Na tarde de ontem, 19, o Instituto Federal de Roraima (IFRR), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), promoveu uma palestra sobre a reforma do ensino médio, que reuniu professores e estudantes das instituições de ensino de Roraima. Segundo a palestrante e pedagoga do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Nilva Schroeder, a proposta do Governo Federal afeta diretamente os professores e fere os conceitos de educação.
“A reforma traz muito mais equívocos e retrocessos do que soluções que possam contribuir para uma educação de qualidade. A medida representa um autoritarismo inaceitável, principalmente para nós, professores, que conseguimos construir tantos projetos ao longo dos anos. O governo brasileiro deveria buscar outras alternativas e acionar os educares, assim como a sociedade, para construir o ensino médio de uma forma mais legítima”, comentou Nilva.
Segundo ela, para prometer à sociedade um ensino em tempo integral, como prevê a reforma, é preciso apresentar condições objetivas, como o quadro e a formação de professores, além da infraestrutura do ambiente de aprendizagem. “Isso indica que não teremos condições de trabalhar. Assim é complicado, pois temos que pensar a formação do estudante em todas as suas dimensões: social, cultural, política e emocional”, explicou.
Outro ponto negativo apontado pela professora é em relação à tentativa de exclusão de disciplinas como a filosofia, educação física, artes e sociologia. “Fica muito claro que o entendimento de educação proposto vai contra o desenvolvimento de um jovem com pensamento autônomo, que saiba fazer suas escolhas na vida. Sabemos que as disciplinas foram recolocadas na reforma, mas isso nos causa muita preocupação”, argumentou Nilva.
Um professor da rede estadual, que preferiu anonimato, disse que o modelo fechado apresentado pela União representa uma fragilização da autonomia pedagógica das instituições de ensino. “Estão buscando medidas de custo reduzido para resolver os problemas de ordem estrutural do ensino médio. Aceitar que pessoas de notório saber, como diz a reforma, sejam colocadas na condição de professores, significa simplificar, e não estar preocupado com a qualidade do ensino. A ideia de que qualquer pessoa possa assumir as aulas é muito negativa”, complementou.
Conforme ele, o problema está no conceito da reforma, por isso é preciso discuti-la para buscar novos conceitos e métodos. “Nós precisamos dialogar para entender como iremos atender as necessidades dos alunos e de que maneira as escolas vão organizar suas práticas e trabalhos para oferecer uma educação de qualidade”, destacou. (B.B)