Retrospectiva: Confira 19 fatos que marcaram o ano de 2019

Do Aumento de grãos a Mosca da Carambola

Um dos principais destaques do ano na Agricultura foi a sanção da nova Lei das Terras que aumentou o limite máximo para ser titulado de 1,5 mil hectares para 2,5 mil. Outra notícia importante foi o aumento na produção de grãos em Roraima, que chegou a 308 mil toneladas na safra 2018/2019. Mas como a vida não é apenas de notícias boas, durante cinco meses, oito municípios de Roraima ficaram em quarentena por conta do retorno da mosca da carambola para Roraima. O Ministério da Agricultura (Mapa) liberou R$ 1 milhão para reativar as barreiras fitossanitárias, recurso de uma emenda do senador Telmário Mota que estava contingenciada. Apesar disso, alguns dos municípios ainda estão proibidos de exportar até hoje. 

Conflitos na Política: Legislativo x Executivo

Os chefes dos Poderes Executivo e Legislativo passaram por um momento de desentendimento público em 2019, mas ao que parece o ano terminou com uma relação menos conflituosa do que começou. Em outubro, a relação estremecida tornou-se pública após a divulgação de um áudio que supostamente traria parlamentares articulando a saída do presidente da Assembleia Legislativa do cargo.

Dias após a divulgação do áudio, o governador acusou pessoalmente o presidente da ALE-RR de boicotar projetos de lei do Executivo. Em contrapartida, Renier se pronunciou durante sessão ordinária afirmando que Denarium era o autor do boicote à população de Roraima. O desentendimento entre as partes seguiu até a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), quando supostamente os chefes dos poderes haviam “feito as pazes” para entrar em um consenso para aprovação da proposta. 

Concursos Públicos

Já na reta final para o início de 2020, é chegada a hora de lembrar que 2019 foi o ano dos concursos públicos em Roraima. Dois novos concursos públicos foram anunciados pela Prefeitura de Boa Vista, ofertando 520 vagas distribuídas em dois editais que contemplam os cargos de nível médio, técnico e superior. Mas o fim do ano também é marcado pela expectativa do que virá no próximo: a esperança da abertura dos concursos públicos mais aguardados e as inovações que estão por vir em 2020 em Roraima. Ainda estão em estudo os concursos da Sesau, Educação, Polícia Civil, Agente Penitenciário e pedidos, mas ainda não previstos, os concursos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Fisco Estadual, Fisco Municipal e Tribunal de Justiça (TJ/RR). 

Mais empregos em Roraima

Roraima registrou em 2019 saldo positivo na geração de empregos formais no Estado, com criação de novos postos de trabalho com carteira assinada para pessoas que conseguiram alívio financeiro em meio à crise. Cinco dos oito setores foram os que mais se destacaram tendo a construção civil como o principal responsável pelo bom desempenho. Também tiveram desempenho positivo o Comércio, Serviços, Agropecuária e Administração Pública. Além de Boa Vista, Pacaraima aparece como a cidade que mais empregou, com 126 postos de trabalho. A lista é seguida pelo município do Cantá, com 116 empregos, e Rorainópolis, com 110 vagas preenchidas.

Eleições conturbadas na Educação

Três eleições em instituições ligadas à educação foram realizadas em meio a grandes polêmicas. A Universidade Estadual de Roraima (Uerr) teve renúncia da comissão eleitoral, intervenção da Secretária Estadual de Educação e decisão da justiça, até ser confirmada, no fim de novembro, a reeleição do atual reitor da instituição, Regys Freitas, por mais quatro anos de mandato. Em outubro, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) teve sua primeira votação do pleito cancelada por conta de pane no sistema utilizado para a votação. A nova votação ocorreu cinco dias depois da anterior, onde José Geraldo Ticianeli, Jefferson Fernandes e Vânia Lezan foram escolhidos para a lista tríplice da instituição. No início de dezembro, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) também enfrentou polêmicas, já que as eleições para diretor geral foram canceladas, e o novo pleito deve ocorrer em breve.

     

Energia renovável x Linhão

O ano de 2019 foi de boas perspectivas para a energia alternativa e renovável do Estado de Roraima. As empresas vencedoras do leilão anunciaram investimentos de aproximadamente R$ 1,6 bilhão na construção de usinas de fontes térmicas de biomassa, gás natural, biocombustível e de energia solar. Também começou a andar a possível implantação da Usina do Bem Querer, hidrelétrica que demandaria um aporte de R$ 5 bilhões. Mas nem tudo foi positivo no campo da energia. Por conta dos altos valores cobrados na conta de luz e das quedas constantes de energia, a Assembleia criou uma CPI da Energia Elétrica. Hoje, o Estado segue abastecido com termelétricas desde 7 de março, quando houve interrupção no sistema de Guri, vindo da Venezuela. Juntas elas têm consumo diário de aproximadamente um milhão de litros de óleo diesel, e tem quem lucre com isso. Em 2019, entre janeiro e junho, foram arrecadados R$ 528 milhões e 562 mil de ICMS. Enquanto isso, a esperada retomada do Linhão de Tucuruí, ainda não aconteceu.

Atletas de Roraima se destacam no Mundo em 2019

Voltaremos no tempo para lembrar alguns dos assuntos mais importantes do mundo esportivo em Roraima. Em junho, Kaylane Greco entrou para história como a primeira roraimense convocada para a Seleção Brasileira de Natação. A atleta de 17 anos disputou as provas na Copa Pacífico no Peru. 

Ainda na natação, o roraimense Luiz Altamir disputou os Jogos Panamericano de Lima e foi campeão. 

Em setembro e outubro, Evandro e David tornaram-se campeões de Vôlei de Praia na Paraiba e disputaram o Mundial Escolar em San Vito Lo Capo, na Itália, voltando da Europa campeões mundiais. 

Neste ano o Jornal Folha de Boa Vista completou 36 anos. Para celebrar a data, a empresa promoveu a I Corrida Folha de Boa Vista, que contou com participação de colaboradores, amigos e amantes das corridas de rua. O evento reuniu 400 participantes. 

No futebol, o São Raimundo-RR foi campeão estadual no profissional. No voleibol, quatro Seleções de Roraima disputaram a 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro de Seleções. O ano encerra com o campeão olímpico Thiago Maia. O volante de 22 anos pode ser um dos reforços do Flamengo em 2020. 

Explosão em empresa de gás deixa 4 mortos

A morte de quatro pessoas durante três explosões seguidas no dia 15 de outubro, na loja Oxigênio Centro Norte, comoveu a população roraimense. Por medo de novos estouros, lojistas tiveram que fechar as portas e dar fim ao expediente. Moradores próximos saíram de suas casas às pressas, alguns inclusive deixando as portas abertas. A energia elétrica da região também foi suspensa. Partes do corpo de uma das vítimas foram encontradas no quintal de uma residência. A causa apontada pelo Corpo de Bombeiros é de que a explosão ocorreu durante a recarga de um cilindro que continha hidrocarboneto. Em contato com o oxigênio, ocorreu a primeira explosão. As demais foram uma reação em cadeia.

FACÇÕES CRIMINOSAS E OS DECAPITADOS

Em 2019, os casos de crimes praticados por facções criminosas, também fizeram parte da rotina policial. Foram registrados quase 50 casos de homicídios seguidos de decapitações, além de tráfico de drogas e corrupção de menores. Outro fato marcante foi a chegada de uma terceira facção criminosa em Roraima:  o “Sindicato”, grupo criminoso vindo da Venezuela. Os assassinatos bárbaros pularam as barreiras da Capital e avançaram pelos municípios do interior, onde ocorrências também foram registradas.Para tentar combater esse crescimento, a Justiça mandou prender, a pedido da delegacia geral,  18 criminosos nos municípios de Normandia, Alto Alegre e Mucajaí.

A fronteira aberta

A fronteira entre Brasil e Venezuela foi fechada e reaberta em 2019 por determinação do presidente Nicolas Maduro dificultando a comercialização com o país vizinho. A região ficou sob forte tensão e houve conflitos com mortos, durante a tentativa de incursão da ajuda humanitária no país. As ruas de Santa Elena acabaram virando verdadeiros campos de guerra, com pelo menos cinco mortos e vários feridos. Após ser reaberta, o fluxo de imigrantes venezuelanos aumentou para 600 pessoas ao dia  e o estado de calamidade foi geral. Em outubro, uma ação integrada entre as forças de Segurança prendeu quase 30 por crimes de terrorismo, organização e associação criminosa. 

O garimpo sangrento do extremo Norte

Clima de constante tensão marcou o garimpo roraimense. Lideranças Yanomami estiveram no Ministério Público Federal para denunciar a invasão do território e  uma operação de repressão ao garimpo ilegal, feita pelo Exército, resultou na retirada de quase 10 mil pessoas da área. Para chamar a atenção do Governo Federal para a legalização da exploração em terra indígena, garimpeiros chegaram a bloquear dois trechos da BR-174, a principal rodovia de Roraima, em outubro e novembro. A rodovia só foi liberada com a chegada do representante do Ministério de Minas e Energia, comandante Jefferson de Souza Oliveira, que veio ouvir as reivindicações dos garimpeiros. Ainda no final do ano, a fiscalização foi retirada da região e as atividades garimpeiras em terras indígenas voltaram a ser feitas normalmente, com registros de mortes nas áreas mais isoladas.

Manifestações marcaram o ano em Roraima

O ano de 2019 foi o ano de grandes protestos em Roraima, sendo que vários desses manifestos envolveram várias categorias do funcionalismo público estadual, como os enfermeiros, que ainda estão em greve, e a radiologia, agentes sócio educadores e servidores da Aderr, que lutaram por melhores condições de trabalho.

Fora isso, o estado enfrentou a greve do transporte escolar,  que atrasou o ano letivo nessas regiões. Também houve protestos de indígenas contra o fechamento da Sesai. Outros grandes protestos ocorridos não só em Roraima, mas em todo o Brasil, foram aqueles contra o bloqueio de verbas destinados a instituições de ensino federais. Professores, servidores, alunos e populares lotaram o Centro Cívico em três ocasiões.

Já em novembro, a população se dirigiu à sede da Roraima Energia para protestar quanto ao alto preço da conta de luz em Roraima e chegaram a jogar dejetos fecais na empresa que denunciou o vandalismo na polícia.

IMIGRAÇÃO EM MACUNAÍMA

Foto: Priscilla Torres

Os reflexos da imigração, principalmente a venezuelana, continuaram alterando a rotina roraimense em 2019. Porém, alguns fatos ocorridos no Estado sobre a temática ganharam destaque, principalmente a entrada de mais de 220 mil venezuelanos pela fronteira com o Brasil e a vinda de crianças sozinhas. A Folha publicou várias matérias sobre o tema e a ocupação de prédios públicos pelos imigrantes venezuelanos foi um dos destaques.

Outra pauta relacionada à imigração venezuelana foi o vestibular da Universidade Federal de Roraima (UFRR), dedicado aos refugiados, que foi suspenso por decisão judicial. Também houve muitos momentos bastante positivos em relação ao fluxo migratório ocorrido em Roraima neste ano, a exemplo do programa “Brasil do Bem”, coordenado pelo empresário Carlos Wizard, que ajudou vários refugiados a irem para outras regiões do Brasil. O programa deu suporte para cerca de cinco mil venezuelanos.

Investimento e crescimento

Até o mês de dezembro desse ano, 4.871 novas empresas foram abertas no estado, isso incluindo Micro Empreendedores Individuais (MEI) e, segundo a Junta Comercial, nunca houve um crescimento empresarial como este no Estado. O fenômeno se deve ao atual cenário favorável aos negócios, com a implantação das Free Shop, na fronteira, e a chegada de grandes empresas e usinas que prometem gerar milhares de empregos no Estado.

Entre as empresas podemos citar a Eneva, que vai investir R$ 425 milhões, a Uniagro, que terá investimento de R$ 365 milhões, a Enerplan, com investimentos de R$ 70 milhões, e a BFF vai fornecer biocombustível através de plantio de dendê em conjunto com a Usina de Beneficiamento de Palma de Óleo. Serão investidos R$ 635 milhões, além da Palmaplan, que vai gerar investimentos de R$ 175 milhões. 

PF e os Alvos

Este foi o ano com maior número de Operações da Polícia Federal que miravam desvios de recursos públicos, garimpo ilegal, tráfico de drogas e organizações criminosas. 

Operação Godfather – Desviou de mais de R$ 14 milhões na saúde do Estado. 

Operação Assucena – Desvio de R$ 6 milhões em créditos rurais da Caixa. 

Operação K’daaiMaqsin – Fabricação ilegal de armas e munições que abasteceria garimpos, facções criminosas e outras atividades ilegais em Roraima. 

Operação Títeres – Teve como alvo os partidos MDB e PSD em denúncias de possível desvio de recursos públicos e fraude na cota de gênero nas últimas eleições. 

Operação Terminum – Um esquema que fraudava aposentadorias do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi desarticulado por essa operação. 

Operação Hespérides – A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que comercializou 1,2 tonelada de ouro. 

Operação Tântalo – Grupo que atuava desviando verbas públicas em contratos com o Governo do Estado referentes à merenda escolar. 

Operação Florestas de Papel – Contra o desmatamento ilegal na Amazônia. A operação mirou 22 madeireiras que cometeram as irregularidades entre 2014 e 2017, principalmente no Sul de Roraima. 

Avião apreendido – Apreensão de 450 kg de cocaína em um avião monomotor no município de Iracema. O piloto e um ocupante da aeronave foram presos.

Operação Cravada – Desarticular o núcleo financeiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 55 mandados de busca e apreensão e 30 de prisão.

Selvinha Amazônica nas praças

Conhecida por ser uma cidade cheia de praças, Boa Vista ficou mais bonita este ano com a reforma de alguns destes espaços que passaram a contar playground, pergolados coloridos e fonte interativa, onde os pequenos podem se refrescar do calor que faz na capital roraimense. Em várias das praças da cidade, as crianças ganharam brinquedos interativos que fazem parte do projeto “Selvinha Amazônica”. O objetivo é retratar animais típicos da região, para promover noções de preservação do meio ambiente. No Complexo Ayrton Senna existem duas cenas da Selvinha. São esculturas como tucano, tracajá, jandaia sol, papagaio, iguana, onça-pintada, sucuri, jacaré tinga e tamanduá, além de um exemplar gigante de um Jacaré e filhotes,  onça-pintada gigante e uma iguana gigante além de uma cobra sucuri 

Os radares e as multas

Um assunto polêmico bastante repercutido pela Folha foram os radares e a chamada indústria da multa. Mais de 160 mil motoristas roraimenses foram multados segundo dados do Ministério da Infraestrutura. Apesar do número alto, em 2019 houve uma redução de 78% de multas aplicadas. 

Sobre os radares, mesmo com a intenção do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), de acabar com os radares nas rodovias federais, os aparelhos voltaram ao seu funcionamento total no último mês do ano. Os 13 instrumentos fixos instalados ao longo da BR-174, nos trechos norte e sul, estão aplicando multas para os maus condutores. Antes disso, os radares estavam a um ano inativo.

Saúde na UTI

A saúde pública de Roraima ficou na UTI em 2019. Além das greves dos enfermeiros e manifestações, o setor também foi marcado por denúncias de falta de medicamentos e atendimentos precarizados. Uma CPI está investigando algumas dessas denúncias como contratos superfaturados e jornadas de servidores. As cirurgias eletivas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) foram diversas vezes adiadas ou canceladas, e apesar do governo anunciar redução na fila do SUS, ainda não se vê um reflexo no dia a dia do boa-vistense. Os problemas agravados pelo aumento da demanda com a migração venezuelana, como falta de equipamentos, material para cirurgias eletivas e até mesmo de emergência, más condições de trabalho denunciadas por servidores e até falta de medicamentos básicos – como dipirona, luvas e escalpos – foram tema de constantes denúncias aos jornalistas da Folha durante todo o ano. Além disso, a pasta teve vários secretários encerrando o ano com a anunciada saída de Cecília Lorenzom, que ainda não foi publicada no diário oficial.

Segurança insegura

Uma disputa por conta de reajuste salarial entre delegados e agentes de polícia fechou o ano de 2019, da segurança pública. Denúncias e ofensas públicas mostraram a chaga aberta de uma polícia que não consegue passar a sensação de segurança ao cidadão. Por conta disso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou a permanência da Força Nacional de Segurança Pública em apoio aos órgãos de segurança pública no Estado de Roraima. 

Apesar de tudo, o número de homicídios caiu 45% em relação ao mesmo período do ano passado em Roraima. Até o fim de novembro, foram registrados 164 homicídios, contra 302 no mesmo período em 2018. Por outro lado, a vida para as mulheres não tem sido fácil no estado. Mais de 10 mulheres foram assassinadas em 2019 além de ter sido registrado em média 21 estupros por mês.Por conta da falta de segurança pública, o roraimense viu chegar nas ruas os vigilantes das motinhas’, seguranças ilegais que atuam de modo operandi parecido com os dos milicianos no Rio de Janeiro. Para tentar melhorar o setor, a Assembleia aprovou o Fundo Estadual de Segurança Pública (Fesp) em outubro para garantir recursos para o setor.