Cotidiano

Professores manifestam por melhorias na rede estadual de ensino

Além dos servidores, alunos de escolas públicas da Capital e professores da rede escolar indígena também estiveram presentes na greve em apoio à causa

A manifestação dos professores da rede estadual de ensino teve início nesta segunda-feira, 10, na Praça do Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR). Além dos servidores, alunos de escolas públicas da Capital e professores da rede escolar indígena também estiveram presentes na greve em apoio à causa.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter-RR), Ornildo Roberto, a greve foi iniciada após o Governo do Estado não cumprir o acordo feito em março com a categoria.

“Em março passamos onze dias paralisados, suspendemos a greve, fizemos um acordo com o Governo, mas infelizmente para nossa surpresa o governo não cumpriu com aquilo que realmente se comprometeu e aí a categoria se sentiu enganada”, relatou o presidente.

“Infelizmente em assembléia geral, após buscarmos diálogo com o governo e as portas estarem fechadas, mais uma vez decidimos deflagrar uma greve pra que a categoria possa ser ouvida e mais uma vez ter suas reivindicações atendidas”, afirmou Ornildo.

As principais questões, segundo o presidente, é a implementação da Lei nº 892, que trata do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCRR) dos Servidores da Educação Básica e o PCCR dos técnicos de ensino médio e fundamental.

Conforme o presidente, no primeiro momento, já são cerca de 80% das escolas paralisadas e a previsão é que até o final de semana, o movimento esteja em 100%.

APOIO ESTUDANTIL

Alunos das escolas Ayrton Senna, Gonçalves Dias, Ana Libória, Vitória Mota Cruz e Maria das Dores também estiveram presentes na paralisação, em apoio à causa. Com cartazes e gritos de guerra entoando “que a aula de hoje é aqui na rua”, os estudantes se dirigiram à frente do Palácio do Governo, onde também cantaram o hino nacional.

Para Lúcio Ferreira, de 17 anos, representante do Movimento Estudantil e presidente do Grêmio Estudantil da Escola Ayrton Senna, a situação das escolas é crítica. “O quê impede o governo de dar uma boa educação pros estudantes?”, questionou.

Já para Ísis Graziele, também de 17 anos, representante internacional do parlamento juvenil do Mercosul em Roraima e vice-presidente do Grêmio Estudantil da Escola Ayrton Senna, o apoio dos estudantes é uma forma de aprendizado. “Hoje a aula é aqui na rua, mas a gente não está sem aprender, a gente ta aprendendo que a gente tem direito de manifestação pelos nosso direitos, a gente ta aprendendo que todo poder emana do povo e a gente ta aprendendo que se a governadora está lá hoje é por que nós colocamos e nós confiamos nela pra isso, e nós precisamos da resposta dela”.

ESCOLAS ÍNDIGENAS

Durante a manifestação, também houve a 4ª Marcha dos Povos Indígenas de Roraima em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado no domingo, 9 de agosto.

A celebração que comemora as conquistas dos povos indígenas esteve reunida para debater a educação escolar indígena e decretar o início da greve dos professores indígenas.

Segundo Mário Nicácio, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), uma das principais razões da paralisação é a proposta do Governo do Estado de excluir a Modalidade de Educação Indígena do Plano Estadual de Educação.

“Nós já mandamos uma proposta pro Governo do Estado. A gente quer que a governadora mantenha a nossa proposta original”, afirmou.

Segundo Nicácio, caso a resposta não seja positiva, as 268 escolas indígenas vão ficar fechadas. “Não adianta trabalhar se não tem condições para os professores e os alunos das comunidades indígenas”, relatou.

OUTRO LADO

Em nota, o Governo do Estado afirma que “considera inoportuna a decisão do Sinter de entrar em greve”.

Segundo o comunicado, o Governo reafirma “o compromisso em cumprir o princípio da isonomia e fazer valer o direito de todos os trabalhadores em Educação, comprometidos com o processo educacional do Estado”.

A nota trata ainda sobre o pagamento dos salários em dia dos professores da rede estadual de ensino e a reforma das escolas. O texto conclui ao expressar que “ os alunos não sejam prejudicados no processo de ensino aprendizagem, com mais uma greve sem justificativa convincente. Para isso, o Governo do Estado não medirá esforços para cumprir os 200 (duzentos) dias letivos e as 800 (oitocentas) horas, independente do ano civil”.

Uma coletiva de imprensa foi marcada para hoje, às 15h30, com a Secretária de Educação, Selma Mulinari, para tratar sobre a questão da greve.