Dados do Observatório do Trabalho da Secretaria de Políticas Públicas (SPPE), do Ministério do Trabalho, mostraram que, durante todo o ano de 2017, mais de 500 mil trabalhadores cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine) conseguiram emprego, enquanto que em 2016, pouco mais de 400 mil garantiram sua vaga no mercado de trabalho. Em Roraima, no entanto, o aumento não foi sentido.
Em 2016, cerca de 320 pessoas cadastradas no Sine-RR foram inseridas no mercado de trabalho. No entanto, o número caiu para 214 no ano passado. A redução também foi constatada na oferta de vagas e na quantidade de encaminhamentos para entrevistas. Diferente das 933 vagas ofertadas em 2016, apenas 875 foram ofertadas em 2017. Já a quantidade de encaminhamentos para entrevistas foi de 5.530 em 2016, para 4.696 no ano passado.
A psicóloga do Sine, Angélica Duarte, atribui as reduções à falta de qualificação dos candidatos. Além da crise econômica que afetou diversos setores comerciais, ela contou que um dos requisitos fundamentais cobrados pelas empresas é a comprovação de uma experiência no setor desejado. A orientação da psicóloga aos interessados é buscar uma qualificação.
Na própria Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), os candidatos podem ter acesso a cursos gratuitos de qualificação. “As pessoas podem comparecer. Os cursos têm horários variados e contam com a parceria de várias instituições do Sistema S. Faltam mesmo pessoas para se qualificar”, contou. Aos imigrantes, é necessário portar o protocolo da Polícia Federal (PF).
Atualmente, o único aumento sentido pelo Sine-RR está relacionado às empresas ativas no sistema, atribuído ao trabalho de aproximação desenvolvido junto ao setor. Enquanto em 2014, o órgão contava com 338 empresas ativas no sistema, em 2018 já são 1.230 firmas que ofertam vagas em Roraima. Nos dois últimos anos, os setores que mais ofertaram vagas foram da construção civil, serviços e comércio, apesar dos baixos números. (A.G.G)
Dependência ao setor público implica
baixa participação ao setor privado
O economista e professor Dorcílio Erik faz duas análises a respeito dos dados referentes à contratação de pessoas. A primeira, em relação ao aumento nacional, é para ele um sinal de recuperação da economia. Ou seja, o setor privado está acreditando que a economia está melhorando e passa a investir mais na capacidade produtiva, logo, precisa de mão de obra para ocupar os cargos nas empresas e, assim, consolidar um aumento de produção.
Em Roraima, no entanto, ele pontuou existir uma realidade econômica atípica dos demais Estados: a dependência do setor público. Dessa forma, o objetivo maior das pessoas é se tornar servidor público, o que já justifica o menor número de Roraima em relação às contratações. “Quando esse número cai ainda mais, comparado a 2016, isso pode ser atribuído ao cenário de crise e contenção de gastos e despesas públicas”, disse.
Assim como no âmbito nacional, um dos segmentos que mais gera emprego em Roraima é a construção civil. Contudo, com a redução dos investimentos públicos em relação a grandes obras de infraestrutura, Erik informou que houve um número menor de contratação do segmento, o que também justifica a baixa de contratações registradas pelo Sine em 2017, comparado com 2016.
Para o professor, as áreas de livre comércio da capital e do Município de Bonfim, na região Leste, são fortes atrativos para índices positivos ou equilibrados a partir deste ano, tendo em vista que as empresas têm a possibilidade de trabalhar com custos reduzidos, ainda que gerando oportunidade de emprego e renda. “É um cenário econômico diferente, que apresenta sinais de crescimento e que vai ter um reflexo de contratação de carteira assinada”, finalizou. (A.G.G)