
Após a deflagração da Operação Cisne Negro o Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Roraima (SINDUERR) emitiu uma nota de repúdio contra as ações dos investigados. Os professores também exigem na nota a participação acadêmica nas gestões da universidade, além da participação dos colegiados nas decisões da reitoria da UERR.
Ainda na nota, o Sinduerr ressalta que, caso sejam confirmados, os crimes ferem profundamente os fundamentos legais e éticos da UERR, que em seu regimento interno geral impõe deveres de transparência, integridade e prestação de contas às instâncias superiores da administração universitária.
“É inadmissível que práticas criminosas se instalem no âmbito da gestão universitária, minando a confiança da sociedade e comprometendo o futuro de estudantes, professores e servidores. A imagem da UERR tem sido reiteradas vezes prejudicada por escândalos dessa natureza que ganham a mídia local, o que evidencia a fragilidade dos atuais mecanismos de controle e exige reformas profundas nas estruturas de fiscalização e participação da comunidade universitária nas decisões estratégicas da administração superior”, ressalta o sindicato na nota de repúdio.
Devido a gravidade das alegações e diversas polêmicas envolvendo a Universidade Estadual de Roraima, o sindicato também impôs algumas exigências à direção da UERR.
Dentre elas, está uma revisão dos processos de nomeação e gestão feitos pela Reitoria, com maior participação dos colegiados e instâncias democráticas da UERR. Outra exigência é a de que a comunidade acadêmica seja ouvida nas decisões dentro da universidade, em acordo com a norma da instituição.
Além dessas, o sindicato também exige a investigação da operação com rigor, imparcialidade, transparência e que o Governo do Estado atue para garantir o funcionamento da universidade, a integridade de seus recursos e a prevenção da autonomia universitária.
“Esta é uma crise sem precedentes na história da UERR, e deve marcar um ponto de inflexão inadiável. O momento impõe coragem para enfrentar as fragilidades internas e implementar reformas profundas que garantam a integridade, a governança democrática e a efetividade da missão da UERR enquanto Instituição de Ensino Superior pública, gratuita e de qualidade”, finalizou o Sinduerr, em nota.
A FolhaBV entrou em contato com a Universidade Estadual de Roraima que, por meio de nota, que a atual gestão tem seguido o Regimento Interno e o Estatuto da universidade, mantendo uma escuta ativa e respeitosa com todos os seguimentos da Instituição.
A Universidade Estadual de Roraima (UERR) informa que está sempre aberta ao diálogo com toda a comunidade acadêmica. A atual gestão tem seguido o Regimento Interno e o Estatuto da universidade, mantendo uma escuta ativa e respeitosa com todos os segmentos da instituição.
Reforçamos que as decisões da UERR são discutidas e aprovadas no Conselho Universitário (CONUNI), que conta com representantes dos estudantes, professores e técnicos administrativos. É nesse espaço que os assuntos importantes da universidade são debatidos de forma coletiva e transparente.
A UERR afirma seu compromisso com a legalidade, transparência e com a plena cooperação com os órgãos competentes, estando à disposição para prestar todas as informações que se fizerem necessárias ao regular andamento das apurações, sempre que requisitada, em respeito ao devido processo legal.
Confira a Nota de Repúdio dos Professores
A Direção do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Roraima (SINDUERR), diante das graves denúncias de corrupção e desvio milionário de recursos públicos envolvendo diretamente as últimas gestões da UERR, manifesta publicamente seu mais enérgico repúdio a quaisquer práticas que violem os princípios constitucionais e institucionais que regem a administração pública e a educação superior.
No último dia 8 de abril, conforme amplamente divulgado na imprensa local, a Polícia Federal deflagrou operação que apura um esquema criminoso de fraudes em licitações, com prejuízo estimado em mais de R$ 100 milhões. A investigação tem como alvos o ex-reitor Regys Freitas e o atual reitor Cláudio Travassos (vice-Reitor na gestão passada), além de outros servidores e uma empresa privada. Segundo as notícias veiculadas, o esquema consistia na manipulação de processos licitatórios e contratos da UERR, resultando em possível enriquecimento ilícito de seus articuladores e desvio sistemático de recursos destinados à educação pública (Fonte: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2025/04/08/pf-apreende-carros-de-luxo-r-500-mil-em-relogios-jet-ski-e-ate-aviao-com-ex-reitor-suspeito-de-desvio-da-uerr.ghtml)
Esses fatos, se confirmados, ferem de forma profunda os fundamentos legais e éticos da UERR, definidos em seu Estatuto (Decreto nº 24.022-E/2017) como instituição de natureza pública, sem fins lucrativos, voltada à promoção do ensino, da pesquisa e da extensão (art. 1º), regida pela autonomia administrativa, financeira e científica (art. 2º), e comprometida com a moralidade, a eficiência e o interesse público.
Do mesmo modo, o Regimento Geral da Universidade (2013) impõe deveres de transparência, integridade e prestação de contas às instâncias superiores da administração universitária, cabendo à Reitoria o dever de zelar pela legalidade e pela função social da Universidade Estadual de Roraima, nos termos de seus arts. 12 e seguintes.
É inadmissível que práticas criminosas se instalem no âmbito da gestão universitária, minando a confiança da sociedade e comprometendo o futuro de estudantes, professores e servidores. A imagem da UERR tem sido reiteradas vezes prejudicada por escândalos dessa natureza que ganham a mídia local, o que evidencia a fragilidade dos atuais mecanismos de controle e exige reformas profundas nas estruturas de fiscalização e participação da comunidade universitária nas decisões estratégicas da administração superior.
Reafirmamos: a UERR é maior que essa crise noticiada. A comunidade docente permanece comprometida com sua missão institucional, resistindo a qualquer tentativa de captura política ou corrupção estrutural. A universidade é um patrimônio coletivo da sociedade roraimense e deve ser defendida com firmeza e responsabilidade.
Diante da gravidade do momento, exigimos que:
As investigações prossigam com total rigor, imparcialidade e transparência, respeitando o devido processo legal e assegurando a responsabilização exemplar de todos os envolvidos;
A comunidade acadêmica seja ouvida e envolvida em mecanismos de controle social e auditoria interna, conforme previsto nas normas da universidade;
Sejam revistos os processos de nomeação e gestão da Reitoria, com maior participação dos colegiados e instâncias democráticas da UERR;
O governo estadual, responsável pela supervisão da instituição, atue de forma proativa para garantir o pleno funcionamento da universidade, a integridade de seus recursos e a preservação da autonomia universitária.
Esta é uma crise sem precedentes na história da UERR, e deve marcar um ponto de inflexão inadiável. O momento impõe coragem para enfrentar as fragilidades internas e implementar reformas profundas que garantam a integridade, a governança democrática e a efetividade da missão da UERR enquanto Instituição de Ensino Superior pública, gratuita e de qualidade.