Cotidiano

Racha no grupo governista ajudou a aumentar eleitorado de ex-vereador

Os mais de 96 mil votos que elegeu Telmário Mota (PDT) chamaram a atenção de cientistas políticos de Roraima, que tentam explicar esse fenômeno. Para Cleber Batalha, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), a explicação pode ser vista em dois pontos: a divisão de votos do grupo governista; e, na reta final, o comentário de que havia um racha no grupo governista, com Chico Rodrigues apoiando Anchieta enquanto que o Romero Jucá apoiava Luciano Castro. 
“No momento em que a chapa oficial do governo lançou dois candidatos ao Senado, isso começou a fragmentar os votos para o Senado. Isso é tão provável que, se somar os votos de Anchieta e Luciano, dará um pouquinho a mais que o total de votos do Telmário”, analisou.  “Quanto ao racha do grupo, se tem fundamento ou não, se espalhou em Boa Vista e muita gente que iria votar em um desses dois candidatos preferiu optar pelo Telmário”.
Além destes dois pontos, Cleber Batalha destacou a campanha diferenciada feita pelo candidato eleito. “Telmário fez uma campanha de corpo a corpo que surtiu efeito nas ruas, com o povo se identificando com ele, por estar em cima de um carro, no sol, suado. Passa a ideia do trabalhador e que quer alcançar aquele objetivo, diferente daquele candidato que  só é visto na televisão, nas mídias e fazendo reuniões noturnas. Isso motivou muito o eleitor”, frisou.      
JARGÃO – Sobre o jargão que foi motivo de muitos compartilhamento e curtidas nas redes sociais, em que Telmário dizia: “Vou deixar bem pianinho”, citando o nome do senador Romero Jucá (PMDB), Cléber Batalha, assim como Paulo Racoski, disse que isso poderia estar ligado a um dos motivos da ascensão de Temário.
“Mas essa estratégia de se lançar como uma opção ao principal senador que temos hoje  o identificou com o eleitor que viu nele um homem de coragem de chegar à televisão e falar nomes. Isso contribuiu para que o desempenho fosse tão bom, como ele teve”, frisou.          PESQUISAS – Quanto ao fato de as pesquisas terem apontado uma segunda colocação, com cinco pontos percentuais a menos que o primeiro colocado e as urnas apontarem uma estrondosa votação, o cientista político disse que fatores assim podem acontecer.
“Vejo isso como normal. As pesquisas são confiáveis e é uma coisa séria. Mas existe um ditado que diz que política é como nuvens no céu: agora está numa posição, mas daqui alguns minutos já mudou. Por mais que se possa aperfeiçoar os mecanismos de pesquisa, sempre vai haver o inesperado, que surpreende. E o que houve com Telmário foi essa surpresa, que não só superou o candidato que era apontado como primeiro, mas botou uma margem muito significativa”, frisou. (R.R)