Cotidiano

Professores questionam justificativas do governo do Estado

‘Não há um calendário de pagamento de salários, fica uma coisa indecisa’, diz diretor geral do Sinter

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Os profissionais da Educação estão com o pagamento dos salários de dezembro atrasados e como forma de repúdio organizaram um protesto na Praça do Centro Cívico durante a manhã de ontem, 11. Cerca de cem profissionais se reuniram no local.

O diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter), Flávio Bezerra, classificou o protesto como uma forma de repudiar o tratamento que o novo governo vem dando aos profissionais da área: professores, técnicos, vigias, merendeiras e copeiras.

“Não há um calendário de pagamento de salários. Fica uma coisa incerta. Por último, agora tivemos a situação dos professores. E sabemos que há uma ‘cesta de impostos’ que contribui para a Educação, entre eles o Fundeb, que é o principal, e parcela do FPE, destinada especificamente para o setor. Não são apenas salários”, declarou Bezerra.

O protesto dessa sexta-feira ocorreu porque os profissionais estavam esperando que a promessa feita pelo governo fosse concretizada. Flávio Bezerra contou que o acordado foi que todas as despesas da folha de pagamento seriam fechadas até quinta-feira, 10, mas até o fim do dia ninguém havia recebido.

Em um vídeo divulgado em grupos de um aplicativo de mensagens, Flávio Bezerra chamava os profissionais para o protesto e também afirmava que os salários seriam pagos do “menor para o maior”.

“Acredito que não pode haver divisão entre os trabalhadores em Educação, seja quem ganha salário menor ou quem ganha salário maior. Todos são trabalhadores e devem ser tratados com respeito e dignidade”, declarou o representante do Sinter.

REUNIÕES COM A SECRETÁRIA – Na segunda-feira, 7, o Sinter chegou a se reunir com a secretária estadual de Educação, Leila Perussolo, para discutir algumas pautas. Uma delas, inclusive, sobre os pagamento, quando houve a confirmação de que ocorreriam em 10 de janeiro.

“Tivemos também a pauta do conselho do Fundeb sobre os erros e problemas. Há dinheiro disponível para o governo do Estado que não pode ser utilizado desde 2015 por falta de reunião com o conselho”, declarou Bezerra.

Outras pautas discutidas foram as questões de trabalho e transporte escolar, de progressões, de retroativos e o projeto de encaminhamento dos trabalhadores em Educação.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do governo para saber qual a posição diante do protesto ocorrido sexta-feira. Também questionou se era verdade a afirmação de que o Fundeb não seria mais suficiente para pagar os profissionais da Educação e se havia um prazo previsto para os pagamentos, mas não houve resposta até a conclusão da matéria.

PROTESTOS CONTINUARAM COM OCUPAÇÃO DA SEED

A manifestação na Praça do Centro Cívico durou até as 12h. Após este período, parte dos professores se dirigiu para o prédio da Secretaria de Educação (Seed) onde se encontraram pelos corredores com Leila Perussolo, titular da pasta, e tiveram uma rápida conversa.

“O Estado vai à imprensa e diz que todos os trabalhadores iriam receber dia 10, depois é lançado um falso calendário de pagamento em que alguns receberiam dias 10 e 11, outros, 20, e se desfaz o calendário com uma nota que diz que todos receberão até o fim do dia. Agora, por último, com secretária Leila, ela saiu para algumas reuniões e disse que não tem sequer previsão de pagamento para a Educação”, explicou Bezerra.

O Sinter disse que o posicionamento da entidade de agora em diante será desenhado conforme as atitudes do governo e que a classe de trabalhadores está aberta para o diálogo. (F.A)