Na adolescência, uma época conhecida por ser uma fase difícil de transição da infância à juventude, fica mais difícil para os educadores prenderem a atenção dos alunos tempo suficiente para passar o conteúdo. Com o objetivo de facilitar a aprendizagem neste período, o Ministério da Educação (MEC) lançou o programa “Escola do Adolescente” com período de adesão até 21 de janeiro.
O programa foi lançado oficialmente em 20 de dezembro pelo Governo Federal. Até o momento, somente 950 municípios aderiram ao “Escola do Adolescente”, ou seja, 17% das mais de 5,5 mil cidades do país. Embora questionada pela Folha, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) não soube responder quantos municípios do Estado já aderiram ao projeto.
Mesmo com a aparente falta de adesão das escolas do Estado até o momento, profissionais da área de Pedagogia acreditam que o projeto trará benefícios para os alunos. Para a pedagoga Patrícia Kelly, ele tem tudo para ser positivo, contanto que haja um engajamento de docentes e discentes.
“A prática em sala de aula deve ser mudada para que seja atrativa ao aluno. Infelizmente, hoje ainda temos professores que continuam com suas metodologias iguais às de dez anos atrás”, relatou. “Isso faz com que o aluno perca o interesse em estudar, em saber que aquilo ali pode ser um ponto positivo para o seu desenvolvimento intelectual e social”, acrescentou.
No caso dos alunos, a pedagoga ressaltou que o programa também poderá colaborar no desenvolvimento dos estudantes. “Dar essa chance para os jovens em ter voz ativa, participando, trocando conhecimento. Quando eles compreendem do que realmente estão falando, isso tende a aumentar seu interesse dentro da sala de aula”, completou Patrícia.
ADESÃO – O Ministério da Educação informou que o processo de adesão ao programa tem duas etapas. A primeira é a da inscrição das secretarias de educação, tanto as estaduais quanto as municipais no site do programa, no endereço http://adolescente.mec.gov.br.
Assim que as secretarias estaduais fizerem as inscrições, é a vez da segunda etapa com a adesão das escolas, feita pelos diretores das unidades de ensino que tenham alunos nos anos finais do ensino fundamental.
Para dar suporte ao programa, o MEC estipulou a formação de um grupo de apoio com 53 coordenadores estaduais que ficará responsável por coordenar, planejar e implementar o programa junto às redes de ensino.
“Os municípios também indicarão coordenadores municipais e as escolas, coordenadores de projeto, o que permitirá um bom fluxo de informações, assim como apoio e trocas de boas práticas”, completou o Ministério da Educação.
Entenda o funcionamento do programa Escola do Adolescente
Com a adesão ao programa será garantido o acesso a uma plataforma digital no ambiente virtual de aprendizagem do MEC. A plataforma servirá de apoio na elaboração e implementação de um plano de ação e na revisão das práticas pedagógicas.
Lá, as redes de ensino poderão personalizar os cursos e adequá-los da melhor forma. Será fornecido ainda um diagnóstico detalhado considerando o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), proficiência e fluxo escolar.
“Para complementar o diagnóstico, a plataforma fornecerá ainda instrumentos para avaliações diagnósticas em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Inglês, já alinhadas às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e junto aos estudantes dos anos finais. Também estarão disponíveis ferramentas de escuta da percepção que os estudantes têm sobre o ambiente escolar e uma área de compartilhamento de boas práticas”, frisou o MEC.
ESCOLA DO ADOLESCENTE – Lançado em 20 de dezembro, o programa Escola do Adolescente tem como objetivo promover a melhoria da aprendizagem, combater a repetência e o abandono nos anos finais do ensino fundamental.
A ferramenta inclui estratégias para que gestores e professores possam criar um ambiente melhor de trabalho, focado na participação do adolescente. O programa também visa a formações específicas para os educadores a partir de fevereiro do ano que vem.
De acordo com o MEC, o programa foi criado em razão dos dados negativos levantados pelo Ideb, principal indicador da qualidade do ensino básico no Brasil. A pesquisa apontou que nos últimos anos do ensino fundamental, do sexto ao nono, 45% das escolas não alcançaram as metas estabelecidas em 2017.
De cada cem alunos, apenas cinco concluem a formação com aprendizado adequado em Língua Portuguesa e três, em Matemática. Os índices de insucesso dos estudantes (reprovação e abandono) atingem 14,5% na rede pública. (P.C.)