Cotidiano

Professores enfrentam dificuldades para ministrar aulas para imigrantes

O aumento no fluxo imigratório em Roraima tem gerado uma demanda excessiva por serviços públicos, entre eles a educação. Segundo o Censo Escolar realizado no Estado, de 2015 a 2016 havia 184 alunos venezuelanos na rede estadual de ensino nesse período. A expectativa é que, no próximo Censo, estes números subam consideravelmente. Uma das dificuldades encontradas em sala de aula é a linguagem. Professores e alunos encontram barreiras no processo de ensino aprendizagem.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter), Flávio Bezerra, a classe não é contra o ingresso de alunos imigrantes na rede púbica de ensino, mas acredita que, para isso, devem ocorrer investimentos para facilitar esse processo.

“Vemos com certa atenção e preocupação essa entrada de alunos venezuelanos na rede pública de ensino, pois a maioria dos professores não está habilitada na língua espanhola para transmitir o conteúdo de forma correta”, disse.

Ele explicou que, além disso, os alunos imigrantes estão em séries inferiores no que corresponde à idade. “Temos alunos de 14 anos no 4º ano do Ensino Fundamental, onde todos deveriam ter 11 anos. Essa disparidade ocorre devido à falta de conhecimento desses alunos. Não podemos colocar eles em séries mais avançadas se eles não dominam o conteúdo, e o não domínio da nossa língua dificulta ainda mais esse processo”, relatou.

O presidente do Sinter afirmou que os professores se tornaram alunos em sala de aula. “Agora eles têm que estudar para conseguir transmitir os conteúdos em língua espanhola para atender aqueles alunos imigrantes. Isso acaba prejudicando o andamento da aula e o desempenho dos demais estudantes”, frisou.

Bezerra apontou como solução a oferta de cursos de línguas para professores. Ele acredita que o governo do Estado deveria procurar um meio de oferecer aulas de espanhol para os professores, para que possam enfrentar menos dificuldades no momento de transmitir os conteúdos.

“Os alunos imigrantes também devem ter aulas de português, já que eles estão em um país que não tem como idioma oficial a língua materna deles. Isso poderia ocorrer em um horário oposto ou em um tempo extra. A aula de espanhol para os professores é apenas uma medida para facilitar a comunicação e garantir o andamento do processo ensino-aprendizagem”, disse.

Flávio Bezerra lembrou que algumas Organizações Não Governamentais (ONGs) em Roraima já ofertam aulas de português para estrangeiros. “Essa medida ajuda bastante, mas precisamos disso dentro da escola, para atingir um público maior”, declarou.

Quanto à socialização dos imigrantes com os demais alunos, o Sinter acredita que deveria ocorrer um reforço nas aulas de espanhol para os alunos brasileiros. “A socialização facilita muito a absorção de conhecimentos. Uma boa comunicação com os colegas de classe também é importante e estimula os alunos a aprenderem mais”, afirmou Bezerra ao lembrar que todas essas soluções serão apresentas para a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) para avaliação e possíveis medidas.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.