Na tarde de ontem, mais de 2 mil indígenas se reuniram em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, localizado na praça do Centro Cívico, para apoiar a comissão com 40 representantes da educação e dos povos indígenas convocados pelo Governo do Estado para uma reunião afim de que uma negociação ponha fim na greve dos professores, que dura há mais de 20 dias.
Membros do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) foram impedidos de entrar no prédio, uma vez que nesta semana já tiveram oportunidade de discutir propostas com a governadora Suely Campos (PP).
Os integrantes da comissão elaboraram um documento em conjunto contendo toda a pauta de reivindicações que, segundo eles, são necessárias para o retorno das atividades educacionais nas comunidades indígenas do Estado, inclusive com uma linha que pede a exoneração da secretária de Educação, Selma Mulinari.
Grupos indígenas se manifestaram na entrada principal da casa administrativa do governo com danças e palavras de protesto, alegando que a atual secretária não tem competência para gerir a Educação do Estado.
A assessora de comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Mayra Celina, relatou que os pedidos dos educadores indígenas devem ser atendidos em curto e médio prazo, caso contrário, não haverá entendimento entre as partes. “Uma das propostas principais é a exoneração da secretária, além da votação do Plano Estadual de Educação (PEE), que deverá ocorrer na semana que vem na Assembleia Legislativa. Outra proposta está relacionada ao material didático, merenda escolar, reforma e construção de escola. Então, é um conjunto de documentos para firmar compromisso”, destacou.
Um número considerável de profissionais da educação aguardava o término da reunião. “Quem fica de fora também fica apreensivo. O que queremos é ter certeza de que vamos retornar para as comunidades e não teremos mais dificuldades de lecionar, porque sem qualidade no ensino não tem aprendizagem. Fico indignada com a cegueira do governo. Não temos escolas com boas condições, o transporte escolar não funciona como deveria, a merenda escolar é muito ruim, então, falta comprometimento e é isso que estamos cobrando, nada de mais”, frisou a professora Maria das Graças Mora.
A governadora Suely Campos pontuou, durante a reunião, que a greve está prejudicando a entrega de merendas, por exemplo. “Há escolas para as quais não estamos conseguindo entregar a merenda porque não há ninguém para recebê-la. Isso gera custos e tempo”, afirmou.
Suely ressaltou ainda que a situação atual da Educação indígena e não-indígena é de grande dificuldade. “Os recursos que temos foram planejados na gestão anterior, mas nós estamos nos planejando para os próximos quatro anos para mudarmos esse cenário que encontramos”, ressaltou.
SINTER – O Presidente do Sinter, Ornildo Roberto, explicou que a audiência dos professores não indígenas com a governadora aconteceu na segunda-feira, 24, e que é compreensível somente indígenas estarem participando da reunião. Quanto ao fim do movimento grevista, Ornildo não determinou data limite. “Na verdade, o Governo nos fez uma proposta na segunda-feira e nós já protocolamos um documento, em seguida, dizendo que estávamos analisando as propostas que o Governo fez. Hoje, vamos enviar uma contraproposta com os pontos de pauta que recebemos. Por enquanto, estamos discutindo ainda a lei 892 [que dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCR)]”, reforçou.
No que se refere ao processo 000.15.001674-9, que pede cortes dos pontos faltosos dos professores da rede estadual que continuam em greve, a Justiça intimou o Governo a informar no prazo de cinco dias. O Sinter aguarda uma resposta da assessoria jurídica, que trabalha para fazer a defesa da contestação da ilegalidade da greve, dentro do prazo determinado. (J.B)