No estado de Roraima, aproximadamente 20 mil pedidos de protestos são recebidos todos os meses no 1º Cartório de Ofício Joziel Loureiro que distribui parte destes processos para o 2º Cartório de Ofício Daniel Aquino. Isso representa aproximadamente 240 mil pedidos de protestos em um ano, segundo informou o tabelião Joziel Loureiro.
Os protestos mais comuns que dão entrada no cartório são referentes a certidões de dívidas ativas, tanto federais, estaduais ou municipais, contratos de locação, prestação de serviços e de compras de mercadorias.
“Por exemplo, as pessoas estão com dívidas na Receita Federal, que gera uma Certidão de Dívida Ativa (CDA) e manda para o cartório para que faça o contato com o devedor”, disse.
A tabeliã substituta do 2º cartório, Marilena Mota, explicou que as custas de cada protesto variam de acordo com a representante. Se é de banco, pessoa particular ou do setor público federal, estadual ou municipal. “Seguimos uma tabela de custas que foi instituída pelo Tribunal de Justiça e que varia de R$ 500 a R$ 100 mil”, afirmou.
Já o tabelião Loureiro ressaltou que o pagamento não é feito por quem protesta, mas por quem está sendo protestado, o que acontece sempre ao final do processo. “Se houver o pagamento, recebe quem está protestando e nós do cartório, se não os dois nada recebem”, afirmou.
Loureiro informou ainda que a pessoa que pretende entrar com um protesto deve comparecer ao Cartório do 1º Ofício, na Ville Roy, portando seus documentos pessoais e o título de crédito que ele quer protestar, que seja um contrato, cheque, nota promissória, ou outro documento de dívida.
“No cartório vamos proceder à verificação formal do título protestado, se estiver apto, vamos enviar uma notificação para o devedor para que ele pague ou apresente comprovante que esteja quitado”, disse. “Não havendo o pagamento, ele é protestado e as empresas que trabalham com concessão de crédito, como bancos, SCPC e Serasa, requerem estas informações e, por lei, somos obrigados a enviar as informações para alimentar seus bancos de dados”, afirmou.
“O protesto existe para tentar auxiliar na recuperação de créditos e na proteção do sistema de créditos como um todo, não só o bancário, mas a pessoas que têm um pequeno comércio, que vende a prazo, mas têm medo de levar calote”, disse.
INÍCIO – Loureiro informou que o ato de protestar dívidas começou no início do século passado, na Itália.
“A pessoa ia à praça pública dizer que tinha sido vítima de um ‘calote’. E fazia isso na tentativa de evitar que outras pessoas que estivessem vendendo a prazo caíssem na mesma situação”, disse. “O protesto visa proteger o crédito”, afirmou.
Ele citou ainda que o Brasil tem uma das maiores taxas bancárias do mundo. “Nossos juros são muitos altos, e um dos motivos é a inadimplência. A ideia é conseguirmos diminuir a inadimplência e, com isso, conseguir também diminuir os juros, para que o mal pagador não acabe prejudicando o bom pagador”. (R.R)
“Protesto ainda não é uma ferramenta muito utilizada no Estado”, diz tabelião
O tabelião Joziel Loureiro informou que os dados poderão ser consultados de graça, nos totens que o Cartório vai instalar (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Apesar de aproximadamente 20 mil pessoas procurarem os cartórios para entrar com protesto de cobrança em Roraima, Joziel Loureiro disse que esse número ainda é considerado um número baixo, devido a muitas pessoas não fazerem o protesto em cartório com receio dos custos e de desconhecer a ferramenta.
“Fazer o protesto ainda não é uma ferramenta muito utilizada em Roraima. Muitas pessoas acham que é caro e que vai aumentar ainda mais seu prejuízo, mas não é isso que acontece. Não estamos mais cobrando a taxa de inscrição do protesto desde 2016. E tomamos esta decisão por entender que não é justo a pessoa que já sofre o calote, ainda ter que pagar para protestar. Então quem tem que pagar é o protestado, que paga o que deve e paga custas de cartório”, afirmou.
Loureiro informou que o cartório de Roraima se antecipou ao Provimento número 87 do Conselho Nacional de Justiça que ainda vai lançar essa gratuidade a partir do dia 29 deste mês.
“Esse provimento vai fazer com que quem estiver protestando seja gratuito, que não tenha despesas para ingressar com o pedido. O pagamento é feito pelo protestado, ao fim do processo. Já fazemos isso há três anos em Roraima e isso vai aumentar o número de pessoas que vão procurar os cartórios para protestar”, disse. “Além do mais, as pessoas podem consultar de graça o protesto e pesquisar o CPF dos clientes. Basta baixar o aplicativo ‘Consulta Protesto’ gratuitamente e pode consultar qualquer CPF ou CNPJ do País, e assim saber se a pessoa tem alguma dívida pendente em seu nome e decidir com tranquilidade se ofertar ou não aquele credito”, disse.
Ele informou ainda que os dados dos clientes poderão ser consultados de graça, a partir de dezembro, nos totens que o Cartório vai instalar nos dois shoppings, no Fórum Sobral Pinto e nos Procons Assembleia e do Estado. Ele ressalta que com a pesquisa nos totens vai aparecer se o cliente é um bom pagador ou não. E até as pessoas vão poder saber se estão sendo protestadas.
“Muitas vezes as pessoas podem ter sido vítima de um estelionatário e nem sabe e assim fica sabendo de graça”, afirmou. “Neste caso, entra com pedido judicial para ter seu nome retirado do protesto e o juiz vai analisar se a pessoa foi vítima de uma fraude”, afirmou. (R.R)