Cotidiano

Restaurantes registram queda de 50% no movimento em Boa Vista

População tem optado por investir na alimentação em casa, segundo sindicato da categoria

Com a crise econômica instalada em diversos segmentos em todo o País, a população brasileira tem investido em diferentes maneiras para economizar e salvar um dinheiro a mais no final do mês. Uma das ações é deixar de sair para comer fora de casa e preferir fazer compras em supermercados e em atacado, o que tem influenciado severamente no rendimento dos comerciantes que atuam nessa área do mercado.

De acordo com Sindicato do Comércio de Hotéis, Restaurantes e Bares de Roraima, normalmente, durante os meses de fevereiro e março, percebe-se uma queda no movimento dos estabelecimentos, porém, a baixa permaneceu nos meses de abril, maio e junho, fato incomum para os comerciantes. Com essa diminuição no movimento, o sindicato avalia que o impacto foi de 50%, ou seja, metade dos clientes deixou de comparecer aos restaurantes no Estado.

“A crise é a nível nacional, e até acho que demorou a chegar aqui em Roraima, mas chegou, e bem pesado”, avaliou o empresário Emerson Luciano de Oliveira, representante do Sindicato dos Restaurantes de Roraima e dono de uma pizzaria localizada no bairro São Francisco, zona Norte da Capital.

Segundo Oliveira, o problema afetou áreas diversas do comércio, como a venda de veículos e vestuários, portanto, já era de esperar-se que os donos de restaurante e bares sofressem com o problema. O empresário reforçou que a situação frágil da economia é tão visível que a própria população pode observar isso ao tomar novas medidas para fazer o orçamento render ou quando estão passeando pela cidade.

“Acho que todo mundo percebe que a crise está instalada em todos os segmentos, e na gastronomia não é diferente. As pessoas estão deixando de ir para um restaurante, para uma pizzaria. Infelizmente, a pessoa que comia fora duas vezes por semana, está fazendo isso às vezes, uma vez por cada quinzena. Infelizmente é a realidade”, relatou Oliveira.

MEDIDAS ALTERNATIVAS – O corte de 50% no movimento tem afetado tanto os comerciantes que é possível observar grandes franquias de restaurantes e lanchonetes nacionais, que já estavam estabelecidas há anos em Boa Vista, fecharem as portas, observou Emerson Oliveira.

Para tentar fugir dessa estatística, os comerciantes apelaram para preços reduzidos e promoções em um determinado dia da semana para manter a clientela e bancar os curtos de manutenção e pessoal. “Agora é mais comum você ver os restaurantes investindo em divulgação e propaganda direto nos meios de comunicação para atrair o público. As promoções existem para tentar amenizar a crise, trazer o movimento e tentar sair dessa situação”, revelou o empresário.

Uma das medidas aplicadas pelos comerciantes é investir nas datas comemorativas, como o Dia das Mães e dos Namorados, quando normalmente as famílias e os casais costumam preferir bancar um jantar especial.

“Por sorte nós temos essas datas comemorativas. Acredito também que em julho, por conta das férias, o movimento também aumente, mas melhorar de vez, não. Talvez só comece a amenizar a partir do ano que vem. Vamos ter que aguardar e torcer. Talvez ano que vem a gente consiga respirar um pouquinho mais”, acredita.

No entanto, quando as medidas alternativas parecem não funcionar, resta apenas aos empresários fazerem mudanças bruscas para evitar o prejuízo, informou o empresário. Estabelecimentos que atendiam em locais fixos deixaram de servir os clientes em um determinado espaço e preferem investir no disque-entrega, para reduzir o custo com o aluguel de pontos comerciais.

Outra medida, menos favorável, é reduzir o número de pessoas empregadas pelo estabelecimento, diminuindo ao máximo a quantidade de funcionários. Emerson Oliveira percebeu que as demissões em massa têm feito com que as pessoas procurem diariamente por uma oportunidade empregatícia. “Todos os dias, são três ou quatro pessoas querendo deixar o currículo conosco, muitas vezes pessoas de outras nacionalidades, como venezuelanos, cubanos e haitianos”, revelou. “Hoje, um dos meus funcionários é um venezuelano, que tem ensino superior em fotografia, ou seja, as pessoas têm trabalhado fora da sua área de formação para garantir uma vaga e fugir da crise”. (P.C)