Protesto de indígenas contra o marco temporal na BR-174 completa 15 dias

o Conselho Indígena de Roraima (CIR) afirmou que o movimento já reuniu cerca de 2 mil indígenas

As manifestações acontecem desde o dia 29 de outubro (Foto: Divulgação/CIR)
As manifestações acontecem desde o dia 29 de outubro (Foto: Divulgação/CIR)

As manifestações de indígenas contra o marco temporal chegaram ao 15° dia de ato. Nesta terça-feira (12), acontece mais uma mobilização na BR-174, com sentido à Pacaraima, desde às 6h, e na comunidade indígena Jacarezinho, na região da Raposa, em Normandia.

Conforme o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o movimento já reuniu cerca de 2 mil indígenas, entre idosos, estudantes e crianças, de várias regiões do estado, que participam da mobilização de forma pacífica.

Bloqueio da BR-174 causou fila de carros nesta terça-feira, 12 (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Desde o dia 29 de outubro, a mobilização acontece na comunidade indígena Sabiá, na região do Alto São Marcos, na terra indígena São Marcos e na comunidade Jacarezinho, na terra indígena Raposa Serra do Sol. Além disso, o grupo também se mobilizou na Serra da Lua e no Amajari.

O grupo informou que só deixará a rodovia após conversar com o senador Hiran Gonçalves (Progressistas-RR), autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48 do marco temporal. A tese afirma que os povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam ou disputavam na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

“Tivemos dia pra sair de casa, mas não temos dia para voltar. E só vamos sair quando o senador Hiran vir aqui com a gente. A gente já decidiu. Enquanto não aparecerem aqui, enquanto não retirarem essas PECs, a gente não vai sair daqui”, disse o grupo, que também manifesta contra a lei federal de 2023 que estabelece a tese, e as ações diretas de inconstitucionalidade inerentes ao tema, em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Foto: Divulgação/CIR

Na primeira semana, o movimento enviou uma carta às autoridades públicas, como o presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (PT), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares do Congresso Nacional e demais autoridades. No documento, pedem o arquivamento da PEC 48 e a suspensão da Lei 14.701, em debate na mesa de conciliação criada pelo STF e conduzida pelo ministro Gilmar Mendes.

Durante a mobilização, as comunidades indígenas também fazem a exposição de produtos orgânicos e realizam apresentações de cantos e danças de diferentes povos, como Macuxi, Wapichana, Wai-Wai, Ye’kwana e Taurepang.