Cotidiano

Roraima possui 10 cultivares de soja testada pela Embrapa desde 1981

Expectativa é que até 2020 produção de soja em Roraima alcance os 120 mil hectares de área plantada

Com uma área plantada em torno de 25 mil hectares e produção de 72 mil toneladas na última safra, a soja se tornou o principal produto na pauta de exportação, responsável pelo maior crescimento na balança comercial de Roraima nos últimos anos.

Atualmente, 95% da soja plantada no Estado passaram por estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Roraima (Embrapa), que desde 1981 realiza um trabalho de pesquisa com materiais melhorados e incorporação de incrementos tecnológicos para o desenvolvimento da produtividade do grão.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Vicente Gianluppi, os estudos sobre os cultivares da soja motivaram muitos produtores a investirem no cerrado de Roraima. “O interesse nesse cultivo nasceu há mais de 30 anos, quando iniciamos as pesquisas. Nós desenvolvemos, selecionamos e testamos para que tudo isso pudesse ocorrer”, destacou.

O Estado possui atualmente cerca de dez cultivares do grão, que já passaram por testes em área produtoras e campos experimentais. Entre as variedades, destaque para a BRS Tracajá, que representa 60% da área semeada em Roraima, e para a BRS 8381, lançada em 2015 e já com 20% de área cultivada. Outros materiais também recomendados para a região são: BRS 8581, BRS 7980, BRS 8780, BRS 9180 IPRO RR, BRS 9383 IPRO RR, BRS Sambaíba, BRS Raimunda, BRS Candeia.

“Nós temos liberado esses cultivares com um ciclo mais curto para ampliar a janela de plantio, com materiais que produzem acima de três mil toneladas e 85 dias de chuva. Nós detectamos a possibilidade e potencial de grãos no cerrado roraimense, sempre buscamos novas tecnologias e variedades”, ressaltou o pesquisador.

Conforme ele, a expectativa para os próximos anos é tornar o Estado competitivo para alcançar mercados vizinhos. “Hoje estamos batendo recorde de produção, em torno de 1,1 milhão de sacas do grão, mas com o objetivo bem definido para 2020, que é de produzir 120 mil hectares de soja. Com a integração lavoura e pecuária iremos tornar o Estado competitivo para alcançarmos mercados vizinhos, como a Venezuela e o Amazonas”, disse.

De acordo com o pesquisador, a estimativa é que até o ano de 2020 sejam cultivados em torno de cem mil hectares de soja integrados à bovinocultura de corte, com uma repercussão financeira de R$ 500 milhões. “É possível, porque a soja produz uma proteína de alto valor biológico, que irá irrigar a economia do Estado”, afirmou.

Gianluppi salientou que, para alcançar tais números, é necessário desbravar obstáculos. “Temos que ter a nossa regularização fundiária e ambiental, além de disponibilizar o zoneamento aos produtores que permitam ampliar a área adequada para o cultivo na floresta de 20% para 50%. Com isso, será possível atrair mais investidores”, frisou.

PRODUÇÃO – Despontando como um novo polo sojicultor no Norte do Brasil, Roraima possui as condições de solo e clima adequados para o cultivo do grão. O Estado conta atualmente com 25 mil hectares de área plantada e produtividade em torno de 3 mil toneladas por hectare. Uma das vantagens da região é a safra invertida. Em agosto/setembro, quando os sojicultores de outros estados do país estão iniciando a semeadura, os roraimenses já começaram a colheita.