Após cinco dias funcionando direto, as termelétricas têm estoque suficiente de óleo diesel para dez dias sem interrupções e não há possibilidade de racionamento no Estado. A informação foi confirmada pela Roraima Energia por meio de nota, em que informou que o reabastecimento é feito de forma diária, repondo o combustível consumido no dia anterior.
Diariamente, é consumido um milhão de litros de diesel para atender a demanda em Roraima, contudo, as transportadoras não têm capacidade de colocar essa quantidade de óleo por dia em Boa Vista. Porém, são garantidos entre 600 e 700 mil litros diários antes de começar a “cair”a autonomia das termelétricas.
A Roraima Energia não informou o custo para manter as termelétricas ativas, porém, ao considerar o preço médio atual do combustível de R$ 3,50, o funcionamento equivale a R$ 3,5 milhões gastos diariamente.
Logo após o apagão registrado na Venezuela no dia 7, o governador Antonio Denarium (PSL) reiterou o receio de faltar energia no Estado, caso a situação com o Linhão de Guri não fosse resolvida. Na época, ele apontou que a capacidade das termelétricas era menor que a demanda.
Denarium disse ainda que para evitar um racionamento, o governo solicitou ao Ministério de Minas e Energia a contratação de um volume maior de energia no Estado. Ele ressaltou que a empresa Roraima Energia tem estoque de dez milhões de litros de diesel e que essa quantidade era garantida apenas para oito dias de abastecimento.
O governador garantiu que a concessionária está utilizando a capacidade das usinas em 150 quilowatts, contudo, no período de verão, o consumo chega até 250 quilowatts.
“Por enquanto não tem suficiente, mas a empresa está se adequando para atender Roraima, caso a energia de Guri seja cortada em definitivo”, afirmou em entrevista à Folha no dia 8 deste mês.
ENTENDA – A Venezuela está às escuras desde o dia 7, quando foram feitos os primeiros relatos de apagões em alguns estados. A situação já dura mais de 80 horas e ainda não há explicações sobre os motivos da falta de energia. O governo de Nicolás Maduro afirma se tratar de uma “sabotagem criminosa e brutal” contra a geração elétrica em Guri, no Estado de Bolívar.
Maduro afirmou ainda que o corte no fornecimento de energia foi causado por ataques cibernéticos por parte dos Estados Unidos e que isso impedia as tentativas de restaurar o sistema elétrico. Segundo ele, as autoridades venezuelanas estão fazendo o possível para que a situação seja normalizada.
Já para o autoproclamado presidente venezuelano e líder da oposição, Juan Guaidó, o apagão é resultado da falta de manutenção e corrupção. Através do Twitter, ele rebateu as afirmações de sabotagem e acusou Maduro de “usurpador do povo da Venezuela”.
ISOLADO – Único Estado brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), Roraima depende desde 2001 do fornecimento de energia elétrica da Venezuela, que se encontra em crise política e econômica. A energia gerada no país vizinho, com o uso de hidrelétricas, garante uma energia mais limpa e barata para o território roraimense, entretanto as constantes interrupções de energia fomentam a necessidade da ligação do Linhão de Tucuruí com o Estado do Amazonas, que está com as obras paradas por não ter acordo com os indígenas da reserva Waimiri-Atroari, por onde parte da construção passaria. (A.P.L)