Público não conhece projeto de complexo poliesportivo

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidades

Quem costuma frequentar o Parque Anauá desconhece que no local está sendo construído um complexo poliesportivo. A obra foi dividida em duas partes. A primeira, que deveria ter sido concluída em maio do ano passado, inclui uma lanchonete, duas quadras poliesportivas cobertas, um campo de futebol society, uma pista pavimentada para cooper, um relógio solar em granito, além da urbanização.

Para a segunda etapa está prevista uma academia, um campo de futebol gramado com sistema de irrigação e drenagem, pista de atletismo oficial de oito raias, dentro dos padrões do Comitê Olímpico Internacional e Estadual – o que permitirá o treinamento e a realização de competições em modalidades olímpicas – além da complementação da pista pavimentada para cooper, arquibancadas ecológicas para os campos, uma guarita para segurança dos usuários e urbanização.

O servidor público Ulysses Correia, 54, é frequentador assíduo do Parque Anauá. Todas as manhãs e fins de tarde, ele alterna caminhadas e corridas. Disse que, atualmente, com a chegada da Força Nacional, o trajeto diário tem sido tranquilo, mas já teve medo de ser assaltado no local.

“A falta de segurança nos últimos anos tem sido um problema, não só aqui no parque, mas em toda a cidade. Uma reforma, da maneira como você está me falando, seria a solução para quem, assim como eu, gosta de praticar esportes com segurança. Mas, te confesso, estou tomando conhecimento desse projeto agora. Frequento o parque todos os dias e nenhuma obra me chamou a atenção”, disse Correia.

O casal de professores Eduardo e Ana Claudia Dias também caminhava no parque, no fim da tarde da última sexta-feira, 18, e do mesmo jeito que o colega de caminhada Ulysses, desconhecia o projeto de revitalização do local.

“A gente nem sabia dessa obra. Onde está sendo feita? Aqui no parque? Acho que está só no papel, né?”, indagou Ana Claudia.

Um grupo fazia um piquenique no local. Ao serem questionadas sobre as obras do parque, as pessoas também relataram desconhecer o projeto, mas fizeram uma observação.

“Só espero que não mexam nessa área onde a gente costuma fazer piqueniques. Tem muito mato aqui ao redor, muita área abandonada, então, que usem essas áreas pra construir esse complexo”, ressaltaram.

Nossa equipe de reportagem andou pelo Parque Anauá. No local, avistamos tapumes onde parece estar sendo construído um campo de futebol. Abordamos um operário da construção que nos informou que aquela era a única obra que ele conhecia que estava em andamento.

No início de dezembro do ano passado, o deputado Jhonatan de Jesus (PRB), autor da emenda parlamentar que garantiu recursos para execução da obra, falou sobre a revitalização do Parque Anauá em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3.

“Todas as pessoas que quiserem praticar atividades físicas num lugar seguro, terão o Parque Anauá como referência, que vai estar com uma nova roupagem. A primeira etapa já está com 80% da obra concluída. A segunda será o verdadeiro legado olímpico. Um campo poliesportivo com todos os quadros das olimpíadas, nós teremos pista de atletismo homologada pela Confederação Brasileira de Atletismo, nós teremos um campo de futebol olímpico”, disse na época.

Os recursos destinados à revitalização, de acordo com o parlamentar, seriam de R$ 23,5 milhões, sendo que R$ 14,5 milhões destinados para a primeira etapa e R$ 9 milhões, para a segunda.

“A obra foi empenhada entre 2015 e 2016, logo depois ficou apta para apresentação do projeto, mas o governo só resolveu isso no final de 2016, o que a atrasou em mais de um ano”, ressaltou.

O parlamentar ressaltou ainda que cerca de 90% dos recursos já estariam na conta do Estado, menos de 10% ainda precisariam ser encaminhados. No entanto, ele afirmou que a obra estava parada porque o governo anterior não havia pagado a contrapartida inicial, que ficaria em torno de R$ 40 mil.

“A contrapartida é o valor proporcional ao recurso que a União repassa, e como o Estado não pagou, a obra está parada. A previsão inicial de entrega era para maio deste ano e agora, com recursos em conta, se o governo pagar a contrapartida, a gente espera que em junho de 2019, antes do período das chuvas, a gente possa entregar o complexo poliesportivo no Parque Anauá”, ressaltou.

OUTRO LADO – O governo do Estado, por meio de nota, informou que, de acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf), “as obras do Parque Anauá foram divididas em duas etapas, mas estão sendo executadas simultaneamente. A previsão de conclusão é em fevereiro de 2019”.

Mas, os valores para execução da obra divulgados por meio de nota encaminhada pela Secretaria de Comunicação divergem dos mencionados pelo deputado federal Jhonatan de Jesus, que seriam de R$ 23,5 milhões, sendo que R$ 14,5 milhões destinados para a primeira etapa e R$ 9 milhões, para a segunda.

De acordo com a nota, a primeira etapa da obra de revitalização do Parque Anauá tem “investimentos de R$ 5.088.696,07”, e já está 78% concluída. Já para a segunda etapa, “serão investidos R$ 8.978.160,33. Atualmente, os serviços estão em torno de 27%. Devido ao atraso da obra, a empresa já foi notificada e multada. A previsão é que essa etapa seja retomada até o fim deste mês”, destacou a secretaria.

MUSEU INTEGRADO – Quanto ao Museu Integrado de Roraima (MIRR), a Secretaria de Comunicação, por meio de nota, informou que, de acordo com o Instituto de Amparo à Ciência e Tecnologia da Inovação (IACTI), ele “foi interditado em 2012, após perícia do Corpo de Bombeiros, que constatou a estrutura imprópria para manter e expor as peças”.

A nota esclarece ainda que as obras atuais não contemplam a revitalização do museu e que “no momento, está sendo realizado levantamento para ser feito projeto para a reforma do local, que será apresentado aos ministérios da Cultura e da Ciência e Tecnologia, a fim de obter verba para realização da obra”.

ANFITEATRO – Quanto ao anfiteatro, em 2017 o local passou por revitalização na estrutura interna e aguarda a composição da nova gestão administrativa do parque para que seja feita apenas a manutenção na parte externa, esclareceu a nota encaminhada pela Secretaria de Comunicação.