A história da obra do abatedouro municipal de Boa Vista para animais de pequeno porte é longa. A construção, iniciada em 2008 nas margens da RR-319, na região do Passarão, Zona Rural de Boa Vista, já foi interrompida e virou alvo de saques. Até então, havia uma nova promessa de reformar a estrutura e finalmente terminar os trabalhos a partir de novembro de 2018, o que também não aconteceu.
Em frente ao abatedouro, uma placa indicando o convênio da Prefeitura de Boa Vista com o governo federal indica o valor total do projeto: R$ 2.037.564,71. A previsão de início era para novembro de 2018 e conclusão em um prazo de 210 dias, por meio da empresa Versátil Construções e Engenharia LTDA.
Logo ao lado, onde está ocorrendo a construção de uma Central Estadual de Abastecimento (Ceasa) pela empresa Versátil, trabalhadores comentaram com a equipe de reportagem que estão designados para dar continuidade à reforma do abatedouro, mas ainda não foram convocados para iniciar o projeto, mesmo que já haja uma instalação provisória para que possam dormir, beber água, comer e fazer necessidades.
Nas instalações, o que mais chama atenção é a destruição causada por vândalos e bandidos, como já foi reportado pela Folha em matéria de 2016. Na época, o valor da obra ainda era de R$ 775 mil, em convênio com a Caixa Econômica. Em 2016, outro convênio foi assinado com o Ministério da Agricultura para finalizar a obra em um valor de R$ 2,9 milhões, que não saiu do papel.
Lâmpadas e boa parte da instalação do teto, composto por PVC, foram removidos e parte da estrutura de metal já está caindo. É possível ver estruturas de mármore, em banheiros, quebradas. Além disso, vidros de janelas estão estilhaçados pelo chão e quase não é mais possível ver portas. Além disso, caixas de energia, fiações elétricas e diversos tubos estão desaparecidos.
Em um local ao lado da estrutura principal do abatedouro, onde galinhas e animais de pequeno porte ficariam antes do abate, parte das telhas foi removida, com algumas quebradas no chão. Em torno de toda a obra, o matagal seco toma conta do espaço.
Em julho de 2017, uma audiência pública foi realizada pelo Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, para debater, entre outras questões, a finalização da obra do matadouro municipal. No evento, o órgão se comprometeu a recomendar a retomada imediata da reforma.
PREFEITURA e MPRR – A Prefeitura de Boa Vista não enviou resposta à reportagem sobre os questionamentos referentes à obra. O Ministério Público informou que vai se pronunciar nesta terça-feira, 15. (P.B)