Cotidiano

Roraima está com 27 vagas desocupadas

Números estão concentrados no interior e comunidades indígenas, que possuem a maior quantidade de vagas que não foram preenchidas

A apresentação de médicos com registro profissional no Brasil, inscritos na segunda fase do edital, nos municípios de atuação para o programa Mais Médicos começou nesta segunda-feira, 07. O prazo será mantido até o dia 10 deste mês antes da escolha de profissionais estrangeiros escolherem vagas disponíveis, conforme informou o Ministério da Saúde. Em Roraima, das 72 vagas disponibilizadas para o Estado, 27 delas ainda não haviam sido preenchidas.

Os municípios do interior e os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) estão entre os postos que foram rejeitados pelos profissionais até o momento. Com o calendário que amplia a possibilidade de médicos estrangeiros formados no exterior escolherem as vagas remanescentes, a única opção é esperar para que os serviços de saúde voltem a ter continuidade nas localidades.

De acordo com o coordenador do Mais Médicos em Roraima, Ipojucan Costa, o edital prevê que as atividades devem começar oficialmente para todos os médicos que ainda vão escolher os municípios de atuação até o dia 5 de fevereiro e somente após esse período será possível calcular se houve falta de profissionais para o Estado.

Conforme dados atualizados repassados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), foram 45 vagas preenchidas até esta segunda-feira, 07. O município de Rorainópolis tem o maior número de vagas desocupadas, sendo três delas. Em Caroebe existem duas vagas disponíveis. Alto Alegre, São Luiz e Uiramutã, estão com uma vaga disponível cada localidade.

A equipe de reportagem entrou em contato com as prefeituras de cada município para saber como está sendo feito o atendimento de saúde à população após a retirada de médicos cubanos que atuavam no programa, porém não conseguiu retorno de nenhuma delas até o fechamento da matéria.

PRAZOS – O cronograma definido pelo Ministério da Saúde determina que do dia 23 até 24 de janeiro, médicos brasileiros formados no exterior que não possuem o registro brasileiro podem escolher as vagas disponíveis. Nos dias 30 a 31 do mesmo mês, as vagas serão escolhidas por médicos estrangeiros que também não possuem o CRM.

Nesta segunda etapa, o Ministério calcula 1.707 profissionais que escolherem localidades para atuação das 2.549 vagas disponíveis em 1.197 municípios e 34 Distritos Sanitários. Caso o médico desista de trabalhar no programa, deve informar à gestão municipal que irá comunicar para o Governo Federal. “Após o término do prazo de apresentação, a pasta realizará um novo balanço das vagas. As vagas que não forem ocupadas serão recolocadas no sistema, para que outros profissionais tenham chances de escolhê-las”, apontou o Ministério em publicação.

Atendimento Indígena tem maior número de vagas desocupadas

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, que atua em 326 comunidades indígenas e tem 34 polos de base em 11 municípios roraimenses, está com 10 vagas desocupadas no Programa Mais Médicos. Anteriormente, 13 cubanos prestavam o atendimento médico nas localidades e, desde que foram retirados dos postos de trabalho, a população está sem receber assistência devida.

“Está desassistida. Temos apenas nossa equipe multidisciplinar com enfermeiros e dentistas, sem o profissional médico. Somente três brasileiros se apresentaram com o último edital. Mas mesmo com a quantidade de médicos que era disponível, ainda assim não é o suficiente para atender a demanda do Distrito Leste”, justificou a apoiadora institucional do DSEI Leste, Cristiane Morais.

De acordo com a apoiadora, por atenderem em torno de 50 mil pessoas aldeadas, dentre as etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona e Taurepang, seria necessário, no mínimo, 34 médicos para prestarem o serviço nas localidades. “Com essa mudança, o pouco que tínhamos, perdemos. Acredito que a área indígena seja uma das mais afetadas e de difícil acesso. O papel do médico é de suma importância para a equipe multidisciplinar, mas estamos aguardando que essas vagas sejam preenchidas”, relatou.

Cristiane pontuou que o acesso além das dificuldades geográficas para conseguirem acesso ao sistema de saúde, é importante levar em consideração as questões culturais de cada povo, que podem ter resistência em deixar as comunidades.

“Isso deixa o sistema mais fragilizado porque quando tem um profissional que vai até a comunidade indígena, evita que o paciente seja descolado para a cidade, a não ser que seja um exame com especialista. Mas existe muito medicamento que se trata na própria comunidade e assim desafoga a rede do SUS [Sistema Único de Saúde] na cidade”, explicou.

Atendimento Yanomami tem nove vagas disponíveis

Com nove vagas ainda disponíveis para a segunda fase do edital do Mais Médicos, o DSEI-Y está conseguindo manter os atendimentos da atenção básica graças à técnicos de enfermagem e enfermeiros. Segundo disse o coordenador da instituição, Rosicler Oliveira, cinco médicos foram contratados, porém, o ideal seria um para cada dos 34 polos base.

“De qualquer forma, é feito em tempo real uma verificação via rádio e, se identificar necessidade de remoção, o médico autoriza. Como somos responsáveis pela atenção básica, qualquer complicação temos que remover o paciente de qualquer forma para atendimento na rede do SUS”. A população yanomami chega a 16 mil, que ainda está esperando o encerramento dos prazos definidos pelo Ministério da Saúde, porém, avalia que os serviços mais básicos não estão sendo prejudicados. (A.P.L)