Cotidiano

Roraima lidera ranking de homicídios de negros no País, com aumento de 48%

No ano de 2014, foram 25,6 negros assassinados para cada 100 mil habitantes, aumentando para 38,1 no ano seguinte

Além de ser o Estado com o maior crescimento percentual de homicídios de mulher do País e de ter aumentado a taxa de homicídios da população em geral em mais de 100%, em apenas 10 anos, Roraima também lidera o ranking de assassinato de negros no país, segundo o Atlas da Violência 2017.

Em 2014, foram 25,6 negros assassinados para cada 100 mil habitantes. Um ano depois, a mesma taxa subiu para 38,1. Um crescimento de 48,9%, maior do que o registrado em qualquer outra unidade da Federação no período. Por outro lado, nos mesmos anos, houve redução de -1,3% nos homicídios de não-negros no Estado.

Os dados foram reunidos pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo a pesquisa, de cada 100 vítimas de homicídio no Brasil, 71 são negras e os assassinatos de jovens e negros do sexo masculino no Brasil equivalem à situação de guerra.

Para a socióloga Geysa Pimentel, o alto índice é reflexo da marginalização da sociedade negra. “Historicamente, os negros estão fora das políticas públicas e vemos que o índice de pobreza e escolaridade é bem mais baixo que o dos brancos, o que caracteriza que o país é racista”, afirmou.

O relatório aponta que o cidadão negro tem 23,5% mais chances de morrer assassinado quando comparado aos cidadãos de outras etnias, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil, entre outros.  Em 2015, último ano do ciclo analisado, foram 59.080 assassinatos, o que representa 28,9 mortos para cada grupo de 100 mil cidadãos.

Segundo Geysa, a sociedade não conseguiu superar as contradições históricas desde a escravidão. “Isso mostra porque os negros estão fora do mercado de trabalho e sem qualificações. Isso não quer dizer que brancos não sejam, mas se for medir na balança o negro é visto como o bandido, o assaltante e é marginalizado totalmente”, criticou.

A única redução envolvendo a taxa de assassinatos de negros em Roraima envolve as mulheres. O Estado está entre as sete unidades da Federação que reduziu os homicídios de mulheres negras. O número baixou de 6,3 assassinatos para cada 100 mil mulheres, em 2005, e para 5,2 em 2015.  A queda foi de -16,6% no período.

“Por mais que não seja bandido, assaltante ou ladrão, o negro é a primeira pessoa que a polícia olha em abordagens. Sofre pela falta de políticas públicas, preconceito e falta de condições que outras pessoas têm para melhor. Temos realmente uma dívida que tão cedo não será cumprida com os negros”, enfatizou a socióloga. (L.G.C)