Cotidiano

Programa desenvolvido por policial civil roraimense está entre os melhores

Programa tem um banco de dados com mais de dez mil cadastros de infratores, detentos, foragidos ou com mandados de prisão em aberto

O Programa Canaimé, desenvolvido por um policial civil de Roraima, está concorrendo ao Prêmio Innovare deste ano, uma das premiações mais conceituadas da Justiça no Brasil que consiste em identificar, premiar e disseminar práticas inovadoras realizadas por magistrados, membros do Ministério Público Estadual e Federal, defensores públicos e advogados bem como órgãos públicos e privados de todo Brasil, que estejam aumentando a qualidade da prestação jurisdicional e contribuindo com a modernização da Justiça Brasileira.
O agente Arthur Rosas de Almeida Júnior, policial da Dicap (Divisão de Inteligência e Capturas), da Sejuc (Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania), é responsável pela criação do Canaimé. Ele explicou que se trata de um programa com um banco de dados com mais de dez mil cadastros de infratores, de pessoas com histórico prisional, foragidos ou com mandados de prisão em aberto, que pode ser consultado 24 horas, por meio de dados pessoais. O banco tem até um registro com mais de 1.800 tatuagens, que também ajudam a identificar o elemento investigado ou suspeito.
“O projeto começou em 2005. Depois que entramos na polícia, em 2014, sentimos dificuldades no serviço operacional e administrativo. Como eu estudava o curso de Administração de Empresas, o trabalho de conclusão do curso foi sobre essa dificuldade. A partir daí, começamos a desenvolver um sistema de informação da Penitenciária Agrícola e tivemos apoio de toda categoria”, frisou.
O sucesso do programa foi tanto que logo foi instalado nas outras unidades prisionais do Estado e, a partir de 2010, chegou à Dicap, o que tem contribuído para a prisão de criminosos. “Além de proporcionar uma ferramenta de auxílio nas recapturas de foragidos do sistema prisional e na rotina das unidades prisionais, o programa permite gerenciar todas as atividades relativas ao sistema prisional, tanto na área administrativa quanto nas atividades dos detentos, como atividades laborais, visitas de familiares, saídas para atendimento médico, dentre outras”, disse.
Hoje já existe o Canaimé 2 e o Canaimé SCI (Sistema de Cadastro de Infratores). O 2 cuida da parte de informações dos reeducandos do sistema prisional de Roraima e auxilia a Justiça no adiantamento das progressões de regime e no cumprimento das penas. Já no SCI está o cadastro de mais de três mil infratores que passaram pela Dicap. “Todas as informações dos infratores estão neste sistema: nome, apelido, todos os dados pessoais, histórico de fotos atualizadas e até de tatuagens com descrição, o que facilita a identificação dos infratores em menos de um minuto”, frisou.       A alimentação do programa é feita diariamente com inserção de novos dados e pode ser acessada pela rede social whatsapp, que criaram grupos com unidades policiais do Estado e federais. “Temos mais de mil policiais do Estado cadastrados neste programa e que podem acessar consulta 24 horas por dia com tempo de resposta em menos de um minuto de seus próprios aparelhos smartphone, fruto de investimento pessoal, e assim cumprir melhor seu trabalho de rua”, frisou.
Embora não tenha dados estatísticos de meses anteriores, Arthur Rosas informou que só no mês de julho foram 27 recapturas feitas com ajuda o sistema, mais de 40 quilos de drogas apreendidas, além 17 veículos recuperados e que estavam com registros de roubos e furtos. “É uma ferramenta de grande importância para o bom trabalho da polícia em Roraima”, afirmou.
SELEÇÃO – O programa Canaimé já foi selecionado na primeira etapa do Prêmio Innovare e a etapa final será em outubro. O consultor da organização veio no mês passado a Roraima para conhecer o programa. “Ressalto a importância do trabalho de cada agente prisional que faz seu trabalho do dia a dia, alimenta os dados que passamos para a Dicap, repassa para todos os policiais do Estado e para o Tribunal de Justiça e, consequentemente, é interligado com todas as comarcas do Estado”, disse. “A ideia agora é levar essa ferramenta para o Brasil inteiro”, frisou. 
CANAIMÉ – Arthur Rosas disse que o nome Canaíme veio do conhecimento que tem da lenda indígena. “A figura do Canaimé é como se fosse o justiceiro que, quando o índio comete alguma infração entre eles, o Canaimé dá um corretivo. Como o programa é para gerir o sistema prisional, fiz essa analogia”, frisou. (R.R)