Indígenas da etnia Wai-Wai aprovaram por unanimidade o “Projeto-Piloto Samaúma” que pretende assegurar internet e energia elétrica à comunidade Samaúma, no município de Caroebe (RR), a 377 quilômetros de Boa Vista. O projeto foi apresentado, em assembleia, por uma equipe do Fórum de Energias Renováveis, que viajou até a localidade. Agora, a ideia segue para captação de recursos para a realização.
A execução da iniciativa deve durar um ano e conta com a implementação de sistema de geração fotovoltaica com armazenamento de energia; revisão e recuperação em vários trechos da infraestrutura de distribuição da rede; além de ajudar a suprir as demandas domésticas, de entretenimento, educação, cultura, saúde e atividades de produção na comunidade.
Segundo o engenheiro Frederico Peiró, o projeto pode ser replicado em outras localidades remotas da região. “Embora existam geradores a diesel ali instalados, são registrados frequentes colapsos pelo fato de serem antigos e por falta de manutenção. Nessa perspectiva, as energias poluentes vão gradativamente dando lugar às renováveis”, destacou.
Colaborador do projeto que fez a visita técnica à comunidade indígena, Ederson Rodrigues informou que falta constantemente energia elétrica por conta do difícil transporte do diesel e, quando tem combustível, a energia só dura duas horas por dia. “Não tem como guardar vacinas e medicamentos, não é possível utilizar ferramentas elétricas e também há dificuldades na utilização de celulares, rádio e internet”, frisou.
Os problemas da comunidades
No início deste ano, o Fórum de Energias Renováveis investigou a problemática e constatou que a comunidade sofria, há um ano e meio, com a falta de água potável. Os indígenas estavam bebendo água de riachos, impróprias para consumo humano. Como consequência, adultos e crianças adoeceram.
A situação do bombeamento de água foi resolvida de forma emergencial, mas era clara a necessidade de avançar e criar novos mecanismos para assegurar uma entrega de energia elétrica regular e de melhor qualidade: renovável e sustentável.
O projeto foi elaborado pelo Fórum de Energias Renováveis – que tem como um de seus desafios levar às comunidades isoladas na Amazônia acesso à energia limpa, com eficiência, justiça social e desenvolvimento local. A iniciativa ainda tem o apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé).
“Esse projeto foi aprovado porque precisamos de uma energia limpa. Hoje nós usamos motor a diesel, isso prejudica o meio ambiente. Essa iniciativa vai preservar a natureza e ajudar nossa comunidade na manutenção de alimentos, nas escolas e na saúde,” disse Miguel Wepaxi Wai-Wai, coordenador regional do povo Wai-Wai.
O projeto também é colaborativo. Os jovens escolhidos pela comunidade irão receber qualificação e treinamentos técnicos. Além disso, devem montar os equipamentos de energia solar na comunidade, cuidar das usinas e montar novas instalações em outras comunidades. Os novos técnicos serão remunerados pelo serviço.