somente na Fazenda Luzitânia, 300 toneladas de melancia por semana e 80 toneladas de melão por mês. O sabor das frutas faz jus ao nome. Durante o Dia de Campo, os visitantes degustaram à vontade o melão e a melancia do lugar e comprovaram a propagada doçura.
PRODUÇÃO – O município de Bonfim é o maior produtor de arroz irrigado do Estado. Boa parte dessa lavoura está na Serra do Tucano, que abriga cerca de 150 produtores. Além do arroz e das frutas, eles cultivam maracujá, tomate, batata-doce, soja, feijão, milho e criam peixes, bovinos, suínos e caprinos.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais da Serra do Tucano, Marlon Buss, ressaltou que os agricultores e pecuaristas da região agora estão aliviados, pois têm segurança para continuar produzindo. No entanto, aproveitou para reivindicar investimentos em eletrificação rural e na regularização fundiária da localidade.
“A Serra do Tucano é um celeiro de produção do Estado de Roraima e estamos muito agradecidos à governadora Suely por ter abraçado nossa causa e articulado a exclusão do Parque do Lavrado. Mas nossa produção ainda tem um custo alto por utilizarmos gasolina e óleo diesel no processo de irrigação das áreas plantadas. Se tivermos energia elétrica confiável, esses custos com certeza vão diminuir e poderemos aumentar a escala de produção”, afirmou.
Governadora é homenageada
Durante e evento, a governadora Suely Campos (PP) foi homenageada por ter conseguido a reedição do Decreto 6754/09 junto à presidente Dilma Rousseff (PT), excluindo a exigência da criação do Parque Lavrado, que a princípio abrangeria a regiões da Serra do Tucano e da Serra da Lua. “Agora é buscar a consolidação da nossa região como produtora”, complementou.
A Unidade de Conservação Lavrados foi uma das condicionantes estabelecidas no Decreto 6754/09, que transferiu as terras da União para Roraima. A área pretendida atingia propriedades rurais centenárias e produtivas da Serra da Lua e da Serra do Tucano, incluindo a de produtores que já haviam sido retirados da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
Para evitar mais este prejuízo econômico e social, no ano passado, a governadora Suely Campos e a senadora Ângela Portela (PT) pediram da presidente Dilma Rousseff a exclusão dessa exigência, argumentando que 55% do lavrado roraimense já está preservado nas terras indígenas Raposa Serra do Sol e São Marcos.
Dilma Rousseff atendeu ao pedido e no mês de dezembro de 2015, quando veio a Roraima entregar o Residencial Vila Jardim, construído através do programa Minha Casa Minha Vida, assinou o decreto 8.586/2015, excluindo a exigência.
“A economia de um Estado está ligada à produção e todas as ações do meu governo têm o objetivo de mudar a matriz econômica de Roraima. Os produtores têm todo o meu apoio. Estamos trabalhando pela garantia jurídica da posse das terras e em dar as condições para a produção com eficiência e estrutura para o escoamento. Este é o estado que queremos, produzindo em larga escala e fortalecendo nossa economia”, disse a governadora.
Os produtores já organizaram três eventos para agradecer a atuação da governadora Suely Campos e da senadora Ângela Portela, que lhes trouxe alívio depois de quase seis anos de sofrimento pela insegurança acerca da permanência nas propriedades.