Cotidiano

Roraima poderá deixar de ser o menor PIB em alguns anos

Mesmo que Roraima esteja no último lugar entre as unidades da federação quando se trata do Produto Interno Bruto (PIB), o Estado possui grande potencial para deixar este posto nos próximos anos. Segundo o último levantamento feito em 2017 pela Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram gerados R$ 12 bilhões, o que representa 0,2% do PIB do Brasil e 3,3% da Região Norte. Isto aponta que Roraima vem diminuindo a diferença em relação ao Acre (26º) e o Amapá (25º), que apresentaram em 2017 PIB de R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões respectivamente.

Os dados apresentaram em Roraima um crescimento real de 2,4%, enquanto a média nacional era de 1,3%. Entretanto, o crescimento no Estado foi inferior à média da Região Norte, que cresceu 3,8%, graças ao desempenho apresentado por Rondônia (5,4%) e Amazonas (5,2%).

Conforme o levantamento, a “economia do contra-cheque”, gerada pela Administração Pública, continua sendo o principal agregador de valor ao PIB roraimense, com participação de 49,5%. Em seguida, vem o setor de serviços, que representa 36,5%. A agropecuária vem em quarto representando 5,4% e a indústria com 8,6%.

Quando é feita a distribuição entre os 15 municípios, a capital Boa Vista se mostra geradora de 73,9% do montante, seguida por Rorainópolis (4,4%), Caracaraí (2,9%) e Mucajaí (2,5%). Por último está Uiramutã, com a geração de 1,0% do PIB estadual. Confira na tabela.

PIB dos municípios roraimenses e sua participação (R$ milhões) – Fonte: IBGE

O aumento destes números nos próximos anos é um fato que pode ser alcançado, acredita o economista do SEPLAN, Fábio Martinez.

“Nesses últimos três anos, a gente vem diminuindo essa diferença [com Acre e Amapá]. Acredito que nos próximos anos, com esse crescimento acentuado da agropecuária, a administração pública de certa forma voltando aos eixos e o crescimento populacional, provavelmente vamos deixar de ser a menor economia. Seguindo essa tendência, em alguns anos vamos passar o Acre e o Amapá”, destacou o economista.

Martinez disse ainda que não depende só do estado. Se tiver algum crescimento econômico no Acre e Amapá, vamos continuar atrás. Mas acredito, seguindo esse patamar e apesar da crise que a gente teve há dois anos, que vai haver um crescimento em 2018 e 2019 também. Se não ultrapassar, chegará bem próximo da geração de riqueza que esses dois estados criam”, analisou.

Mas estar no último lugar do ranking não significa que Roraima é um dos estados mais pobres do país. Conforme Martinez, o PIB não é o indicativo ideal para isso. Em relação ao PIB per capita, que representa o valor médio de riqueza gerado por habitante durante um ano, a coisa muda. Roraima não só sobe para a segunda posição na Região Norte, como fica na décima segunda posição no país, conforme o levantamento.

“De fato, a gente tem o PIB de R$ 12 bi, mas é interessante fazer uma comparação. Vamos dizer que na minha casa eu moro sozinho e recebo mil reais. Na casa do meu vizinho, ele mora com a esposa, mais dois filhos e recebe R$ 3 mil. Ou seja, eles são mais ricos que eu. Só que se comparar, eu gasto esses mil reais só pra mim, já o meu vizinho, ele vai ter que dividir por quatro. É como se cada um tivesse recebido R$ 650”, explicou.

“Agora, comparando Roraima com a Bahia, que tem o sétimo maior PIB do Brasil, com mais de R$ 269 bilhões e é mais de 20 vezes a riqueza que nosso estado gera. Se pegarmos pela população, Roraima é menor, com uma renda per capita de R$ 23 mil por ano, lá na Bahia é de R$ 17 mil. Ou seja, apesar de sermos bem mais pobres, por assim dizer, percapitamente temos uma riqueza maior que a média na Bahia, que possui um PIB superior. Apesar de termos uma renda pequena, ela é proporcional à nossa população. Não tem como você ter uma geração de riqueza tão acentuada assim, tendo uma população pequena” acrescentou o economista.

PRÓXIMOS DADOS – Os resultados gerados no estado durante 2018 e 2019 serão apresentados respectivamente a partir do segundo semestre de 2020 e 2021, de acordo com Martinez.

“Só trabalhamos quando é divulgado o PIB definitivo do Brasil, que tem uma média do país como um todo. Mas para os estados, precisamos desse dado mais segmentado e para município é mais complicado ainda, porque é uma informação mais detalhada. Por isso, a gente precisa desse período de dois anos para as pesquisas estarem completas e termos uma análise que possamos destrinchar o que é do Brasil e o que é de cada um dos estados e municípios”, destacou.