A forte estiagem que atinge o Estado já é considerada a pior dos últimos anos e as previsões não são nada animadoras. De acordo com o secretário executivo da Defesa Civil Estadual, coronel Cleudiomar Ferreira, várias localidades já passam a contabilizar problemas, principalmente por conta do aumento no número de incêndios florestais. Já existe localidades sofrendo com a escassez de água.
“É uma situação nunca vista antes. O Estado já vinha enfrentando os efeitos do aumento de temperatura, no entanto, a situação parece estar se agravando ainda mais, neste fim de ano. Então, não há como descartar a possibilidade de uma possível decretação de estado de emergência”, disse.
Segundo ele, o Sul do Estado, principalmente os municípios de Caroebe, São João da Baliza e São Luiz do Anauá, tem sido os mais afetados pelos inúmeros focos de incêndios. Por conta disso, já começam a ter prioridades nos trabalhos desenvolvidos pelo órgão.
“Em São Luiz do Anauá, por exemplo, a localidade não costumava enfrentar tantas ocorrências de incêndios florestais, nem Caroebe. Só na região de Entre Rios, foram detectados vários focos de incêndio e, ontem, houve o primeiro acionamento por meio de solicitação do município. Até então, nós estávamos atendendo apenas aqueles focos que eram detectados no nosso sistema de monitoramento. Ou seja, a gente verificava que havia um ponto onde o foco era mais prolongado e, de imediato, encaminhava uma equipe para averiguar. Agora não. Hoje, são as pessoas que estão acionando a corporação para atender essas ocorrências”, explicou.
Em dois dias, 382 focos de calor foram detectados
Somente nos dias 9 e 10 de dezembro, o Sistema de Monitoramento do Fogo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpa) contabilizou 382 focos de queima no Estado, dos quais 103 deles foram localizados em Rorainópolis, 45 em Caroebe, 39 em Caracaraí, 22 em São Luiz do Anauá e 15 em São João da Baliza.
No mesmo período do ano passado, o sistema detectou apenas 35 focos, sendo 18 em Caracaraí, três em Rorainópolis e um em Caroebe. “Comparando esses dados com o mesmo período do ano anterior, não chegamos nem à metade da quantidade do número de queimas deste ano, e isso é muito preocupante, porque a região Sul não costuma apresentar esse quantitativo tão alarmante”, comentou o secretário executivo da Defesa Civil Estadual, coronel Cleudiomar Ferreira.
PENALIDADES – Fazer queimada sem autorização ou fora do período estipulado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) pode trazer sérios problemas, com penalidades que variam desde o pagamento de multa à autuação criminal.
Segundo Ferreira, já está agendada para o dia 17 uma reunião para definir ações conjuntas de combate a incêndios, além da finalização do calendário de queima autorizada para 2016.
“Nós vamos informar que estamos atendendo a ocorrências de incêndios florestais nessas localidades. E é importante que o órgão ambiental tome a iniciativa de fiscalizar essa situação. Nós estamos, inclusive, visualizando a possibilidade de executar operações conjuntas, que seria enviar nossos técnicos, juntamente com os bombeiros e também com fiscais da Femarh para verificar de onde estão vindo esses incêndios, se são proveniente de derrubadas, ou se fizeram queimadas que acabaram saindo de controle. A gente precisa saber de onde se originou esse incêndio e aplicar o que determina a lei”, destacou.
Municípios já estão sofrendo com desabastecimento de água potável
Além dos problemas causados pelos focos de incêndio, a Defesa Civil Estadual também está preocupada com a escassez de água nos municípios. Segundo Cleudiomar Ferreira, Amajari (Norte) e Cantá (Centro-Leste) já apresentam problemas na oferta de água potável para as famílias, principalmente nas áreas mais afastadas das sedes desses municípios.
“No Cantá, por exemplo, algumas regiões já enfrentam um problema grave de estiagem. Não são todas. Uma equipe nossa voltou ontem com os relatórios e foi detectado que: a região que compreende as vicinais da Confiança, após a vila Félix Pinto e o igarapé Baruana, já estão com problemas, assim também como Amajari. Nesses dois casos, nós já estamos orientando os municípios para que comecem a elaborar as estratégias para ajudar as famílias e que também formalizem as informações para que a Defesa Civil possa ver o que é possível fazer para ajudá-los. A situação ainda não é crítica, mas é preciso agir o quanto antes”, frisou. (M.L)