O programa Agenda da Semana recebeu como entrevistada a professora da Universidade Federal de Roraima (Ufrr) Meire Joisy Almeida Pereira para falar sobre o cenário positivo da produção agrícola do Projeto de Assentamento Nova Amazônia.
De acordo com Meire, são mais de 578 famílias criando animais como suínos e gado de corte além de pescado. Existem cerca de 144 lotes envolvidos com a horticultura, que representam 76% dos alimentos que chegam na mesa do roraimense e são comercializados em feiras. Para a professora, o principal desafio é transpor as barreiras de comercialização. Ela ressaltou a necessidade de organização dos produtores para participarem de associações com intuito facilitar o incentivo de programas como o de aquisição de alimentos e o Programa de Alimentação Escolar (PNAE).
“Todos os municípios recebem recursos e são obrigadas a comprar até 30% de itens da agricultura familiar e é o que mantem a produção e cooperativas. Além da assessoria técnica por parte da UFRR para esses pequenos agricultores, o governo estadual, na gestão passada, articulou o cultivo de soja para deixar um assessor técnico na região”, disse.
Conforme dito por Joisy, o P.A Nova Amazônia faz parte da regularização fundiária do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que desde 2017 já emitiu 208 títulos definitivos para as famílias realocadas na antiga fazenda. “No processo de ocupação dessas áreas, em 2001, houve planejamento para a produção em uma espécie de zoneamento ecológico na antiga fazenda Bamerindus que antes era dividida em currais e agora está cheia de polos, como por exemplo o Polo 2, onde é feito o cultivo de soja, milho e sorgo com excelente produtividade”.
Meire Joisy também disse que a qualidade do trabalho realizado no P.A Nova Amazônia impressiona visitas que chegam ao estado para conhecer todas as ações que envolvem agricultura familiar e explicou a diferença entre agricultura Familiar e Agronegócio.
“É comum acreditarmos que associações e cooperativas tenham donos, mas no P.A Nova Amazônia tudo é feito de forma coletiva. No Brasil existem cerca de 6 milhões de famílias ligadas com agricultura familiar que levam comida para a mesa dos brasileiros. O agronegócio tem uma característica diferente, que é de exportar esses produtos.
Meire Joisy avaliou a produção durante o verão, época na qual as queimadas são comuns e podem dificultar o trabalho do pequeno agricultor. “Em estudos realizados em nosso solo, o lençol freático é muito raso no tempo da seca. No P.A da Nova Amazônia o cenário oscila e configura um desafio a ser superado”, concluiu. (P.G)