AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
A população de Roraima, principalmente a da Capital, foi pega de surpresa pelas fortes chuvas que vêm ocorrendo nos últimos dias, o que ocasionou prejuízos por conta dos pontos de alagamento registrados em toda a cidade.
Outra situação também registrada pela Folha foi a cheia do Rio Branco, que chegou a atingir pico de 3,6 metros no nível entre domingo (24) e a tarde dessa terça-feira (26). O volume atual é de 3,46 metros.
É uma diferença bastante considerável com o mesmo período do ano passado, em que foi registrado o baixo nível de apenas 1,12 metros de profundidade. Os dados são da Companhia de Água e Esgoto de Roraima (CAER), disponibilizados no site da estatal.
O diretor de tecnologia e gestão do sistema de água do órgão, Gabriel Mota, esclareceu que o volume atual do rio pode ser considerado normal para a época. “Para gente é excelente, pois significa que teremos mais água e o verão, pelo que tudo indica, será um pouco mais chuvoso”, afirmou.
Sobre as chuvas, o Boletim Hidroclimático da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), apresentado nessa terça-feira (26) no site da instituição, mostra que já choveu 135mm no Estado, sendo que, nos últimos dias, a precipitação atingiu 75mm.
Esse volume ultrapassa não só o índice do ano passado, quando nessa mesma época as chuvas não chegaram a 50 mm, mas também o computado no mês de outubro, que teve apenas oito dias de temporal e chegou à marca de 57,9mm. Nesse mesmo mês, em 2018, houve apenas três dias de temporal, com níveis em 35,4mm.
O estudo também mostra que, de janeiro a novembro, já houve o acumulado de 1.748,2mm de chuva em Boa Vista, um pouco acima da referência histórica da capital, que é de 1.678,6mm.
Meteorologista da Femarh, Ramon Alves explica que a zona de convergência do Atlântico Sul, unida ao calor e à umidade, são fatores importantes para a formação do mau tempo nesse período de verão, que segundo ele, já é de praxe todos os anos.
“Geralmente, esse fenômeno acontece mais para o leste de Roraima e esse volume de água para aquele setor é considerado normal, só que esse ano está acontecendo também mais para o centro-norte, consequentemente atingindo Boa Vista e outros municípios próximos, como o Cantá. Nessa região sim temos algo um pouco acima da referência histórica”, apontou Alves.
O meteorologista também destacou que as chuvas e a temperatura são ligadas e existe uma em função da outra, equilibrando a temperatura da região. “Quando tem tempo claro, a tendência é que o tempo seja mais quente; e quando tem chuva, o clima esfria bastante. Nesse caso, mesmo tendo essas chuvas, que dá uma amenizada, temos observado temperaturas acima dos 30º C”, acrescentou.
CABECEIRAS – O nível do Rio Branco tem influência direta dos rios Uraricoera e Tacutu, já que eles formam o principal caminho fluvial de Roraima. Enquanto o primeiro está atingindo a marca de 8,31m em seu ponto mais profundo, na região da Balsa do Passarão, o segundo encontra-se atualmente no nível de 5,31m. Os dados da Caer são da tarde desta terça-feira (26).
Vale ressaltar que esses ‘caminhos fluviais’ estão localizados nas regiões leste e norte, zonas onde é normal ocorrer essas chuvas durante esse período de verão. O diretor do departamento da Caer realça a importância dessa confluência para os municípios banhados pelo Rio Branco.
“A chuva que cai aqui na Capital pouco influencia no nível do rio. O que se dá importância é quando chove muito nas cabeceiras. Isso foi observado nesses dias na região mais ao norte do Estado, onde até alagou a BR-174, próximo do Urariocoera. Com esse fenômeno, temos mais água disponível aos nossos reservatórios”, indicou Gabriel Mota.
CUIDADOS – Um perigo recorrente durante o temporal e que foi observado nos últimos dias foram os raios, trovões e relâmpagos. Esse fenômeno é mais raro de acontecer durante o último trimestre do ano. O meteorologista da Femarh ressalta que é necessário haver alguns cuidados para evitar acidentes.
“Quando começar uma chuva que tenha raios, é bom evitar essas áreas abertas, tomar banho, usar o celular conectado na tomada, entre outras recomendações”, ponderou Alves.