Cotidiano

Reajuste faz movimento em postos de combustíveis de Boa Vista cair 10%

Queda é atribuída ao reajuste de preço feito pela Petrobras, o que obrigou o roraimense a mudar cotidiano para economizar

O aumento no preço da gasolina e do diesel fez cair em 10% o movimento nos postos de combustíveis da cidade. A queda foi sentida por gerentes e frentistas já na primeira semana após o reajuste, que está valendo em Roraima desde segunda-feira passada, 02. O preço do litro da gasolina subiu 3%, o que representa 22 centavos a mais, e do díesel 5%, 15 centavos de acréscimo.
“Na semana passada tivemos um movimento fraco. Acredito que a queda se deu por conta do aumento no preço da gasolina. O consumidor está buscando alternativas para evitar mais gastos. Tem gente que agora vai ao trabalho de moto. Antes usava o carro”, observou o gerente de um posto de combustível na avenida Ville Roy, no Centro.
É justamente o que está fazendo o servidor público Josué Filho, 31 anos. “Troquei o carro pela moto e estou economizando, só com combustível, cerca de R$50,00 por semana. A gente só sente o peso no bolso quando as contas chegam. Antes gastava mais de R$300,00 de gasolina por mês, mas agora estou reduzindo este consumo quase pela metade”.
O preço do litro da gasolina e do diesel varia muito. Os postos de combustíveis nos bairros mais afastados do Centro vendem mais barato. No Centro, a gasolina comum sai a R$3,39. Nos postos da zona Oeste, o litro sai a R$3,29. O preço do diesel nos bairros custa R$2,86. No Centro, sai a R$2,97.
“O movimento continua caindo. Não sei se é por causa das contas que chegam no começo do ano, mas acredito que até o final deste mês o movimento volte ao normal”, comentou o frentista Jaime de Souza, de 33 anos.
O Governo Federal anunciou em janeiro passado que as refinarias brasileiras sofreriam um aumento nos impostos de R$0,22 para a gasolina e R$0,15 para o diesel. A elevação foi na alíquota do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), além da volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), zerada em 2012 para atenuar o impacto do aumento dos preços cobrados pela Petrobras nos últimos anos.
O ajuste causado pelo Cide vai passar a valer em um prazo de 90 dias, ou seja, a partir de abril. Com esta medida, a expectativa do governo federal é arrecadar R$ 12,18 bilhões em 2015. A medida quer minimizar os prejuízos da Petrobras. (AJ)
Dobra apreensão de gasolina  contrabandeada da Venezuela
O delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, informou que a apreensão de combustível da Venezuela dobrou nos últimos meses. Em dezembro passado, foram apreendidos 1.120 litros. No mês seguinte, com o reajuste da gasolina brasileira, o número de apreensão saltou para 2.291 litros.
A gasolina venezuelana é contrabandeada pelo trecho norte da BR-174. Rubin explicou que, quando o carro e o combustível são apreendidos, é aplicada a pena de perdimento. O carro é leiloado e o combustível doado a órgãos públicos. “Após a apreensão, a polícia abre um inquérito e, ao final, aplica o perdimento do carro e do combustível. O veículo então vai a leilão e o combustível, segundo definições de um regimento interno da Receita, é doado de acordo com a necessidade dos órgãos públicos”, explicou.
Rubin aproveitou para fazer um alerta: quem pratica o crime de contrabando pode pegar de dois a cinco anos de prisão. “Além da cadeia, o contrabandista corre risco de perder a vida transportando ilegalmente grandes quantidades de combustível”, observou. (AJ)
PRF intensifica fiscalização
Para evitar o crime e até explosões com mortes, nas rodovias de Roraima, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está intensificando este mês a fiscalização na barreira com o país vizinho. A PRF também faz blitz móvel, abordando e interceptando carros suspeitos que trafegam no sentido norte da BR-174. Denúncias de contrabando podem ser feitas pelo telefone 191.
Mas, apesar da fiscalização rigorosa no posto de Pacaraima, na fronteira, o contrabando dobrou nos dois últimos meses. E o principal motivo foi o recente reajuste no preço do combustível brasileiro. Na Venezuela, a gasolina é vendida com uma diferença de quase R$3,00 por litro em relação ao preço praticado em Boa Vista. (AJ)
Contrabandista lucra alto com a venda de gasolina
Diariamente, carros brasileiros formam enormes filas nos postos de combustíveis do país vizinho. Abastecer o veículo do lado de lá não é crime, mas o contrabando ocorre quando o combustível atravessa a fronteira para ser revendido em Roraima.
A venda da gasolina não ocorre apenas nos postos venezuelanos, mas em fundos de oficinas e casas na cidade de Santa Elena de Uairén, que faz fronteira com Paracaima, município a 220 quilômetros da Capital pela BR-174, Norte do Estado. A diferença no preço é exorbitante. O litro da gasolina varia de 10 a 20 centavos, dependendo do local de venda e da cotação do Bolívar, moeda venezuelana.
Na América Latina, a Venezuela tem o menor preço do produto. O motivo é que naquele país há uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Enquanto paga-se centavos pela gasolina do lado de lá, o roraimense tem que desembolsar aqui até R$3,40 pelo litro. Por isso, o contrabando vem aumentando.
“Não tenho emprego e tenho mulher e filhos para criar. Vou lá, compro gasolina e revendo aqui. Faço duas viagens por semana e o que ganho dá para sustentar minha família”, justificou um contrabandista, de 47 anos, morador do bairro Caimbé, zona Oeste.
O infrator deu informações à Folha, mas pediu para não ser identificado, nem o local onde vende a gasolina contrabandeada da Venezuela. Ele deu detalhes da sua rotina. “A gente fez duas ou três viagens por semana com um carro com tanque adulterado. Esse carro geralmente é um ‘cajá’ [veículo alienado pelo banco e com mandado de busca e apreensão]. A cada viagem trago 120 litros. Compro lá por menos de R$1,00 e revendo o litro aqui por R$ 2,50”, relatou.
Apesar de saber que é crime o que faz, o contrabandista diz que não vai parar. “Não tenho outro trabalho, nem emprego formal. Está difícil. Por isso tenho que revender gasolina. Não estou roubando, nem matando, nem traficando. O governo deveria legalizar nossa situação. Afinal, são centenas, talvez milhares de pais de família roraimenses nesta situação”, disse.
Mas o delegado da Receita Federal, Omar Rubin, reforça o alerta e avisa: “Quem pratica o crime de contrabando pode pegar de dois a cinco anos de prisão. Além da cadeia, o infrator ainda coloca sua vida e a dos outros em risco, transportando ilegalmente grandes quantidades de combustível”, frisou. (AJ)