Cotidiano

Professores da Escola Hildebrando são contra transferência de Colégio Militar

Transferência do Colégio Militar para a Escola Hildebrando Bittencourt tem previsão de ocorrer no início de 2018

Diante do anúncio de transferência do Colégio Militar Coronel PM Derly Luiz Vieira Borges, localizado no bairro Canarinho, zona leste da Capital, para a Escola Estadual Hildebrando Ferro Bittencourt, localizada no bairro dos Estados, zona norte, os professores da Escola Hildebrando ficaram apreensivos e disseram que a implantação do ensino militar naquela unidade causará a extinção de um patrimônio de mais de 30 anos. Na sexta-feira passada, os alunos do Colégio Militar se manifestaram contra a transferência.

A professora especialista em Gestão de Sistema Educacional, Simone Pinheiro, disse que os servidores da escola foram pegos de surpresa pelo Departamento de Educação Básica (Deb) da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed). Sem conseguir reagir no começo, ela explicou que os professores só passaram a perceber que a escola se tornou patrimônio histórico do bairro após o anúncio feito pelo governo.

Para Simone, a educação pública no Estado não é tida como prioridade dentro de um contexto pedagógico e social. “Disseram que deveríamos analisar a proposta pelo olhar técnico, e não pelo sentimental e saudosista. É uma amplitude devastadora e desesperadora, além de triste”, lamentou. Ela destacou que a mudança seria um desrespeito aos profissionais e com todos os que fazem parte da comunidade acadêmica.

Uma das preocupações dos servidores da escola é saber o que vai acontecer com os profissionais e alunos, mesmo que, por um lado, já seja de conhecimento. Uma vez que a entidade militar seja transferida, Simone explicou que os profissionais que não se enquadrarem dentro do sistema devem ser devolvidos e os alunos absolvidos. No entanto, a principal queixa dos professores é o tratamento aos alunos Portadores de Necessidades Especiais (PNE).

A Escola Hildebrando possui 15 alunos PNE. A professora destacou que, no estatuto da Escola Militar, não constam alunos PNE. “Como esses alunos vão conseguir se adequar a um sistema que não comporta a necessidade deles? Não queremos a Escola Militar na Hildebrando, queremos que eles consigam outro prédio e deixem a escola como patrimônio. A gente vê essa questão como poder de opressão”, frisou.

SEM APOIO – O professor Nilton Raposo destacou que a escola nunca teve apoio do poder público, em governos antigos, quando foram gastos mais de R$ 1 milhão em reformas e a instituição só recebeu “maquiagem”, tendo em vista que as goteiras e outros problemas estruturais continuam. Durante o período de inverno rigoroso deste ano, o ensino foi comprometido em razão da estrutura precária, segundo ele. Os alunos chegaram a postar vídeos em redes sociais como forma de denúncia.

Por também lecionar na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, localizada no bairro São Francisco, zona norte, Raposa relatou que a realidade é a mesma. “Eu fico triste em ver colegas do Colégio Militar que dizem que nossa escola não tem estrutura. A própria Seed disse que vai haver reforma. Então, por que não fizeram antes? Particularmente, acabar com a história de uma escola de mais de três décadas é lamentável”, disse.

SEED – A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) explicou que o Colégio Militar vem, a cada ano, aumentando o número de matrículas, de forma que não tem mais espaço na Academia de Polícia Integrada (API). Por sua vez, a Escola Estadual Hildebrando Bittencourt tem 208 alunos matriculados, funcionando apenas no turno matutino, embora tenha capacidade física para 525 alunos por turno.

Diante da situação, a Seed apontou que o Colégio Militar, ocupando a estrutura física da Escola Hildebrando, vai resolver em definitivo o problema da falta de espaço físico. Além disso, informou que no final do ano letivo de 2017, a Hildebrando tem previsão de ficar com 180 alunos que serão consultados e que, se quiserem estudar na Escola Militar, serão absorvidos. A pasta não falou sobre os que não quiserem.

Frisou que o corpo técnico da Escola Hildebrando também será consultado sobre a permanência ou não na Escola Derly. Caso os profissionais escolham sair, serão remanejados para outras unidades educacionais. Ressaltou ainda que a escola não será reformada para o Colégio Militar. “Serão feitos pequenos reparos na estrutura. Esses serviços, inclusive, serão realizados pela equipe da Polícia Militar. A Seed fornecerá apenas o material”, comentou. (A.G.G)