Cotidiano

Protesto: bicicleta é acorrentada em poste

Família cobra da polícia que encontre motorista que atropelou e matou lavador de carro na avenida Getúlio Vargas

A diarista Feliciana Borges, de 31 anos, ainda não superou o trauma. Na noite de 27 de abril passado, o marido dela, o lavador de carros Francisco Carlos Ferreira, de 41 anos, foi atropelado e morreu a menos de 20 metros da porta de sua casa, na avenida Getúlio Vargas, no bairro Canarinho, zona Leste. O motorista fugiu sem prestar socorro e até hoje o caso continua sem resposta.
A família de Ferreira faz cobrança às autoridades e exige que o motorista infrator pague pelo crime. Esta semana, na tentativa de pressionar o poder público, amigos pintaram de branco a bicicleta da vítima, pedindo paz no trânsito, e ainda colocaram flores no guidão.
A cena chama atenção. A bicicleta está acorrentada a um poste de energia. “Ele pedalava pela avenida quando foi atropelado por um carro que vinha em alta velocidade. O motorista sequer parou para prestar socorro e meu marido morreu ali mesmo, minutos depois”, relembrou a viúva.
Feliciana também recorda que estava em casa quando escutou o barulho. “Foi um estrondo horrível, um grande impacto. Então, corri para ver o que era e quase morri do coração quando vi meu marido ali, caído, todo ensanguentado e dando os últimos suspiros. Nunca vou esquecer”.
O titular da Delegacia de Acidentes de Trânsito (DAT), delegado Douglas Cruz, disse ontem à noite, por telefone, que já abriu inquérito e o caso está sendo investigado. Ele acredita que o motorista que fugiu sem prestar socorro vai ser indiciado, mas não deu data.
O delegado aproveitou para pedir ajuda da população. “Quem tiver informações a respeito de uma SW-4 branca, batida na frente, pode ligar para o 0800 95 10 00. Já sabemos que este foi o veículo que se envolveu no acidente. Estamos agora tentando localizar o motorista”, disse ao frisar que está de posse de imagens de câmeras de segurança.
Ele orientou os condutores a não fugirem do local do acidente, mesmo se não tiverem culpa. “Se a pessoa se evadir, deixando de prestar socorro, ela acaba cometendo crime de omissão. Portanto, mesmo não tendo culpa, tem que prestar socorro”, orientou.
Moradores afirmam que avenida virou local para ‘rachas’ noturnos
Apesar de a avenida ser pouco movimentada naquele trecho, segundo moradores, os acidentes são frequentes, principalmente aos finais de semana, quando jovens de classe média de bairros das zonas Norte e Leste da cidade aproveitam as boas condições da pista para fazer “rachas”.
“Não é o primeiro que morre aqui. Quem matou o Francisco Ferreira vinha correndo a mais de 120 quilômetros por hora. Os acidentes são frequentes e ninguém faz nada. Então, pedimos que os órgãos de trânsito tomem providências antes que mais gente perca a vida neste trecho da avenida”, alertou o aposentado José Rodrigues Araújo, de 71 anos.
Ainda conforme os moradores, os “rachas” acontecem às madrugadas das sextas-feiras e dos sábados. O público é formado principalmente por adolescentes. Eles bebem, usam drogas ilícitas e fazem apostas. Os carros utilizados nos “rachas” vão de picapes a importados, todos com motores possantes, conforme relatos de moradores.
“A gente liga para a polícia, mas ela nunca vem. Ou quando vem, chega atrasada. Os ‘filhinhos de papai’ correm e desaparecem assim que percebem a chegada da polícia. Ninguém nunca foi preso. Esses ‘pegas’ já mataram e vão continuar matando se ninguém tomar providências”, reiterou o aposentado. (AJ)