Cotidiano

Receita Federal libera carretas nas fronteiras com Venezuela e Guiana

Auditores dizem que adotam desde segunda-feira (3) uma operação para liberar, prioritariamente, para os países vizinhos, cargas perecíveis

A greve nacional dos auditores fiscais completou, nesta sexta-feira (7), cinco dias. Mas em Roraima, após ganhar apoio político do Governo do Estado nas negociações com o Governo Bolsonaro, a Receita Federal intensificou a liberação de carretas que exportam cargas para a Venezuela e a Guiana.

Auditores em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e em Bonfim, divisa com a Guiana, dizem que adotam desde segunda-feira (3) uma operação para liberar, prioritariamente, para os países vizinhos, cargas perecíveis como produtos congelados, medicamentos e alimentos com data próxima do vencimento.

“Hoje estamos liberando cargas paulativamente, primeiro as perecíveis e depois as demais cargas, em meio ao volume de caminhões represados”, explicou o diretor financeiro da Delegacia Sindical de Roraima, Rafael Anselmo Moreira. No entanto, Moreira admite que, caso não haja uma resposta concreta do Governo Federal sobre a reivindicação da classe, os auditores podem voltar a adotar o represamento de todas as cargas.

Segundo o auditor fiscal Aderaldo Eugênio da Silva, inspetor substituto da Receita Federal em Pacaraima, a alfândega do município liberou 72 veículos nessa quinta-feira (6) e a expectativa é pela liberação de mais 70 de uma fila de 250, até o fim desta sexta.

Em Bonfim, o movimento é mais tranquilo, segundo o auditor fiscal Heliomar Rodrigues. “O fluxo Brasil/Guiana é pequeno, por isso no início da mobilização as filas eram bem pequenas, mas começaram a aumentar nos últimos dias. A tendência é aumentar caso esse impasse com o Governo Federal não se resolva logo […]. Todas as cargas são checadas minuciosamente para só então serem liberadas. É isso que tem causado as filas, sobretudo nas fronteiras de maior fluxo”, explicou.

Segundo o presidente Câmara de Comércio Brasil/Venezuela, Eduardo Oestreicher, a continuidade da greve poderia afetar R$ 155,4 milhões em exportações para o país vizinho, só no início deste mês.

No caso da exportação para a Guiana, Oestreicher, que também é vice-presidente da Câmara Brasil/Guiana, disse que o movimento pode impactar na exportação de alimentos embutidos e subprodutos da soja.

A greve nacional é motivada pelo corte de R$ 1,2 bilhão do orçamento da Receita Federal para 2022, e pela falta de reajuste salarial desde 2017 e da regulamentação do bônus de eficiência desde 2016, em meio à atitude do Governo Federal de reajustar salários apenas de carreiras policiais específicas.