Professor denuncia assédio moral por parte de coordenação de curso da Uerr

Edir Henig afirma que há mais de um ano é impedido de realizar algumas atividades profissionais sem explicações, o que tem afetado sua saúde mental; a Uerr já apura o caso por meio de PAD

Edir Heing é professor do curso de Administração. (Foto: arquivo pessoal)
Edir Heing é professor do curso de Administração. (Foto: arquivo pessoal)

Um professor da Universidade Estadual de Roraima (Uerr) denunciou à FolhaBV casos de assédio moral que teria sofrido por parte da coordenação do curso de Administração. Em relato, Edir Henig afirma que há mais de um ano é impedido de realizar algumas atividades profissionais sem explicações, o que tem afetado sua saúde mental. O caso foi denunciado também ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).

Edir relatou que o assédio moral começou quando foi convidado a integrar o Comitê de Ética e Pesquisa da universidade, teve apoio do colegiado, mas a decisão não foi registrada em ata. Mesmo assim, a coordenação do seu curso deu seguimento ao processo. Seis meses depois, a chefia recorreu às instâncias superiores para removê-lo do comitê.

Além disso, ele conta que a coordenação o impediu de ministrar uma aula no mestrado e foi excluído de um projeto de extensão, em que havia sido designado para atividades registradas em ata. No entanto, o assédio seria mais visível nas avaliações de seu estágio probatório, que seriam desproporcionais e imparciais.

“Meu estágio probatório está comprometido porque as minhas notas saíram de um 93 para um 47 com explicações extremamente vazias e sem fundamentação. Nunca apresentaram documentação que comprovasse qualquer justificativa para minha nota ter caído tanto […] Nunca fui chamado para conversar, sempre fui eu que procurei a reitoria, mas nunca recebi uma solução”,

completou o professor, acrescentando que o processo aberto por ele contra sua chefia por assédio moral foi ignorado por meses.

Abalo psicológico

As situações vivenciadas pelo professor de Administração teriam afetado seu estado psicológico, levando-o a procurar ajuda psicoterapêutica. Segundo Edir, pós uma crise de ansiedade pela nota do estágio, ele foi encaminhado a um psiquiatra, que recomendou seu afastamento e a remoção do colegiado — algo que a universidade também teria ignorado.

A assessoria jurídica de Edir destacou que as ações refletem uma segregação institucional. “Ele foi isolado no ambiente de trabalho, impedido de participar de decisões e funções de destaque. Hoje, Edir é visto como persona non grata no departamento”, afirmou à reportagem.

O que diz a Uerr

Entrada da Universidade Estadual de Roraima, em Boa Vista (Foto: Uerr)

Ao Sindicato dos Docentes, a Universidade Estadual de Roraima (Uerr) afirmou que o caso já estava sendo apurado pela instituição. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Uerr confirmou a situação está sendo apurada por meio de Processo Administrativo (PAD). Ainda, reiterou que “o processo seguirá de maneira justa e imparcial, assegurando que todas as denúncias sejam apuradas no âmbito institucional com a devida seriedade e responsabilidade”.

Nota na íntegra:

Em relação às denúncias feitas pelo professor Edir Henig, a assessoria de comunicação da Universidade Estadual de Roraima (UERR), esclarece que todas as alegações estão sendo devidamente apuradas por meio de um Processo Administrativo, o qual tramita em sigilo, conforme preveem as normas internas e a legislação vigente. Este procedimento visa garantir a devida imparcialidade e rigor técnico na análise dos fatos.

O professor Edir Henig está em estágio probatório e, como todos os servidores da UERR nessa condição, é submetido a avaliações periódicas conforme normatizado pela instituição por meio de resoluções, amparadas na legislação vigente. Essas avaliações consideram critérios como assiduidade, pontualidade, eficiência, responsabilidade, organização e desenvolvimento profissional, entre outros. O objetivo é verificar se o servidor atende às expectativas da instituição quanto à oferta de um serviço público de qualidade.

É importante reforçar que todos os servidores públicos são submetidos a esse tipo de avaliação e devem demonstrar competência e comprometimento com os critérios estabelecidos pela respectiva instituição.

Por fim, a UERR reitera que o processo seguirá de maneira justa e imparcial, assegurando que todas as denúncias sejam apuradas no âmbito institucional com a devida seriedade e responsabilidade.

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