Cotidiano

Roraima já recebeu quase 2 mil pedidos de refúgio em 10 meses

Migração desenfreada de venezuelanos para o Estado cresceu mais de 500% nos últimos dois anos

A migração de venezuelanos que deixam o país que vive crise humanitária e vêm para Roraima fez com que o número de pedidos de refúgios crescesse 543% entre 2014 e 2016. De acordo com a Superintendência da Polícia Federal em Roraima, de janeiro até a primeira quinzena de outubro deste ano foram registrados 1.725 pedidos de refúgio no Estado.

Por dia, de 15 a 20 atendimentos são realizados com os estrangeiros. Cada atendimento dura em torno de 30 a 40 minutos e, na ocasião, é agendado o retorno à entrevista dentro do tempo disponível. Conforme a PF, a maior parte de solicitantes de refúgio é de venezuelanos, seguidos de cubanos e haitianos. Além do refúgio, pessoas também procuram o órgão para solicitar a permissão de entrada no Brasil.

A crise econômica na Venezuela, que tem provocado o êxodo de milhares de venezuelanos para Roraima já é tratada como uma crise humanitária. Cerca de 30 mil venezuelanos já entraram na pequena cidade de Pacaraima, Norte do estado e fronteira com o país vizinho.

Os que não ficam na cidade, descem em direção à Capital Boa Vista. São jovens, adultos e até famílias com crianças, cenas que lembram os refugiados sírios. O fluxo diário de venezuelanos atravessando a fronteira em direção ao município de Pacaraima, ao norte de Roraima, tem causado problemas na região. Desde famílias dormindo em praça pública a ocorrências policiais envolvendo morte e assaltos.

Para ajudar a resolver essa situação, o Exército Brasileiro irá reforçar os cuidados na entrada de venezuelanos no município de Pacaraima. Em contrapartida criou no município o primeiro Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), coordenado pelo Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM).

O Centro, que está localizado no posto de fiscalização da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Norte do Estado, tem por objetivo cadastrar os venezuelanos que adentram o território roraimense pela fronteira daquele município. O cadastramento visa controlar a entrada dos venezuelanos para poder oferecer a orientação necessária.

AÇÕES – Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima e da Defesa Civil, coronel Edvaldo Amaral, o Governo do Estado tem relutado em criar abrigos para os estrangeiros por entender que isso poderia estimular a vinda de mais venezuelanos para o Estado. “Ainda não montamos abrigos, porque temos a preocupação de que isso possa estimular a vinda de mais venezuelanos para o Estado. Por enquanto estamos fazendo o diagnóstico da situação, levantando todas as demandas, orientando os venezuelanos que procurem determinados setores”, disse.

Conforme ele, qualquer tipo de assistência aos estrangeiros deve ser feita de forma conjunta. “Alguns atendimentos pontuais estão sendo feitos, mas o que ocorre é que qualquer tipo de assistência por parte do estado, se não for em conjunto com as autoridades que tenham controle fronteiriço e aumentem esse sistema, fica difícil, porque a demanda se apresenta muito acima da nossa capacidade de atendimento”, afirmou.

O comandante informou que a implantação de abrigos para os venezuelanos depende de parceria com a União. “O nosso objetivo é buscar o diagnóstico da situação e temos várias equipes fazendo as anotações e verificando a demanda de cada um para podermos avançar. Se futuramente houver recomendação por parte do Governo quanto à criação de centros de atendimento ou abrigos, com certeza faremos, mas em parceria com a União”, explicou. (L.G.C)