De 1º de janeiro até essa segunda-feira, 10 de junho, foram registrados 89 homicídios em Roraima, o que representa algo em torno de 18 pessoas assassinadas por mês, no estado. Essas são informações de um levantamento não oficial baseado em reportagens noticiadas pelo jornal Folha de Boa Vista. Nesse mesmo período de 2018, segundo dados do setor de estatística e análise criminal da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), com base em levantamento do Instituto de Medicina Legal de Roraima (IML), foram registrados 129 homicídios.
Comparando esse mesmo período de 2018, houve uma redução no número de homicídios, ou seja, neste ano são quase 40 assassinatos a menos. Os casos, segundo a polícia, em sua maioria são associados de alguma forma à guerrilha imposta por facções criminosas por conta da forma como as vítimas foram executadas e, em geral, os crimes foram praticados com uso de armas de fogo e brancas, chave de fenda, e em muito dos casos as vítimas tinham sinais de tortura, espancamento e até tiveram os corpos queimados. As mortes ocorreram tanto no interior do Estado como em Boa Vista.
Os dados levantados pela Folha não foram confirmados pelo Governo de Roraima até o fechamento da reportagem. Nossa equipe entrou em contato desde a última quinta-feira (6.05) com a Secretaria de Comunicação do Governo e com a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) solicitando dados a respeito do número de homicídios em Roraima, inclusive que o secretário de Segurança Pública fizesse uma avaliação desses casos ocorridos no estado, mas não até o fechamento desta matéria, quatro dias depois, não obtivemos retorno.
Confira o quadro com os dados mês a mês das mortes violentas gerais ocorridas em Roraima, como acidentes de trânsito, e casos de suicídios e de homicídios.
Governo tem que pensar como agir após a saída da Força Tarefa, diz especialista
A redução no número de homicídios em Roraima é atribuída, segundo a especialista em segurança pública Carla Domingues, à presença da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária no sistema prisional. “Essa redução é porque antes o Estado não estava presente dentro do sistema, então essa intervenção contribuiu para diminuir esse índice de homicídios, que ainda é considerado alto, pois já foram assassinadas quase 90 pessoas este ano. Mas sabe por quê? Porque a ordem para matar parte de dentro do sistema prisional. Não só a ordem para matar, mas a ordem para cometer delito, crimes de maneira geral”, afirmou.
Sobre a atuação da Força Tarefa, que ficará em Roraima até o mês de outubro deste ano, Carla informou que existe uma grande possibilidade de haver um retrocesso se o gestor não observar que o Estado tem que se manter dentro do sistema. “Mas como ele fará isso sem efetivo, sem estrutura, até porque a Pamc [Penitenciária Agrícola de Monte Cristo] é uma Penitenciária Agrícola, ou seja, não é um presídio para regime fechado. Diariamente lemos no jornal que foi preso um, dois, três, cinco indivíduos, e isso reflete no aumento populacional dentro do sistema prisional. Hoje, lá dentro tem disciplina, respeito, mas até quando isso ocorrerá?”, questionou.
“O Governo tem que pensar como vai agir após a saída da força tarefa. Sabemos que o Estado está passando por uma situação financeira delicada, então concurso público em um prazo máximo de três meses e mais academia de quatro, seis meses, não tem como acontecer. Como manter sob controle o sistema, vai ser um desafio muito grande, porque vai precisar de efetivo. É tudo questão de planejar ações, que é o que falta para o Governo”, complementou Carla. Ela ressaltou que o estado vai precisar de efetivo, deve parar de não querer reconhecer que em Roraima não há facção criminosa. “Na Pamc, se eu não estou enganada, a maioria dos presos é integrante do PCC [Primeiro Comando da Capital], então deve manter esses indivíduos separados”, alertou.
“Quando não se tem efetivo e não está em situação de fragilidade, significa que está em situação de desvantagem”, disse a especialista em segurança pública, enfatizando que para reduzir a violência em Roraima, o governo precisa ter política de segurança pública a médio e longo prazo. “O gestor precisa saber e entender onde havia falhas e que foram resolvidas com a Força Tarefa. Então precisa planejar como deve manter o controle após a saída deles”. (E.R.)
Dicas de segurança
1 – Ao contratar uma pessoa, seja imigrante ou não, checar as informações (endereço, telefone e último local que tenha trabalhado), comunicar aos amigos e familiares;
2 – Na rua, evitar abrir carteira para dar doações. Caso queira fazê-lo separar um valor com antecedência;
3 – Evitar sacar altas quantias em caixas eletrônicos;
4 – As mulheres devem evitar sair desacompanhadas;
5 – Em caso de assalto, não reagir;
6 – Ao retornar para casa, escolher caminhos alternativos, evitar fazer o mesmo trajeto;
7 – Se algum desconhecido chamar na porta da sua casa, não abra. Esse é o típico conselho de vovó.